domingo, 13 de maio de 2012

Russ Meyer - Criador do Cinema Trash Erótico




Basicamente, os filmes de Meyer eram histórias eróticas bem humoradas unidas a elementos como violência brutal, assaltos, estupros, assassinatos e muita ação. Aos nossos olhos, tão acostumados com a putaria explícita e a sanguinolência que a evolução dos anos gentilmente nos trouxe, os filmes de Meyer podem parecer um tanto quanto ingênuos. Na época dos lançamentos porém, a história era bem outra.

O cineasta e fotógrafo americano foi pioneiro no que se diz respeito à independência total do cinema: escrevia, filmava, dirigia, editava e financiava seus próprios filmes, nunca tendo pedido favor aos grandes estúdios - a única vez em que isso ocorreu foi um fracasso, em "Beyond the Valley of the dolls" realizado pelos estúdios Fox. O filme foi mutilado na mesa de edição e o resultado final não agradou muita gente. Nem a Russ Meyer que resolveu abandonar a Fox seguir sozinho.

Seu maior tesouro, o filme "Faster Pussycat. Kill! Kill!" de 66 lançou para o estrelato a musa Tura Satana (que, acreditem, atuo
u com Shirley McLaine e Jack Lemmon na clássica comédia de Billy Wilder IRMA LA DOUCE). Na pele de Varla, Tura era uma go go dancer que, em companhia de algumas amigas, barbarizava com seu carro esporte num deserto dos EUA, batendo em todos os caras que encontrava pela frente e exibindo o maior par de peitos que o cinema já havia visto até então. O filme trazia ainda a banda Bostweeds fazendo a música de abertura, que o Cramps regravaria anos mais tarde. Embora rentável na época, "Faster Pussycat. Kill! Kill!" não fez muito sucesso. Acabou virando cult e foi muito exibido em festivais de cinema e art por aí a fora.

Russ Meyer, entretanto, não gostava muito do rótulo indie. Por conta de seu controle criativo, seus filmes nunca caíram em domínio público ou foram exibidos na TV e reprisados nos cinemas sendo considerados verdadeiros tesouros. Por conta disso, o cara fez muito dinheiro com a venda de cópias em VHS pelo correio. Os colecionadores é se encarregaram de não deixar a coisa toda cair no esquecimento e hoje alguns filmes já chegaram a internet.


Mas o melhor momento da sua carreira foi em 1976 quando realizou UP!. O filme, narrado por uma ninfa nua, cria mistério com a morte de um ditador alemão chamado Adolf Schwartz. Na primeira cena, o ditador é torturado sex
ualmente por duas gostosas (uma negra e uma japonesa), uma mascarada sádica e um camponês pirocudo. É inacreditável e engraçadíssimo. O surreal não para por aí. No gênero todo mundo come todo mundo, todas as cenas de sexo são em paisagens bucólicas, florestas e cachoeiras (aumentando o tom do ridículo) e embalados por musiquinhas breguérrimas.

Numa cena, uma gostosa é espancada, estuprada e nua consegue dar um golpe de caratê no seu algoz, quebrando-lhe o pescoço. Ess
a mesma gostosa é estuprada (DE NOVO!) em outra cena. Quando sua amiga resolve salvá-la é golpeada pelo estuprador e. Sim o cara estupra as duas de uma só vez!!! Ta gostando? Então o que pensar quando, de repente, aparece uma serra elétrica no filme? Uma obra-prima do deboche e do mau gosto.

Mas não foi só no cinema que Rus
s foi notado e tido como referência. Seus filmes acabaram por influenciar também o mundo da música. Em 1977, Malcon Maclaren o escalou para dirigir um longa com os Sex Pistols que nunca saiu do papel. Além disso, muitos de seus filmes emprestaram nomes a bandas como o Mudhoney, Vixens e influenciaram outras tantas, como Cramps e o Garbage.

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