quinta-feira, 14 de junho de 2012

Ramones - A história Através das Musicas IV




Go LiL Camaro Go.

Halfway To Sanity foi mais um típico álbum ramone do meio dos anos 80. Lançado em 1987 e ainda com Richie empunhando as baquetas, "Sanity" (assim como os dois álbuns antecessores) não apresentava nenhum cover e tinha a cara do baixista Dee Dee. Foi ele quem escreveu a maioria das faixas, algumas (I Wanna Live e Garden Of Serenity) co-escritas com o produtor Daniel Rey. Rey era guitarrista do Shrapnel, uma pequena banda punk de New Jersey que abriu vários shows dos Ramones. Daniel Rey também trabalhava como produtor e tornou-se amigo de Joey.

A primeira parceria de ambos surgiu no álbum Too Tough To Die. Em Halfway To Sanity os Ramones queriam se auto produzir e chamaram Daniel Rey para comandar a empreitada. O som ficou do jeito que eles queriam. Dee Dee continuou compondo seus hardcores como Lost My Mind e Weasel Face, mas só fez as vozes principais nesta última. Johnny e Dee Dee escreveram Bop 'Til You Drop. Ritchie sempre ativo desta vez veio com duas (I'm Not Jesus e I Know Better Now). Joey continuava contribuindo com poucas, mas boas: A Real Cool Time e Bye Bye Baby, esta última com toques ala Phil Spector foi a música mais longa da banda com 4 minutos e 33 segundos.

Halfway To Sanity trazia uma convidada especial , Deborah Harry do Blondie , que fez deliciosos backing vocals em Go Lil' Camaro Go, mais uma perfeita canção de verão composta por Dee Dee.


I Know Better Know

Richie foi baterista dos Ramones durante 4 anos e meio e fez cerca 400 shows. Tocando inclusive em São Paulo e Rio de Janeiro, quando a banda visitou o Brasil pela primeira vez no começo de 1987. Enquanto ramone, Richie compôs 4 músicas, uma delas chamada Somebody Put Something In My Dream que se tornou uma das mais clássicas do quarteto. Richie também fazia backing vocals em shows e nos álbuns. Muitos dizem que o estilo dele tocar bateria não combinava com o básico 3 acordes da banda. Mesmo assim Ritchie foi importantíssimo para os Ramones, não só por ser um excelente compositor mas também pela sua "pegada diferente" e mais elaborada, e por estar na banda numa da fase turbulenta e pouco amigável.

Richie gravou Halfway To Sanity, mas um pouco antes do lançamento do álbum, deixou a banda sem aviso prévio. Mais desagradável foi a maneira que o baterista deixou a banda. As coisas estavam indo relativamente bem, até que de uma hora para outra Richie terminou com sua antiga namorada, encontrou outra e repentinamente se casou com a nova garota, uma milionária qualquer. Richie achava que os Ramones queriam expulsá-lo da banda, o que não era verdade. A esposa do baterista apareceu na saída de um show dos Ramones em uma Limousine e ela mesma disse para o empresário Monte Melnick que ele estava deixando a banda. Richie entrou na Limousine e nunca mais seria visto por nenhum ramone ou outra pessoa ligada a banda; mesmo tendo sido procurado diversas vezes. O pouco que se soube é que o ex baterista trabalhou de golf caddie em L.A. no começo dos anos 90 e como recepcionista de um hotel em alguma cidade dos Estados Unidos.Richie compôs duas faixas em Halfway To Sanity. O hardcore I'm Not Jesus e I Know Better Now. Esta  última cuja letra fala sobre a amargura de ser forçado a se conformar com as regras paternas. Qualquer semelhança com a maneira que Richie saiu da banda não é mera coincidência. 
I Wanna Live

Ritchie deixou a banda no dia 14 de agosto. 5 shows foram cancelados às pressas. Pressionados por perder um baterista nas vésperas de lançar um novo álbum, em menos de 24 horas a banda chamou Clem Burke, baterista do Blondie e Chequered Past. Clem receberia o nome artístico de Elvis Ramone e fez algumas fotos promocionais para o novo álbum (inclusive uma dessas fotos é uma das mais publicadas em toda história do quarteto) e no dia 28 de agosto fez seu primeiro show com os Ramones.

No dia seguinte Clem Burke faria o segundo e último show como baterista da banda. Os dois shows com Clem foram um desastre; mesmo interessado, o estilo dele tocar bateria não tinha nada a ver com os Ramones. O tempo dobrado nos chimbais era algo totalmente estranho para um Clem Burke acostumado com a batida bem menos rígida do Blondie.

Meio sem acreditar na recuperação do ex-alcoólatra Marky, a banda resolveu marcar um ensaio para ver como o ex-baterista estava: uma música bastou para Johnny e Joey ouvirem como sempre os Ramones deveriam soar. Uma semana após a tentativa com Clem, Marky estava de volta aos Ramones, 5 dias depois (no dia 04 de setembro) ele faria seu retorno e nenhum show teve que ser cancelado.

O retorno triunfal de Marky em 1987 foi marcado por uma agenda cheia de shows pelos Estados Unidos e pela Europa; também pela gravação de uma música nova de Joey chamada Merry Christmas (I Don't Wanna Fight Tonight) que foi lançada na Inglaterra como lado B do single de I Wanna Live; e pela gravação de um show no Ritz que seria usado para o video de I Wanna Live.

Indian Giver 

Em 1987/88 aos poucos a justiça estava sendo feita, e os Ramones estavam sendo reconhecidos como uma banda realmente muito importante. Animal Boy e Halfway To Sanity eram citados como álbuns do ano. Não tocavam nas rádios, não apareciam na mtv mas eram mainstream do mesmo jeito. Músicos de bandas consolidadas ou emergentes citavam os Ramones como maior influência. Dee Dee lançava seu primeiro registro solo "Funky Man", um 12 polegadas no qual mostrava um RAP tosco e inspirado em Run DMC, L.L. Cool J., Beastie Boys e Suicidal Tendencies.

No video de I Wanna Live Joey vestia uma camiseta do grupo punk metal Corrossion Of Conformity. No video de I Wanna Be Sedated (que fizeram para divulgar Ramones Mania) Dee Dee vestia outra do Motorhead. Circulavam livremente e eram respeitados nas cenas do punk rock, hardcore, hard rock, heavy metal e rap. Os Ramones eram uma banda universal e assim fizeram um show para dois mil surfistas de 64 países num campeonato mundial de surf em Porto Rico.

Foi neste clima que em maio de 1988 foi lançado Ramones Mania, uma compilação de 30 músicas englobando todos os 10 álbuns que já tinham gravado. As poucas raridades ou novidades eram Sheena, Howling At The Moon e Needles and Pins em versões singles, uma gravação inédita de Rock and Roll High School e um respeitável cover para uma canção de 1969 de uma banda obscura chamada 1910 Fruitgum Company . Indian Giver, música de 1969 gravada durante as sessões de gravação do álbum Subterranen Jungle em outubro de 1983 e lançada originalmente na coletanea Ramonesmania.

The Crusher

Em março de 1989 foi lançado "Standing In The Spotlight" o disco solo do Dee Dee Ramone. O agora rapper Dee Dee King penteava seus cabelos para trás, usava braceletes, jaqueta sem manga e colares dourados. A sonoridade das músicas era um rap and roll tosco que Dee Dee escreveu enquanto esteve hospitalizado por algumas semanas. Todas as músicas foram co-escritas com Daniel Rey que também produziu o álbum, o qual teve participações de Debby Harry e Chris Stein do Blondie.  Influenciado pelo sex pistol Steve Jones, Dee Dee escreveu letras que mostravam seu lado "machão-durão-freak". No último álbum quando Dee Dee já estava fora da banda, os Ramones resolveram regravar uma das músicas deste trabalho solo do "rapper" Dee Dee King. A escolhida foi THE CRUSHER, a faixa 4 de Adios Amigos.

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