Go LiL Camaro Go.
Halfway To Sanity foi mais um típico
álbum ramone do meio dos anos 80. Lançado em 1987 e ainda com Richie empunhando
as baquetas, "Sanity" (assim como os dois álbuns antecessores) não
apresentava nenhum cover e tinha a cara do baixista Dee Dee. Foi ele quem
escreveu a maioria das faixas, algumas (I Wanna Live e Garden Of Serenity)
co-escritas com o produtor Daniel Rey. Rey era guitarrista do Shrapnel, uma
pequena banda punk de New Jersey que abriu vários shows dos Ramones. Daniel Rey
também trabalhava como produtor e tornou-se amigo de Joey.
A primeira parceria de ambos surgiu no
álbum Too Tough To Die. Em
Halfway To Sanity os Ramones queriam se auto produzir e
chamaram Daniel Rey para comandar a empreitada. O som ficou do jeito que eles
queriam. Dee Dee continuou compondo seus hardcores como Lost My Mind e Weasel
Face, mas só fez as vozes principais nesta última. Johnny e Dee
Dee escreveram Bop 'Til You Drop. Ritchie sempre ativo desta vez veio com duas (I'm Not Jesus e I
Know Better Now). Joey continuava contribuindo com poucas, mas boas: A Real
Cool Time e Bye Bye Baby, esta última com toques ala Phil Spector foi a música
mais longa da banda com 4 minutos e 33 segundos.
Halfway To Sanity
trazia uma convidada especial , Deborah Harry do Blondie , que fez deliciosos backing
vocals em Go Lil' Camaro Go,
mais uma perfeita canção de verão composta por Dee Dee.
I Know Better Know
Richie
foi baterista dos Ramones durante 4 anos e meio e fez cerca 400 shows. Tocando
inclusive em São Paulo
e Rio de Janeiro, quando a banda visitou o Brasil pela primeira vez no começo
de 1987. Enquanto ramone, Richie compôs 4 músicas, uma delas chamada Somebody
Put Something In My Dream que se tornou uma das mais clássicas do quarteto.
Richie também fazia backing vocals em shows e nos álbuns. Muitos dizem que o
estilo dele tocar bateria não combinava com o básico 3 acordes da banda. Mesmo
assim Ritchie foi importantíssimo para os Ramones, não só por ser um excelente
compositor mas também pela sua "pegada diferente" e mais elaborada, e
por estar na banda numa da fase turbulenta e pouco amigável.
Richie gravou Halfway To Sanity, mas um
pouco antes do lançamento do álbum, deixou a banda sem aviso prévio. Mais
desagradável foi a maneira que o baterista deixou a banda. As coisas estavam indo
relativamente bem, até que de uma hora para outra Richie terminou com sua
antiga namorada, encontrou outra e repentinamente se casou com a nova garota,
uma milionária qualquer. Richie achava que os Ramones queriam expulsá-lo da
banda, o que não era verdade. A esposa do baterista apareceu na saída de um
show dos Ramones em uma
Limousine e ela mesma disse para o empresário Monte Melnick
que ele estava deixando a banda. Richie entrou na Limousine e nunca mais seria
visto por nenhum ramone ou outra pessoa ligada a banda; mesmo tendo sido
procurado diversas vezes. O pouco que se soube é que o ex baterista trabalhou
de golf caddie em L.A. no começo dos anos 90 e como recepcionista de um hotel
em alguma cidade dos Estados Unidos.Richie
compôs duas faixas em
Halfway To Sanity. O hardcore I'm Not Jesus e I Know Better
Now. Esta última cuja letra fala sobre a
amargura de ser forçado a se conformar com as regras paternas. Qualquer semelhança
com a maneira que Richie saiu da banda não é mera coincidência.
I Wanna Live
Ritchie deixou a banda no dia 14 de
agosto. 5 shows foram cancelados às pressas. Pressionados por perder um
baterista nas vésperas de lançar um novo álbum, em menos de 24 horas a banda
chamou Clem Burke, baterista do Blondie e Chequered Past. Clem receberia o nome
artístico de Elvis Ramone e fez algumas fotos promocionais para o novo álbum
(inclusive uma dessas fotos é uma das mais publicadas em toda história do
quarteto) e no dia 28 de agosto fez seu primeiro show com os Ramones.
No dia seguinte Clem Burke faria o
segundo e último show como baterista da banda. Os dois shows com Clem foram um
desastre; mesmo interessado, o estilo dele tocar bateria não tinha nada a ver
com os Ramones. O tempo dobrado nos chimbais era algo totalmente estranho para
um Clem Burke acostumado com a batida bem menos rígida do Blondie.
Meio sem acreditar na recuperação do
ex-alcoólatra Marky, a banda resolveu marcar um ensaio para ver como o
ex-baterista estava: uma música bastou para Johnny e Joey ouvirem como sempre
os Ramones deveriam soar. Uma semana após a tentativa com Clem, Marky estava de
volta aos Ramones, 5 dias depois (no dia 04 de setembro) ele faria seu retorno
e nenhum show teve que ser cancelado.
O retorno triunfal de Marky em 1987 foi
marcado por uma agenda cheia de shows pelos Estados Unidos e pela Europa;
também pela gravação de uma música nova de Joey chamada Merry Christmas (I
Don't Wanna Fight Tonight) que foi lançada na Inglaterra como lado B do single
de I Wanna Live; e pela gravação de um show no Ritz que seria usado para o
video de I Wanna Live.
Indian Giver
Em 1987/88 aos poucos a justiça estava sendo feita, e os Ramones estavam sendo reconhecidos como uma banda realmente muito importante. Animal Boy e Halfway To Sanity eram citados como álbuns do ano. Não tocavam nas rádios, não apareciam na mtv mas eram mainstream do mesmo jeito. Músicos de bandas consolidadas ou emergentes citavam os Ramones como maior influência. Dee Dee lançava seu primeiro registro solo "Funky Man", um 12 polegadas no qual mostrava um RAP tosco e inspirado em Run DMC, L.L. Cool J., Beastie Boys e Suicidal Tendencies.
No video de I Wanna Live Joey vestia
uma camiseta do grupo punk metal Corrossion Of Conformity. No video de I Wanna
Be Sedated (que fizeram para divulgar Ramones Mania) Dee Dee vestia outra do
Motorhead. Circulavam livremente e eram respeitados nas cenas do punk rock,
hardcore, hard rock, heavy metal e rap. Os Ramones eram uma banda universal e
assim fizeram um show para dois mil surfistas de 64 países num campeonato
mundial de surf em Porto
Rico.
Foi neste clima que em maio de 1988 foi lançado Ramones Mania, uma compilação de 30 músicas englobando todos os 10 álbuns que já tinham gravado. As poucas raridades ou novidades eram Sheena, Howling At The Moon e Needles and Pins em versões singles, uma gravação inédita de Rock and Roll High School e um respeitável cover para uma canção de 1969 de uma banda obscura chamada 1910 Fruitgum Company . Indian Giver, música de 1969 gravada durante as sessões de gravação do álbum Subterranen Jungle em outubro de 1983 e lançada originalmente na coletanea Ramonesmania.
The Crusher
Em
março de 1989 foi lançado "Standing In The Spotlight" o disco solo do
Dee Dee Ramone. O agora rapper Dee Dee King penteava seus cabelos para trás,
usava braceletes, jaqueta sem manga e colares dourados. A sonoridade das
músicas era um rap and roll tosco que Dee Dee escreveu enquanto esteve
hospitalizado por algumas semanas. Todas as músicas foram co-escritas com
Daniel Rey que também produziu o álbum, o qual teve participações de Debby
Harry e Chris Stein do Blondie.
Influenciado pelo sex pistol Steve Jones, Dee Dee escreveu letras que
mostravam seu lado "machão-durão-freak". No último álbum quando Dee
Dee já estava fora da banda, os Ramones resolveram regravar uma das músicas
deste trabalho solo do "rapper" Dee Dee King. A escolhida foi THE
CRUSHER, a faixa 4 de Adios Amigos.
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