sábado, 31 de dezembro de 2016

Leitoras do Blog


Foxy Lady - Hendrix

Gatinha, gatinha
Você sabe que é uma cativante destruidora de corações
Gatinha yeah
E você sabe que é uma doce amante
Gatinha

Eu estou querendo te levar para casa, yeah
Não te causarei nenhum mal
Você tinha que ser toda minha, toda minha
ohh garota sexy
Gatinha, gatinha

Agora que te vi chegar chamando a atenção
Oh gatinha
Voce me deu vontade de levantar e gritar
Gatinha, oh baby me escute
pus uma coisa na minha cabeça
Estou cansado de perder meu precioso tempo
Você tinha que ser toda minha, toda minha

Ohh, garota sexy
Ohh, garota sexy, yaeh yeah
você é tão bonita, gatinha
Oh yeah gatinha
yeah, nos dê algum tempo gatinha
garota sexy
garota sexy
garota sexy


Eu queria ter as respostas

Eu queria ter as respostas
Para as tuas perguntas
Mas sou uma alma simples
Agindo por puro instinto
Esperando que o vento me leve
Para a direção certa
O final será o mesmo , não se preocupe
A diferença esta na caminhada
Relaxe , tire os sapatos
Sinta a grama , e o orvalho da noite
Dance comigo , menina
As estrelas nunca estiveram tão brilhantes
e o seu beijo nunca foi tão doce

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

VTNC


Venderam o País aos bancos , as hienas de terno e gravata acabam com os direitos trabalhistas e a mídia faz o que bem entende para toda a merda ser digerida entre belos comerciais , parabéns a todos os envolvidos ...é aquela velha história os porcos amam o homem que da ração todos os dias a eles , mas eles não sabem que no futuro , esse mesmo homem vai mata-los.

Somos todos porcos comendo no cocho , e a maioria , a grande maioria morre sem lutar.

Divagações de um eremita

Sentir o mundo , ver toda a minha insignificância perante a mãe natureza , olhar a grandiosa noite caindo sobre a velha cabana , sem palavras para descrever a sensação de ver o luar entre os velhos pinheiros , sentir a brisa da madrugada entrar pelas minhas narinas , e ver a dança dos vagalumes nos arbustos , tenho apenas lenha e um pouco de comida , alguns cigarros e uma garrafa de vinho , mas me sinto um Deus , um Deus selvagem , livre de toda a culpa e disposto a cavalgar até a Aurora boreal , até os confins mais remotos do planeta e da galáxia.

Um liberdade nunca sentida antes , mas ao mesmo tempo uma sensação assustadora de que se morresse na imensidão daquela floresta , apodreceria até ser encontrado por outra pessoa , isolado do mundo não para me esconder , mas para me encontrar . Me encontrar com meus demônios interiores , buscando todas as respostas que somente eu mesmo posso responder.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Ramones e as Jaquetas de Couro


A história das emblemáticas jaquetas de couro usadas pela banda confunde-se com a história de uma das mais tradicionais fabricantes de jaquetas dos EUA, a Schott NYC. Criada em 1913 pelos irmãos Irving e Jack Schott, a companhia era responsável pela fabricação de roupas impermeáveis, resistentes e que tinham uma boa resposta contra intempéries.

Mas foi em 1928 que o mais clássico modelo das jaquetas Schott chegou ao mercado. Alcunhado em homenagem ao charuto preferido de Irving Schott, o modelo chamar-se-ia Perfecto. Em 1940, surge o modelo Perfecto 613, apelidado de “The One Star Jacket”, devido à estrela que trazia nas ombreiras.

O pós-guerra trouxe uma grande mudança no ritmo e estilo de vida do cidadão americano. Os garotos que retornavam do front não queriam mais usar o bom e velho terno engomado. Os cabelos já não se apresentavam tão comportados e as jaquetas entram em cena como símbolo de renovação e rebeldia. “É o visual da garotada americana, que está aí há um bocado de tempo, desde os anos 50”, afirma o baixista CJ Ramone. No início da década de 50, o modelo Perfecto 618 chega ao mercado.

Apesar de fabricarem inúmeros modelos de jaquetas, as Schott Perfecto 613 e 618 marcaram definitivamente. Ambas ficaram amplamente conhecidas através das telas dos cinemas. Marlon Brando, em “The Wild One”, tornou-se um ícone da cultura pop ao encarnar Johnny Strabler. A jaqueta de couro e o quepe de lado tornaram-se marcas registradas do filme. É possível ver a influência do estilo em diversos outros filmes, como em “Grease” e “Cry Baby”. Mesmo naquelas jaquetas que não eram fabricadas pela Schott Bros., notamos a influência do modelo Perfecto.

Em 1976, uma capa de disco trouxe, em definitivo, a jaqueta de couro para o visual rocker. Punk rocker, pra ser mais específico. Os Ramones, fotografados naquela ocasião por Roberta Bailey, chamaram a atenção pelo visual minimalista e uniforme. “Era o meu ‘uniforme’, quando eu era garoto”, relembra CJ. Literalmente: Jeans, tênis surrados e a jaqueta de couro. Tudo bem, sabemos que, na primeira capa, apenas Johnny vestia uma Schott Perfecto. Mas o estilo estava definido. Daí por diante, poderíamos ver os garotos desfilando suas jaquetas em praticamente todas as capas de álbuns em que apareciam. E o “praticamente” não foi usado por acaso, pois, na capa do álbum “End Of The Century”, fotografada por Mick Rock, eles quebraram o protocolo. Pareciam bons meninos, bem diferentes da foto do encarte.

A composição das artes dos álbuns era ajudada pelo estilo rústico das jaquetas. Tal característica fica bastante evidente na contracapa do álbum “Too Tough To Die”. O pano de fundo utilizado, com seu zíper devidamente enquadrado, era uma jaqueta Perfecto. Em “Animal Boy”, na atmosfera de backstage criada para sua contracapa, encontramos nada mais nada menos que a boa e velha jaqueta jogada, compondo o visual. Sem mencionar a arte do CD de “Ramonesmania 2”, lançamento exclusivo do Japão.

A rotina não seria diferente no que diz respeito ao material promocional da banda. As sessões de fotos deveriam ser feitas com o “uniforme” completo. George DuBose, fotógrafo oficial dos Ramones por cerca de 13 anos, teve a oportunidade de registrar e imortalizar o estilo da banda em diversas ocasiões. Até mesmo Clem Burke, o famoso Elvis Ramone, que posou com uma inusitada camisa Coco Chanel, trazia consigo sua Perfecto.

CJ, o último Ramone, teve a responsabilidade de receber não só o baixo de Dee Dee, mas também a jaqueta. “Me deram a jaqueta usada por Dee Dee. Usei durante os sete anos em que estive na banda, exceto por uma vez ou outra, quando usei minha própria”, revela.

Com mais de 100 anos de estrada, a Schott NYC continua fabricando seus modelos clássicos. É possível encontrá-las, em grande quantidade e variedade, no próprio site da Schott, no Ebay (em especial pra quem está à procura de um modelo vintage) ou numa terceira opção chamada Rakuten Global Market. É nessa hora que surgem as dúvidas relacionadas ao design de cada tipo de jaqueta.

É muito importante, especialmente para aquisições de jaquetas novas, que seja fielmente seguida a tabela de medidas fornecidas pelo vendedor. As jaquetas costumam ser bem fiéis ao tamanho indicado. Outra dica importantíssima é saber a origem da jaqueta. Ok, todas são fabricadas nos EUA. Mas nem todas são fabricadas para o público americano. Um exemplo clássico disso é o modelo 613US, fabricado nos EUA, mas vendido, exclusivamente, no mercado Japonês.

Exatamente o que você leu. Não é possível, inclusive para cidadãos americanos, adquirir esse modelo nos EUA, mesmo direto com o fabricante. A diferença básica está na largura das mangas. As jaquetas 613 fabricadas atualmente (para o mercado americano) possuem uma circunferência de manga bem exagerada, diferente das vintage.

Essa tendência pode ser explicada, talvez, pela mudança do perfil corporal do cidadão americano. Resumindo: você fica “bem” na jaqueta, mas seus braços “somem” dentro da jaqueta. Se você não for um bombadinho e nem pensa em viver os próximos anos dentro de uma academia, fuja.

Em contrapartida, o modelo 613US, fabricado exclusivamente para o Japão, possui um design mais justo. Lembram bastante os modelos usados por Johnny e Dee Dee nos anos 70. As mangas são bem mais ajustadas ao braço.

É possível encontrar também a Schott 613US Long Riders, feita para japoneses mais altos que a média do país. A diferença no preço é substancial, normalmente de 50 a 100 dólares.

O mais importante é encontrar o modelo que lhe agrade. Como mencionado anteriormente, as jaquetas modelo Perfecto não são fabricadas exclusivamente pela Schott Bros. Inúmeras outras fabricantes foram “inspiradas” pelo modelo. É possível encontrar boas jaquetas por aí, como as das marcas Wilson’s e Excelled. Entretanto, vale ressaltar que a verdadeira Perfecto é originalmente fabricada pela Schott.


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Alucinação

O mundo real é quase insuportável
Então inventei um mundo próprio
Talvez eu esteja errado
Mas a loucura me faz bem
me deixa feliz , não espero que você me entenda
Apenas me abrace ,
Divida o silêncio olhando juntos
O céu estrelado
Algumas cervejas , acordar tarde
Assistir uns filmes ,
Escutar musica durante o resto do dia
Não me parece nada mal
Essa alucinação , que eu chamo de felicidade

sábado, 5 de novembro de 2016

Nobre Linhagem

Eu venho de uma nobre linhagem
de vagabundos iluminados
Cujos nomes não aparecem nos livros de história
Visionários de calças rasgadas
e jaquetas de couro
Sem talento pra ganhar dinheiro
mas que aproveitaram a vida ao máximo
o amanhã não existe , eu quero tudo agora
viver aos poucos não me interessa
traga umas cervejas , vamos começar a festa
A opinião alheia é apenas merda
na sola do meu allstar
Garota não posso te prometer muito
quase nada , pra ser bem sincero
pegue na minha mão , e deixe se levar
e embarque nos meus sonhos
para nunca mais sair
nunca mais
sair

Irmã Sorte

Irmã sorte venha junto comigo
Porque a garota que ama a solidão
Me deixou na pior
Sem dinheiro no bolso
e meio maço de cigarro 
apenas 
Tudo o que eu preciso é de alguém 
que escute minhas histórias
e depois não as use contra mim
Me ajude a caminhar rumo ao pôr do sol

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Somos todos Trouxas

Simples

No Brasil, pobre paga muito imposto, cobrado de maneira indireta em cada produto que compra. Classe Média paga muito imposto, muito imposto de renda, e ainda se aperta para bancar do bolso seguro saúde e escola particular. Tanto pobres quanto classe média pagam também um mundo de juros, embutidos em tudo que consumimos

E os ricos pagam pouquíssimo imposto. Tanto na pessoa física, como na jurídica. No Brasil os ricos pagam pouquíssimo imposto sobre suas propriedades, suas fazendas, seus investimentos financeiros. Pagam pouquíssimo imposto sobre as heranças que deixam. Muito, mas muito menos que nos outros países.

Viva nós os trouxas , que adoramos e idolatramos de forma ordeira quem nos joga as migalhas

sábado, 8 de outubro de 2016

Totalmente Sem Sentido

A ciência e a razão são um saco , tentam achar lógica em tudo , mas certos sentimentos não tem sentido algum , é particular , único , talvez eu goste de coisas que talvez ninguém consiga entender...mas me fazem sentir bem

beber cerveja no chuveiro
caminhar em dias de chuva ..e eu nunca uso guarda-chuva
fechar os olhos e escutar meus filhos me contarem histórias....posso ficar horas assim
filme de zumbis
ficar olhando a alemoa dormir
ficar imaginando quem vive naquela pequena casa que quase se perde no horizonte 
escutar a gargalhada da minha mãe
lembrar dos assobios do meu pai
olhar o céu a noite na espera de enxergar algum disco voador

Totalmente sem sentido....mas eu gosto

domingo, 2 de outubro de 2016

Divagações eleitorais

A saúde pública faz um seleção natural , os mais fortes sobreviverem e serão uma ótima mão de obra barata , os senhores do engenho garantem um ensino publico de péssima qualidade , não por culpa dos professores ( por culpa do estado e das péssimas condições oferecidas ) , o moedor de carne vomita uma legião de homens e mulheres que acreditam na televisão , nos jornais , nos profetas do oportunismo , dependentes do paternalismo dos senhores do engenho. E você acredita em Justiça?...bah faz tempo que deixei de ser inocente.


domingo, 11 de setembro de 2016

Divagações Românticas

O orvalho escorre na relva e toda a galáxia derrete como se fosse gelatina , a brisa noturna vem me lembrar que talvez não exista saída , o céu sulista é tão lindo...ahhhhhhhhh o céu da tua boca menina , você tem apenas duas mil horas pra parar de me beijar , e me deixar assim...completamente fora de si , apaixonado suicida.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

sábado, 20 de agosto de 2016

Uivo


Surf Rock Coletaneas


Surgido entre o final dos Anos 50 e o Início dos 60  , na califórnia com os pioneiros Duane Eddy , Link Wray, Santo & Johnny , Dick Dale , e claro os Beach Boys , soterrado pelo invasão britânica , o garage rock e punk , o estilo ainda resiste. Abaixo uma penca de coletâneas do estilo ,  aproveitem crianças .

Boss Drag ’64

Burnin’ Rubber

Get a Board!

Everybody’s Goin’ Surfin’

Diggin’ Out!

Lost Legends Of The Surf Guitar Vol.1

Lost Legends Of The Surf Guitar Vol.2

Lost Legends Of The Surf Guitar Vol.3

Lost Legends Of The Surf Guitar Vol.4

Sleazy Surf 1

Sleazy Surf 2

Blunderbuss [Scattershot Sleaze 58-67]

Son Of Blunderbuss [More Scattershot  Sleaze ’58-’67]

Dancehall Stringbusters!

Del-Fi Rarities

Surfin On Wave Nine [1962]

Some Kinda Fun (Songs We Taught The Untamed Youth)

Surf Guitars Rumble Vol.1

Surf Guitars Rumble Vol.2

Surf Guitars Rumble Vol.3

Surf Legends And Rumors 1961-1964

Surfin’ In The Midwest Vol.1

Surfin’ In The Midwest Vol.2

Surfin’ In The Midwest Vol.3

Surfin’ In The Midwest Vol.4

Wail On The Beach

Wax Em Down!

Surfer’s Mood Vol. 1

Surfer’s Mood Vol. 2

Surfer’s Mood Vol. 3

Surfer’s Mood Vol. 4

The Surf Creature Vol. 1

The Surf Creature Vol. 2

The Surf Creature Vol. 3

Strummin’ Mental pt.1

Strummin’ Mental pt.2

Strummin’ Mental pt.3

Scandinavian Instrumental & Beat Vol.1

Instrumental Madness!

New Wave Surf Party

Frantic Early Rock Instrumentals

Elemental Instrumentals!!

That’s Swift

Twist And Frit – Belgian Guitar Groups Of The Sixties

Wolf Call

Infamous Instro-Monsters Vol.1

Infamous Instro-Monsters Vol.2

Infamous Instro-Monsters Vol.3

Guitar Mood 1

Guitar Mood 2

Strictly Instrumental Vol.1

Strictly Instrumental Vol.2

Strictly Instrumental Vol.3

Strictly Instrumental Vol.4

Strictly Instrumental Vol.5

Strictly Instrumental Vol.6

Strictly Instrumental Vol.7

Strictly Instrumental Vol.8

Strictly Instrumental Vol.9

Strictly Instrumental Vol.10

Strictly Instrumental Vol.11

War Of The Surf Guitars! [Surf Revival]

For A Few Guitars More [Surf Revival]


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Yo La Tengo - Discografia Completa


Um Casal Americano  resolve em 1984  fazer um som misturando as influências 60 ‘s ( Mission of Burma , Love , Velvet Underground ) com uma roupagem moderna  , mas bem amadora , caseira até. Sem preocupações com sucesso, sem fazer qualquer tipo de concessão e sempre lançando material desde então , Ira Kaplan (vocal e guitarra) e Georgia Hubley (vocal e bateria) ao longo dessa longa trajetória também bebem na fonte do rock 80’s ( The Cure , Jesus & Mary Chain ) , pulando de uma microfonia infernal para uma pop song quase letárgica que leva nossas mentes para passeios prazerosos. Uma banda que merece o titulo de “A melhor Banda caseira de Pop.“ 

APROVEITE A VIAGEM !!!

1986 - Ride the Tiger
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1989 - President Yo La Tengo - New Wave Hot Dogs
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1990 - Fakebook
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1990 - Here Comes My Baby EP
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1992 - May I Sing With Me
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1993 - Painful
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1995 - Camp Yo La Tengo EP
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1995 - Electr-O-Pura
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1996 - Genius + Love = Yo La Tengo Vol 1
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1997 - I Can Hear the Heart Beating as One
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1998 - Little Honda EP
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2000 - And Then Nothing Turned It Self Inside
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2002 - The Sounds Of The Sounds Of  Silence
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2003 - Today Is The Day EP
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2003 - Summer Sun
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2006 - I Am Not Afraid Of You And I Will Beat Your Ass
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2006 - Is Murdering The Classics
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2008 - They Shoot, We Score
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2009 - Popular Songs
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2010 - WFMU, Hoboken, NJ, US
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2011 - Live Bell House
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2013 – Fade
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2015 - Stuff Like That There
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LIVE COVERS
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Inteligência Superior


terça-feira, 16 de agosto de 2016

Bo Diddley Discografia


(1958) Bo Diddley
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(1959) Go Bo Diddley
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(1959) Have Guitar, Will Travel
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(1960) In The Spotlight
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(1961) Bo Diddley Is A Lover
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(1961) Is A Gunslinger
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(1962) Bo Diddley ’62
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(1962) Bo Diddley & Company
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(1963) Surfin’ With Bo Diddley
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(1963) Bo Diddley’s Beach Party
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(1965) 500% More Man
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(1965) Hey, Good Lookin’
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(1966) The Originator
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(1970) The Black Gladiator
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(1971) Another Dimension
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(1972) Where It All Began
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(1974) Big Bad Bo
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Garage Rock - História e Importância



Pegue uma cabeça adolescente e coloque dentro dela, pela orelha, Rolling Stones, Beatles, Kinks, Animals e Yardbirds. Não esqueça de pôr pitadas de Chuck Berry, Eddie Cochran ou Little Richard. Agora bata tudo no liquidificador cerebral, acrescentando desespero adolescente, namoros de colégio, aflição, vontade de trepar e fúria juvenil. Ofereça ao dono da cabeça uma guitarra elétrica barata, amplificadores de mesmo custo, bateria, baixo e se possível um órgão vagabundo. Sendo essa batida feita nos anos 60 você teria uma típica banda de garagem.

Provavelmente um dos fenômenos mais democráticos do rock e antecedendo em mais de uma década nosso tão querido punk rock de 1977, o garage rock dos anos 60 foi um fenômeno que praticamente ocorreu em todo o mundo. Basta dar uma olhada nas centenas de coletâneas do estilo, que perpassam regiões do globo as mais variadas e inusitadas como África, Oceania, América Latina, Ásia e o Leste Europeu – vivendo ainda num contexto histórico de Guerra Fria (1947-1991). E jamais podemos esquecer a América do Norte, com todo o efeito que a British Invasion causou em seus jovens. 

Quando digo democrático é porque é infindável o número de bandas amadoras, outras nem tanto, que surgiram do período que vai de mais ou menos 1964 a 1968. Quatro anos que viram milhares de bandas pipocarem não só nos EUA, mas no mundo e que as coletâneas de garage são prova disso, sempre resgatando alguma obscuridade de quarenta anos atrás.

Inspirados geralmente em Beatles e Rolling Stones, mas também pela British Invasion linha-dura de Troggs, Yardbirds e Pretty Things, milhões de adolescentes cortaram seus cabelos em forma de tigela (mop top), se armaram de guitarras baratas e se meteram em garagens, sejam elas em Paris, Texas ou São Paulo. Assim, acabaram criando, com seus escassos recursos, pérolas de um rock adolescente, simples, cru, urgente e apaixonante, que só os anos 60 poderiam ser os provedores. 

Querendo soar como seus ídolos ingleses, mas sem a "técnica musical" necessária, deram origem a uma mutação punk da Invasão Britânica. Talvez por serem jovens demais não entenderam que os ingleses estavam apenas devolvendo à juventude norte-americana e mundial o Rhythm & Blues negro dos anos 40 e 50, só que digerido pelo suco gástrico britânico. 

A banda suburbana de Chicago, The Shadows of Knight, talvez seja uma das poucas que entenderam isso e ilustram melhor essa estranha dialética do “toma lá, dá cá” do rock and roll. Numa antiga entrevista à Hit Parader, os Shadows diziam que os Stones, Animals e Yardbirds pegaram o blues elétrico de Chicago e lhe deram uma interpretação inglesa. Por sua vez os Shadows pegaram a versão inglesa do blues de sua terra natal e acrescentaram a ele mais um toque de Chicago. No final das contas o que poderia resultar numa fotocópia ruim, acabou soando original, com o Shadows of Knight nos mostrando sua interpretação punk da Invasão Britânica e do blues elétrico, criando um amálgama sonoro afro-americano-anglo-saxão.

A Primeira Era Punk

“O punk começou nos anos sessenta com bandas de garagem como The Seeds e Question Mark & The Mysterians. Punk é apenas o bom rock and roll básico, com riffs bem bons.” Nancy Spugen, Mate-me Por Favor

 Muitas pessoas tendem a achar que o boom do punk entre 1976-1977 foi algo de extremamente novo no universo do rock, o que geralmente é reforçado pelas revistas de música. O resultado é que acabam se espantando ou acham que é forçar a barra chamar de punk o rock feito pelas bandas de garagem dos anos 60 como The Sonics, Los Saicos, The Seeds, entre outras.

Mas voltando um pouco na história se percebe que o adjetivo/termo punk foi usado no meio musical primeiramente não para se referir as bandas de 1977, mas sim para rotular a sonoridade das bandas de garagem dos anos 60. Lenny Keye, o idealizador das coletâneas Nuggets e posteriormente guitarrista do Patti Smith Group, já em 1972 assim se referia a produção jovem e garageira dos anos 60. 

Em 1976-77 o termo foi mais resgatado do que criado, mas acabou por se reconfigurar no contexto do rock do final dos anos 70 e se multifacetar pela moda, artes gráficas e outras expressões artísticas para além da música. 

Parte do desconhecimento da epidemia garageria mundial, entendida por muitos críticos como a Primeira Era Punk ocorrida nos anos 60, se deve ao fato do estilo ser negligenciado em diversas “Histórias do Rock”, como bem nos lembra Roy Shuker em seu livro Vocabulário de Música Pop. 

O garage foi um estilo construído nos anos 60 por bandas, selos e cenários regionais como o texano ou o californiano nos EUA e por milhões de compactos de 45 rpm. Em geral, foram poucos os grupos que conseguiram lançar um Lp completo. Talvez essa falta de glamour cinematográfico possa ser outra explicação do pouco reconhecimento do gênero. 


1967-1968: Sai o Raw Power entra o Flower Power

Entre 1967-1968 o fenômeno das bandas de garagem começa a entrar em recessão nos EUA. Roy Shuker cita como causas deste declínio o recrutamento para a Guerra do Vietnã (1959-1975), a necessidade de frequentar a universidade e a falta de sucesso comercial das bandas. Era a adolescência chegando ao fim e as obrigações da vida adulta começando a surgir. Eram os amigos de colégio que teriam que acabar a banda porque cada um ia para uma universidade diferente ou para a guerra.

Tim Warren da Crypt Records, o homem por trás das lendárias compilações Back From The Grave, chega a afirmar, em tom de polêmica, que 1968 foi um ano morto para o rock and roll. Warren privilegiou nos 12 volumes em Lp de sua compilação somente o garage mais cru e selvagem dos anos 60. Ele encara a ascensão da psicodelia como o fim do garage e até do rock and roll em geral. De fato, as bandas que vinham de um passado garageiro, como o Eletric Prunes, que continuaram pós-1967, tenderam para a sonoridade mais climática e viajadona da psicodelia, que em 1968 já reinava soberana. Saia o Raw Power e entrava em cena o Flower Power.

Psychedelic era a nova palavra e a novidade daquele final de década, era para onde os olhos, ouvidos e mentes estavam direcionados. Por aqui, Mutantes e Caetano cantando Alegria, Alegria e a tropicália mostrando a cara. Na Costa Oeste americana, os hippies surgiam em cada esquina com seu flower power e demais parafernálias filosóficas que iam desde o desbunde total e a volta do On The Road beatnick, passando pela abertura das portas da percepção, até chegar na Nova Era e nos gurus indianos.

Talvez, fazer um som cru e urgente naquele período no qual os Beatles lançavam ao mundo seu Sgt Pepper’s e o experimentalismo fazia sucesso, poderia soar datado. A opinião de Warren pode ser mais bem compreendida em temos de consequências, ou alguém duvida que o desenvolvimento da psicodelia tenha desaguado em coisas “semi-barrocas” como o rock progressivo? 

Contudo, para os punks de plantão, nem tudo estava perdido. Lá no final do túnel, em 1969, ainda teríamos os Stooges e o MC5 chutando tudo. Sem esquecer do Flamin’ Groovis, isolados com seu rock and roll básico naquele mar de flores hippies que era San Francisco na época. 

Os anos 70 estavam chegando e com ele várias surpresas para o rock and roll: Glam rock, New York Dolls, Dictators, Ramones, Richard Hell e a blank generation.

1977: o retorno do Raw Power e a herança garageira

Timothy Gassen em seu livro The Knights of Fuzz afirma que a explosão do punk em 1976-77 provocou um renovado interesse pelas bandas de garagem dos anos 60, com as quais as bandas de 77 compartilhavam atitude espontânea e sonoridade crua. A similaridade entre os dois estilos era tamanha que apesar de existirem em contextos e épocas diferentes, ambos levaram a mesma alcunha, ou seja, punk!

Os punks de 1977 e também os que viriam depois deles, acabaram sempre voltando às garagens dos anos 60 e homenageando seus predecessores. Isso fica claro nos covers e versões: os Sex Pistols tocando No Fun dos Stooges, o Buzzcocks com I Cant’ Control Myself do Troggs e o The Clash, em seu primeiro Lp, cantando I Fought The Law do Bob Fuller Four. 

Na década de 80, o Black Flag vem com Louie Louie, um R&B negro popularizado nos anos 60 pelo grupo de frat rock The Kingsmem e o Minor Threat de Washington regrava Sometimes Good Guys Dont’ Wear White, original do Standells, atualizando o clássico Nuggets para a era hardcore. Nos anos 90, os Ramones vem com todo um álbum, o Acid Eaters, dedicado aos anos 60, resgatando muitos de seus heróis garageiros como Seeds, Love, Amboy Dukes e Troggs.

Para não dizer que estou falando apenas de gente velha, tocando música de gente mais velha ainda, a recente banda canadense de hardcore Career Suicide afirmou, em entrevista, serem sido muito mais influenciados por coletâneas garage como Nuggets ou Pebbles, do que pelas clássicas compilações hardcore como American Youth Report ou Flex Your Head.

De Volta ao Passado: o “revival” garage nos anos 80

Esse interesse pelo garage rock ganharia corpo de forma material no começo dos anos 80 nos EUA. A América do Norte estava experimentando naquele período não só o surgimento do hardcore, como também uma retomada com muita força do estilo garage. Tudo isso consequência direta do que ocorreu em 77.

Nesse período temos o surgimento de uma nova juventude garageira, obcecada não só pelo som das garage bands dos anos 60, mas também pelas roupas, cabelos e instrumentos. O pacote completo. Foi o início de uma cena que reviveu todos os maneirismos do garage rock e que contava com gente como Chesterfild Kings, Miracle Workers, Crawdaddys, Cynics, Fuzztones, The Guesomes, Gravedigger V e Lyres. 

Vale ressaltar o papel preponderante que as compilações como Nuggets e Pebbles exerceram, pois foi a partir delas que muitos moleques passaram a ouvir Music Machine, The Seeds, The Sonics e demais barulheiras sixties.

Parte desse cenário está documentado na compilação Battle of The Garages. Greg Shawn da Bomp Records e Bomp Magazine foi esperto o bastante para perceber esse novo cenário que emergia e o registrou nessa compilação, além de realizar duas turnês nacionais com as bandas. A coletânea saiu pela subsidiária da Bomp, a Voxx Records que tinha como missão dar conta desse retorno das guitarras fuzz, dos cabelos mop top e dos terninhos, lançando discos das bandas da nova safra garageira como Pandoras e Barracudas. 

A Europa, de forma mais amena, também experimentou a volta das sonoridades sixties nos anos 80. Esse retorno está registrado na compilação A Splash of Colour, de tendência mais psicodélica do que garage, lançada em 1981 e que trazia nomes como The Doctor, The Times e Mood Six. 


Esse “revival” experimentado nos 80 se prolongou por toda a década de 90 com The Mummies, os Headcoats e as Headcotees, Oblivians, Gories, chegando até o século XXI com Black Lips, as bandas do prolífico Billy Childish, Fuzzztones (ainda hoje na ativa), entre outros novos nomes. É nessas horas que a palavra revival não faz sentido, visto que o estilo nunca esteve totalmente enterrado e sempre serviu de inspiração, seja de forma indireta como foi em 77, seja diretamente como foi nos anos 80. E mesmo passados mais de quarenta anos, ainda é reivindicado por vários grupos.

O garage “vai passando muito bem obrigado”, como um gênero que nunca precisou de apelo comercial e que sempre contou com a participação ativa de seus amantes, aficionadas e colecionadores. Ele ainda está aqui com nós, seja nas publicações como Ugly Things, Lost in Time ou Sótano Beat; nos selos Groovie Records de Portugal, Munster na Espanha, No Fun da Argentina ou Estrus e Crypt nos EUA. Em bandas como Os Haxixins aqui no Brasil ou Los Peyotes ali no Peru. E em festivais como o Cavestomp! em Nova Iorque ou o Teenage Attack Festival em Pisticci, Itália.

O garage faz parte do mesmo vírus punk que vem alimentando o rock and roll através de décadas, nunca o deixando esquecer do espírito jovem e inconsequente, da crueza e dos três acordes. No final das contas, enquanto houver um adolescente (com todos os benefícios e males que este período da vida traz) com uma guitarra na mão e amigos numa banda, o que você chama de garage ou punk nunca estará enterrado e o rock and roll estará vivo, divertindo e incomodando as futuras gerações.

R&B Hipshakers Vol.1 - Vol. 3


Soul music anos 60 ..altamente recomendável para escutar a dois

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Leitoras do Blog


The Jerk Boom! Bam! Vol.1 - Vol.8


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segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Revanche

Esse Blog foi criado para eu colocar as minhas loucuras , os meus textos sem revisão , as minhas teorias de boteco , as minhas taras e fetiches. Decidi colocar discografias como uma forma de compartilhar com o pessoal que perde seu tempo por aqui lendo meus posts um pouco do meu gosto musical , o 4shared apagou toda a minha conta - A primeira coisa que vem a cabeça é chutar o balde e desistir de tudo , afinal a porra do sistema sempre vence. Mas decidi ser a ferrugem indesejada nas engrenagens do sistema ( bem coisa de Punk utópico ) e vou aos poucos reupando tudo....tudo mesmo , mas antes vou despejar um porrada de material até então inédito por aqui , como uma forma de revanche. 

domingo, 14 de agosto de 2016

Barulho - Uma Viagem Pelo Underground Do Rock Americano


Em 1992, em plena explosão do som Grunge de Seattle  e do Rock chamado alternativo, o jornalista André Barcinski  lançou esse livro apropriadamente chamado de 'Barulho'. O autor percorreu o Underground do Rock pesado, além de revisitar e entrevistar os pais do Punk: Joey Ramone , The Cramps e  Jello Biafra. Traça também o mapa das bandas  da então efervescente cena de Seattle: Nirvana,(recém estourado com Nevermind), Mudhoney e outros. Isso tudo em mais de 100 fotos exclusivas. Um prato cheio para os Fãs do Rock  da Década de 90!

sábado, 13 de agosto de 2016

Conta do Blog no 4Shared deletada

Gurizada , infelizmente minha conta foi deletada no 4shared. Desânimo total , não sei se voltarei a postar..que merda. Na grande maioria arquivos de bandas undergrounds ....fazer o que? O sistema sempre vence no final.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Canções Imaginárias

Tocando meu violão sem cordas
Cantando canções imaginarias
Que estavam espalhadas no chão da sala
Estou deitado bêbado na cama
Com todas as luzes apagadas
Confortavelmente vivendo a minha loucura
Eu não preciso de muito
Para estar a milhares de quilômetros de altura
Sinto o cheiro da relva fresca
Molhada pelo orvalho da noite
Invadindo minhas narinas
Chicoteando, como um açoite
Então menina desenhada na parede
Dance lentamente
Machuque o quanto puder
As minhas retinas
Bem doce , me faça dormir

Afinal qual o sentido desse jogo?

Ela chegou no Topo
E por mais estúpido que pareça
Nunca esteve tão sozinha
tudo passou tão rápido
Vidas, sentimentos ...
Afinal qual o sentido desse jogo?
Todo o dinheiro do mundo
Não preenche o buraco na alma
Porque a solidão sempre espera
Quando acabar a festa
Até quando ?
Afinal qual o sentido desse jogo?

domingo, 31 de julho de 2016

RIOT GRRRL MANIFESTO




Texto: Kathleen Hanna
Tradução: Carla Duarte

Manifesto Riot Grrrl

PORQUE nós garotas desejamos fazer discos e livros e fanzines que falem a NÓS e que NÓS nos sentimos incluídas e possamos entender isso de nossas próprias maneiras.

PORQUE nós queremos facilitar para garotas verem/ouvir o trabalho uma das outras, para que a gente possa compartilhar estratégias e criticar-aplaudir umas às outras.

PORQUE nós devemos assumir os meios de produção parar criarmos nosso barulho.

PORQUE vendo nosso trabalho como sendo conectado com as vidas reais e as políticas das nossas amigas é essencial que entendamos estamos impactando, refletindo, perpetuando ou ROMPENDO com o status quo.

PORQUE nós reconhecemos fantasias da Revolução de Machos Armados como mentiras impraticáveis para apenas nos manter sonhando, ao invés de nos tornarmos nossos sonhos E ASSIM procurar criar uma revolução em nossas próprias vidas, todos os dias, ao visualizar e criar alternativas a merda do caminho cristão capitalista de fazer coisas.

PORQUE nós queremos e precisamos encorajar e sermos encorajadas em face de todas as nossas inseguranças, em face do macho-roqueiro-cerveja que nos diz que nós não podemos tocar nossos instrumentos, em face das "autoridades" que dizem que nossas bandas/zines/etc são as piores nos Estados Unidos e 

PORQUE nós não queremos assimilar o padrão de outra pessoa (garotos) de o que é e o que não é. 

PORQUE nós estamos sem vontade de hesitar diante as alegações que nós somos reacionárias "sexismo reverso" e não AS GUERREIRAS COM ALMA PUNK ROCK QUE NÓS SABEMOS que nós somos de verdade .

PORQUE nós sabemos que a vida é muito mais do que sobrevivência física e nós estamos muito cientes que a ideia do punk rock "você pode fazer o que quiser" é crucial para a chegada da revolução de garotas que nós buscamos para salvar a vida psíquica e cultural de garotas e mulheres de todos os lugares, de acordo com os termos delas, não os nossos.

PORQUE nós estamos interessadas em criar formas não hierárquicas de ser E fazer música, amigos e comunidades baseadas em comunicação + entendimento, ao invés de competição + bom/ruim categorizações. 

PORQUE fazendo/lendo/vendo/ouvindo coisas legais que validam e nos desafiam podem nos ajudar a ganhar força e senso de comunidade que nós precisamos, para entender como merdas como racismo, capacitismo*, etarismo, especismo, classicismo, padrões de beleza*, sexismo, anti-semitismo e heterosexismo funcionam em nossas vidas.  


PORQUE nós vemos apoio a comunidade de garotas e garotas que são artistas de todos os tipos integralmente a esse processo. 


PORQUE nós odiamos o capitalismo de todas as formas e temos como nosso principal objetivo compartilhar informações e nos mantermos vivas, ao invés de dar lucros sendo legal de acordo com os padrões convencionais. 

PORQUE nós estamos com raiva da sociedade que nos diz que Garotas = Idiotas, Garotas = ruim, Garotas = fracas. 

PORQUE nós não estamos dispostas a permitir que nossa raiva real e válida seja espalhada e/ou jogada contra nós via sexismo internalizado, como nós temos visto no ciúme entre garotas e comportamentos auto-destrutivos.

PORQUE eu acredito com todomeucoraçãocabeçacorpo que garotas constituem uma força revolucionário que podem, e irão, mudar o mundo de verdade.

*Nota da tradutora - nesse ponto do manifesto, Hanna fala sobre a importância de se entender como diversos preconceitos operam em nós mesmas. Alguns termos não traduzi ao pé da letra, porque acredito que eles poderiam ser interpretados de maneira controversa. 
O texto original diz: BECAUSE doing/reading/seeing/hearing cool things that validate and challenge us can help us gain the strength and sense of community that we need in order to figure out how bullshit like racism, able-bodieism*, ageism, speciesism, classism, thinism*, sexism, anti-semitism and heterosexism figures in our own lives.

"Able-bodieism" significa discriminação contra pessoas que tem uma doença física ou mental. Segundo o American Heritage Dictionary, o termo significa, "discrimination, prejudice against or disregard for people with disabilities, especially physical disabilities.” Ao pé da letra, able-bodieism, também chamado de ableism, pode ser entendido "corpo capaz" ou "capacidades corpóreas", o que não faz muito sentido para nós, não é mesmo? O Questões Plurais traduz o termo como "capacitismo", e por ser melhor do que a tradução literal, foi o termo que escolhamos utilizar nesta tradução. 

"Thinism", é uma referência a "thin", que significa magro. Ser magro não é, essencialmente, uma coisa ruim. Ruim é quando uma parte da sociedade torna esta característica uma regra que deve ser perseguida por todxs, a despeito de qualquer coisa. Talvez essa expressão tenha outro significado em inglês, e eu não sei. Mas, para evitar qualquer interpretação errada, escolhi na tradução utilizar o termo "padrões de beleza", que apesar de ser mais genérico não leva ao erro.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Literatura Rock and Roll


http://arouseyourpassion.blogspot.com.br/

Biografias , livros , matérias , encartes , uma gama enorme de literatura Rock And Roll , tudo em inglês e tudo disponível pra baixar...aproveite

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Eu Perdi O Último Trem de Volta pra Casa

Feito uma folha de jornal velho
levada pelo vento da madrugada
eu perdi o último trem de volta pra casa
esqueci de jogar migalhas
Para marcar o caminho de volta
Entrei em outras portas
Esqueci meu nome
Bebi toda a solidão no gargalo
e fingi aquecer a dor
Garotas fosforescentes
Sem chances de salvação
Me levaram para passear
Dentro do disco voador
Descobri outras galaxias
estrelas e sistemas solares

terça-feira, 12 de julho de 2016

Leitoras do Blog


Discografias de Bandas Punk Britânicas


http://britishpunx.blogspot.com.br/

Discografias completas de bandas Punk britânicas , aproveitem  antes que acabe

Relicário Do Rock Gaúcho - 3 Anos de Facebook


Abaixo o texto do grande Reinaldo Portanova , participo da equipe com orgulho apesar de não ajudar muito , um sonho que aos poucos vai se tornando realidade , visitem o Relicário e prestigiem essa gurizada medonha.


GRANDES PODERES, GRANDES RESPONSABILIDADES

Cerca de 3 anos atrás, precisamente dia 10/0/82013, eu e o Samarone criamos uma fanpage aqui no facebook, chamada Relicário do Rock Gaúcho. Sem grandes pretensões, queríamos divulgar o rock de origem gaúcha. Mesmo com as críticas, do tipo 'rock gaúcho não existe', continuamos o trabalho. Logo entrou pra equipe o Darlan, o Daniel e o Jack (nosso amigo do fundão da sala de aula).

Passados estes anos, a página tem um alcance que nos surpreende a cada postagem, atingindo bem mais de mil pessoas (visualizações em várias postagens). O que sabemos é o que os gráficos do facebook mostra.

De minha parte, aprendi utilizar diversos recursos técnicos e tenho criado clipes musicais ou remasterizado outros. O resultado é positivo. O que falta é tempo pra gerar mais conteúdo, ainda assim, todos nós (equipe do Relicário) nos empenhamos na busca destes dados.

Então, dia 10 de agosto próximo, a page faz aniversário e já estamos pensando em formas de leva-la para um palco. Isso ainda está germinando, mas certamente vai acontecer.Tudo isso é fruto de um trabalho e dedicação (sobretudo, reunir material ou fazer pesquisas) que dá satisfação de publicar cada vez mais. E está acontecendo.

A Pagina do Relicário está se tornando uma baita referência, mas absolutamente nada disso aconteceria sem a Equipe e menos ainda com a audiência.

Se serve de inspiração para qualquer pessoa que quer ter uma página - independente do que vai publicar - tem que se dedicar, tal como plantar uma árvore, o Relicário esta começando a dar frutos e dos melhores. A demanda tem aumentado, o tempo tem diminuído, mesmo assim, estamos trabalhando na medida do possível.

'Textão' (que poderia ser de muitas laudas) para agradecer ao pessoal da Equipe e aos amigos que curtem a page.

Obrigado!

https://www.facebook.com/Relicario.do.Rock.Gaucho/

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Beijos de língua com gosto de bala de hortelã

Atravessou a rua com a aquela beleza natural
estupidamente linda
despedaçando todas as minhas convicções
Jogou um olhar ...e simplesmente
fez todo o resto não ter sentido
tudo passou a se resumir
em saber até onde você queria ir
eu ?...eu vou até o fim do mundo
Com você

sábado, 25 de junho de 2016

1963-2002 : a ascensão & queda do rock do IAPI

1963-2002 : a ascensão & queda do rock do IAPI

Por Arthur de Faria

Já compararam o IAPI com o Greenwich Village (bairro dos intelectuais de esquerda de Nova York), mas não tem nada a ver. Se é pra comparar com algum lugar mítico, compare-se com os bairros do sul de Londres, onde nasceram – do rancor proletário, da rebeldia com causas econômicas, do inconformismo punk – o Clash e os Sex Pistols, que incendiaram a fornalha do rock-contestação nos anos 70. [ Eduardo ‘Peninha’ Bueno ]

Era uma vez o início dos anos 60 em Porto Alegre, uma cidade pacata e ainda meio provinciana. Pois, nesse cenário, um ritmo ensandecido chamado rock’n’roll começava timidamente a dar as caras. Num cenário então dominado pela suavidade dos conjuntos melódicos (ver capítulo sobre isso), o novo ritmo chegava movimentando a juventude que não se satisfazia nem com eles nem com a nascente Bossa Nova.

E muito rock se ouviu até que, em 62, inspirados pelo sucesso de Splish Splash – de um tal Roberto Carlos – os primeiros carinhas tomam coragem e montam a Banda Apache. Seria a primeira formação 100% roqueira do Rio Grande do Sul (mais sobre isso no capítulo sobre o rock gaúcho), totalmente instrumental.

E aí centramos nosso cenário na Vila do IAPI, conjunto habitacional meio afastado do centro de Porto Alegre. Inaugurada em 1953, a Vila fora planejado dentro da filosofia getulista de propiciar aos trabalhadores um bairro só seu e com toda infra-estrutura, praças, prédios pequenos e sólidos, com pátios, hortas e muitas árvores. E aí, exatos 10 anos depois de sua inauguração, muitos dos filhos dos primeiros moradores do bairro tavam passando por um perigoso formigamento conhecido como adolescência. Em pouco tempo, o negócio virou, como diria algum antropólogo, um melting pot de cultura semi-proletária: artistas plásticos, atores, uns poucos universitários e muitos – MUITOS – músicos. A estrelinha local Elis Regina, por exemplo, ainda morava ali.

Em 64, enquanto Elis embarca pro Rio para se tornar a maior cantora do País (também temos um capítulo sobre isso, ao alcance do freguês), já embrionava a lenda que lançaria o IAPI no fabulário roqueiro nacional dos anos 70. Duas das melhores e mais importantes bandas gaúchas de todos os tempos teriam grande parte de sua mítica vinculada à vila meio interiorana daquele bairro, onde cresceram todos seus integrantes: Marco Antônio Figueiredo Fughetti Luz (Salto, 10 de março de 47), Milton Mimi Lessa & Marcos Lessa, Vilmar Santana Pecos Pássaro Pepeco Pekus e Edson Edinho Espíndola. Se você não conhece o Bixo da Seda ou o Liverpool, não sabe do que foi capaz o rock gaúcho.

Pois então. Voltemos a 63, quando uma banda de guitarra chamada The Best tinha como grande atração os irmãos Lessa: Marcos no baixo e Mimi na guitarra.

Um dia, um certo Carruíra ouve os caras e resolve convidar Mimi pra entrar na sua banda, sediada no Jardim Itu. Era um grupo iniciante, como o The Best – mas quem não era iniciante então? O diferencial do grupo do Carruíra era que eles se inspiravam numa banda inglesa ainda bem desconhecida do público brasileiro. Sim: os Beatles. E o nome da banda do cara? Liverpool. Homenagem à cidade natal dos Fab Four – que ainda não tinham nenhum disco lançado no Brasil e cujos discos eram ouvidos em sessões de culto, trazidos diretamente da Argentina.

O detalhe é que nesse primeiro momento pré-Beatles (e a banda de Harrison e Starr só seria conhecida mesmo no Brasil em 65), a onda era, como se viu, rock instrumental. Só que o Fughetti, grande amigo do Mimi, tinha o sonho de ser cantor. Resultado: O Mimi disse que ia levar um cantor junto. Era eu! Só que ninguém sabia que eu era cantor, só eu! E o Mimi. A gente se criou junto, tocando em tudo que era roda de samba do bairro. O Mimi no cavaquinho e eu na garrafa com abridor. (…) Nós morávamos próximos um do outro no IAPI, só que cada um era de uma turma diferente. O Mimi andava de botinha, Beatles e tal, e eu sempre na minha porta, tocando violão. O Mimi me sacava.

Estamos já em 65. E aí, aprovadas ambas as contratações, a banda fica sendo Fughetti no vocal e Mimi na guitarra. Mais o Carruíra, Alemão Roy e Vinícius (por sinal, primo de Mimi) e, na bateria, Vico. Que, na época, já era um fera das baquetas. Tão fera nos anos 70 seria um sultão do suíngue e do samba-rock que em três anos já tava mais do que cheio dos guris. E salta fora, seguido pelo próprio Carruíra. Mas aí Mimi e Fughetti tavam bem felizes de tocar juntos, e decidiram manter o trabalho, com o mesmo nome, e completando a formação com a sua turma.

Marcos assume o baixo e, pro posto vago de baterista, chamam o primo Edinho Espíndola. Além de ser pouco mais que uma criança, Edinho nunca tinha chegado nem perto de uma bateria. Mas vivia batucando com cabides em tudo o que via pela frente.

Pronto: a banda tinha virado cem por cento IAPI. E na forma de quarteto rocker brazuca clássico: voz, guitarra, baixo e bateria Pingüim.

Só que seguia faltando alguma coisa. E essa coisa se chamaria Pekus, ou Pepeco, ou Pássaro. O cara era um dos maiores malucos-beleza do bairro, uma espécie de hippie avant la lettre, que o futuro enlendaria como o Syd Barret do IAPI. Marcos passa pra segunda guitarra, Pekus assume o baixo e, de quebra, uma certa liderança entre os rapazes. O ano já era 67 e eles tavam prontos pra enfrentar o Brasil. Só não sabiam ainda.

Mimi: O Liver começou leve e foi pesando. Em todos os sentidos. A gente era uma garotada ingênua que, de repente, foi parar no Rio de Janeiro, no meio de artistas plásticos, intelectuais, músicos famosos, um pessoal muito louco. Aí, desbundamos.

Mas antes disso, é claro, não foi mole. Como todas as bandas da época, fizeram muitos bailes, até três clubes numa noite. E logo começam a se diferenciar, por dois detalhes importantes. Um, é que ensaiavam até a exaustão. Coisa de oito horas por dia, cinco dias por semana nos outros dois, faziam os bailes. Essa disciplina de trabalho só era possível graças a uma empresa de um bairro próximo, a Zivi Hércules. Durante a semana, a firma emprestava o clube dos funcionários pros rapazes, que o transformaram na sede da banda. Fughetti, épico: Os operários saiam do IAPI de manhã cedinho pra trabalhar e a gente saía junto, pra ensaiar. Éramos operários da música.

O outro diferencial era o quê ensaiavam. Já estamos em 67. E segue o Fughetti: Tocávamos Beatles, Rolling Stones, tudo. Pensei: tá errado. (…) Todo mundo cantava o mesmo. Foi então que começamos a tocar The Byrds, quatro vozes, cada um na sua. Ficava o dia inteiro tirando a voz e pronúncia, pois não entendo nada de inglês. (…) Começei a mudar o Liverpool. Quando tocamos no Sindicato dos Metalúrgicos pela primeira vez, vendi o show por vinte pila, quando o cachê na época era cem. (…) Na outra semana, quando terminamos o show, ainda em cima do impacto, fomos contratados de novo, só que o valor já era cem pila. Moral da história, em um mês, a banda estava valendo cento e vinte pila, e as outras não passavam de cem. Entrou música brasileira na roda, divulgávamos Gilberto Gil, Caetano. Gravava direto da televisão.

Nesse quesito, nossos rapazes tinham um verdadeiro birô de transcrição televisivo, que se instalava a cada possível aparição da nova turma de jovens compositores que surgia então. E aí valia tanto os tropicalistas quanto nomes que nada tinham a ver com rock, como Edu Lobo. Em tempos em que gravadores eram um luxo de poucos, e videocassete ficção científica, lá ficavam eles: lápis, papel e violões na mão, atentíssimos. Quando entrava a próxima atração, um anotava a letra, outro decorava a melodia, um terceiro tentava acompanhar a harmonia. No baile seguinte eles estreavam a versão em Porto Alegre, em primeiríssima mão: foi assim com Alegria, Alegria, Domingo no Parque e até o samba pós-bossa edulobiano Memórias de Marta Saré, que causava o maior frisson.

E o bacana era que ninguém ali era sectariamente rocker. Mimi tinha começado na música tocando pífaro na banda do colégio e cavaquinho na Escola de Samba Praiana. Fughetti, por sua vez, era ligado em samba e Bossa Nova e, sempre tentando aprimorar-se como cantor, já tinha enfrentado até a famigerada canção italiana dos anos 60: participei do primeiro festival de música do Rio Grande do Sul, realizado na Reitoria da UFRGS (Festival de Novos Compositores, 1963). Botei uma banda melódica (o Je Reviens, conjunto melódico). (…) Na TV Piratini tinha um concurso que premiava três cantores. Me metia para saber como estava, e tirava o segundo lugar. Me sentia melhor, do tipo já-não-estou-cantando-tão-ruim. Cantava música italiana e metia bronca. (…) Desde os doze anos eu ia para o Rio de Janeiro. Tenho uma tia que, nas férias, sempre me levava para lá. Ia para Praça Onze fazer partituras com os coroas. Não queria que roubassem minhas músicas, compunha um monte e fazia as partituras.

E aí, empolgados pelo diferencial que começava a dar pé, eles tomam a decisão que os afastaria definitivamente da maioria das outra centena de bandas de então: iriam compor seu próprio material. Nessa época só quem fazia isso eram os desconhecidos The Bachfools de Cláudio Levitan e Os Satânicos de Hermes Aquino e Cláudio Vera Cruz. Ou seja: era uma loucura mesmo. Até porque, tirando Lupicínio Rodrigues ou uns poucos jovens autores que a Elis Regina tinha gravado em seus primeiros discos, há quase meio século que não havia compositores conhecidos no Estado (mais sobre isso no capítulo sobre a Era do Rádio). Azar. O momento era de efervescência, motivado pelos festivais que estavam a mil também no Rio Grande do Sul. Afinal, o ano já é 68.

E aí, com as primeiras músicas próprias ensaiadas e um punhado de colaborações de amigos, acabaram caindo nas graças do polivalente Glênio Reis. Glênio era um animadíssimo animador de um programa de auditório que fazia o maior sucesso na TV Gaúcha: o GR Show. Também era um homem de rádio. E, apesar de já estar na casa dos quarenta, foi o primeiro DJ a tocar Jimi Hendrix, Steppenwolf e outras barbaridades desse calibre nas ondas conservadoras do rádio porto-alegrense (seguia na ativa em 2002, e sem jamais ter careteado). Também fôra um dos maiores amigos de Elis Regina e tinha botado toda a pilha pra garota ir embora pro centro do País. Tinha feito o mesmo com o baterista Nenê e logo estaria investindo na exportação dos guris.

No GR Show, um dos quadros de maior sucesso era justamente o que apresentava bandas tocando o melhor da Jovem Guarda, do rock e da Tropicália. E foi nele que estrearam na TV os meninos de que ele lembra com uma ternura paternal: O Liverpool tinha uma coisa que me agradava muito… Eles faziam um rock que era puramente tupiniquim, brasileiro, tropical. Mas, ao mesmo tempo, estavam em sintonia com o que havia de mais moderno no mundo – apesar de toda a precariedade de condições que eles encontravam. Aquilo que o Jimi Hendrix fazia com uma guitarra de primeira qualidade, o Mimi fazia com um instrumento desgraçado, que às vezes berrava e apagava. Além disso, eram tão guris que o Edinho tinha de pedir autorização para os pais quando eles viajavam…

A banda assina contrato com a emissora e ganha até um empresário importante: Jorge Além – o popular Gordo Salim. Com a força do Glênio, a caravana do GR Show lota clubes por todo o Estado, numa iniciativa absolutamente pioneira para o rock gaúcho. Eram duas kombis: uma com o conjunto melódico que se encarregava do baile, outra com nossos rapazes pra fazer o show. Tavam que tavam. Fughetti: O pessoal parava de dançar para observar nossa arte: (…) “Bah!, os neguinhos quebravam o compasso no meio do salão!” O negócio era dançar, e (…) viramos banda de show, não de baile. (…) Fizemos o Rio Grande pelo menos duas vezes, em tudo que é cidade. (…) Outro detalhe importante é que toda sexta-feira a gente sempre apresentava uma música nova. (…) As pessoas já ficavam esperando, sabiam que vinha chumbo.

Aí, em 69, vêm o empurrão que faltava. Dividindo o palco com Carlinhos Hartlieb, participam do II Festival Universitário da Música Popular, promovido pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apresenta duas canções de Carlinhos: a esfuziante Por Favor, Sucesso, e Olhai os Lírios do Campo. A primeira era um verdadeiro labirinto rítmico, cheio de andamentos diferentes, mas que nunca perde um sentimento de urgência que tem tudo a ver com o arranjo nervoso e a letra totalmente tropicalista:

Procurei você pelo mapa da cidade, perguntei seu nome.
E quilômetros depois eu te perdi…
Por favor, estou muito assustado com você!.
Ouça, menina, essa nova música que será sucesso durante um mês
Por favor, estou apaixonado por você!
Veja, menina: enquanto a chaleira esfria,
fia que estaremos certos durante um mês
Por favor, não estou mais preparado que você!
Esqueça, menina. 
Mastigando sem parar, comparar, 
se parar temos três minutos durante um mês.
Que será sucesso durante um mês, 
temos três minutos durante um mês, 
estaremos certos durante um mês.

Resultado: ganham o festival. E, com a vitória, tavam automaticamente escalados pra tocar no prestigiadíssimo FIC, o Festival Internacional da Canção, da TV Globo, no Rio. Em uma semana estamos em setembro de 69 -, lá tavam eles no Maracanãzinho, disputando pau a pau com os caras que pouco antes assistiam embasbacados na TV: Jorge Ben, Os Mutantes…

…E tomam aquela vaia!

Mas também, queriam o quê?!? Quem ganhou o festival foi a xaropíssima Cantiga por Luciana, imagina se o clima tava pra experimentalismos. Mas pelo menos também concorriam Os Mutantes e os conterrâneos Hermes Aquino e Laís Marques.

A cena gaúcha ali presente acaba impressionando algumas pessoas, a RGE contrata Hermes, e o selo carioca Equipe assina com nossos rapazes.

Vão gravar um LP!

Sabe o que é isso? Tirando a Elis e o Teixeirinha – que eram nomes nacionais – gaúcho gravando LP nessa época era quase ficção científica. Proeza só conseguida por grandes nomes da música regional, como Gildo de Freitas, José Mendes e olhe lá…

Pois pegam a cara e a coragem e sobem para o Rio (com mais uma carta de autorização do pai do Edinho na bagagem, claro).

O tal disco se chama Por Favor, Sucesso, sai em 69, tem texto de contracapa assinado pelo Glênio Reis e… é magistral. Que o diga o jornalista Fernando Rosa, o popular Senhor F, autoridade maior em rock brasileiro dos anos 60 e 70: eles produziram uma obra que aproximou-se da genialidade dos Mutantes. (…) o disco reúne um conjunto de ótimas composições, com instrumental acima da média e letras inteligentes e expressivas do cotidiano da juventude da época (…) com um impressionante trabalho de guitarra – com distorção no talo e harmonias rebuscadas. (…) Passados mais de trinta anos, a música de Por Favor, Sucesso não soa datada, cobrando com suas elaboradas composições e refino instrumental o reconhecimento que faltou no seu devido tempo.

Além da canção-título e uma insólita mistura psicodélica de MPB com Jimi Hendrix chamada Olhai os Lírios dos Campos, brilham ali mais duas canções de Carlinhos, ambas em parceria com Hermes Aquino: Água Branca e Cabelos Varridos cuja letra é cantada duas vezes, sendo que na segunda na metade do tempo da música, dando um nó na cabeça do pobre ouvinte.

Hermes ainda comparece com mais três canções: o popinho Blue Hawaii, que disfarça bem outra encrenca polirrítmica. Voando, uma festa psicodélica reeditada na virada do milênio numa coletânea alemã chamada Love, Peace & Poetry Brazilian Psychedelic Music. E uma pérola perdida do pop-rock nacional: Você Gosta?, queridíssima parceria dele com ninguém menos que Tom Zé:

Eu sei que você adora passear de pé no chão, 
eu sei que no seu sossego sossega meu coração.
Eu sei que você não gosta de me ver sem me arranhar.
Por isso vou lhe perguntar, me responda sem demora:
– Você gosta de me abraçar? Gosta?
Então me abrace toda hora!
Eu sei que você não gosta de magoar seu coração.
Mas quando eu estou em casa 
derrama leite no fogão, e quando bota o açúcar faz o café derramar.
Por isso vou lhe perguntar, me responda sem demora:
– Você gosta de derramar? Gosta?
Então derrame toda hora!

Nossa velha conhecida Laís Marques, por sua vez, comparece também com três canções: a marcha-bossa-rancho Planador, marcha em tempo ternário. Impressões Digitais, que acumula distorções e feedbacks de guitarras. E Tão Longe de Mim, espécie de sambalanço suingadíssimo, muito envenenado pelas incendiárias guitarras de Mimi em cima da percussão virtuosa de Edinho.

Pra fechar, três canções da própria banda: o boogie-pop meio gago Que Mania!, de Pepeco, Mimi e um tal Marquinho. A angustiada e psicodélica Décimo-Terceiro Andar, de Marcos – onde Fughetti arrasa, coroando um disco onde sua voz clara e sutil em nada lembra o vocal roqueiro que ele desenvolveria nas décadas seguintes. E a hippie e totalmente tropicalista Paz e Amor, de Marcos e, de novo, o tal Marquinho

Sem lutas vou seguindo em frente, de braços com o meu amor, e na igreja o sino toca saudando Deus Nosso Senhor: Viva o avião! Viva o Rei Pelé! Viva a cabeleira do Zezé!

O forte do trabalho são os infernos rítmicos, que alteram compassos de sete, cinco e nove tempos com uma naturalidade que faz com que a complicação passe batido por quem não perder tempo contando. Tudo é muito orgânico, vivo e efervescente. Pra não falar das melodias por vezes ousadas, dos arranjos alaboradíssimos e da rica instrumentação que mistura a uma cozinha poderosa de baixo e bateria, órgãos, pianos, percussões e camadas e mais camadas de guitarras.

Pirateado a torto e a direito, o LP vale pequenas fortunas em sites do mundo todo especializados em velharias psicodélicas dos anos 60. Mas jamais foi relançado e, por conta da exagerada maluquice, tampouco fez sucesso na época de seu lançamento.

Mas tem uma originalidade e uma criatividade pouquíssimas vezes alcançada pelo rock brazuca, em qualquer época. Gerou respeito e renome.

E estabeleceu nossos rapazes no Rio de Janeiro do comecinho da década de 70. Rio que lhes traz três grandes novidades: contrato de um ano com a TV Tupi, sucesso cult e… o LSD que teria efeitos devastadores em Pepeco.

Sob o impacto dessas cinco coisas (Ué, não são três?!? É que elas piscam taaaanto…), gravam pela Polydor em 71 um compacto com Hei, Menina, produzido por Nelson Motta e assinado como Liverpool Sound. Em seguida, outro compacto, só que duplo: a trilha do filmequinho teen praieiro Marcelo Zona Sul, cujo maior mérito era mesmo a música e isso que mesmo ela não era lá grande coisa, composta quase toda pelo diretor e executada pelos meninos.

E aí outra boa nova: são contratados pro programa Som Livre Exportação, da TV Globo. Assinam para um ano. Ano de muitas viagens, ao lado de seus ídolos de pouco tempo antes a outra banda do Som Livre era Os Mutantes. E junto com novatos como eles, saídos do circuito universitário: gente como Gonzaguinha e Ivan Lins. Pra não falar da ex-vizinha de bairro Elis Regina.

O prestígio ia crescendo, devagar. Mimi dava aulas pro guitarrista e compositor Toninho Horta, Milton Nascimento chega a abrir um show do Liverpool. Em 1972, uma edição do Som Livre Exportação é mais do que especial: Auditório Araújo Vianna – em Porto Alegre, no centro do Parque da Redenção -, com lotação esgotadíssima de mais de seis mil pessoas. O programa vinha pela primeira vez ao Estado e, é claro, com o Liver de maior atração. Estraçalharam. Quem viu, lembra.

Representantes da Som Livre e da Philips viram. E passaram a disputar o passe da banda, que estava sem gravadora.

Só que, fora da música, as coisas não iam bem. Fughetti conta sua versão: Era tudo de mentira! Esse lance de ficar trabalhando na Globo e mangueando em Copacabana… Só se jogava conversa fora, papo de praia, sem ir nas profundezas, na essência do ser… E aí ele começa a dizer não: E só eu que dizia não. Claro que a barra pesou. Pra piorar o clima, Pecus se meteu num rolo pesado com drogas, a polícia começou a marcar de cima e a pressão foi demais pra sua já frágil cabeça. De maluco-beleza, o garoto tão cheio de vida passou a maluco de carteirinha. Mimi: Terminavam as músicas e ele continuava tocando… O público até gostava, achava genial, mas não era arranjo nem nada. Era loucura mesmo.

E aí, ao amanhecer de mais uma noite que passara insone, infernizando todos com seu violão de 12 cordas, no meio de um acorde Pecus sai porta afora. A banda tava toda junta, num sítio no interior do Rio, num clima Mutantes-na-Serra-da-Cantareira, ensaiando dia e noite um show novo e tomando tudo que é porcaria. Só podia dar nisso. Quando foram atrás de Pepeco, ele já não estava a vista. Os minutos viraram horas, que viraram dias. E ele não voltou. No lugar dele, quem pinta é um visitante nada esperado: a polícia.

É que, pra piorar um cenário que já tava suficiente bandeiroso, o tal sítio tinha sido emprestado por “subversivos inimigos do regime”.

Foram longos meses até receberem a notícia de que Pepeco tinha sido localizado, no Maranhão. E que tinha ido até lá pedindo carona improvisando repentes ao violão.

Só que aí o Liverpool já não existia.

E pior: tinha amargado uma cana braba. E cana braba em 1972, época mais negra da ditadura militar.

Imaginem Edinho, com carinha de garoto imberbe e cabelos pela cintura, passando por uma galeria central e sendo ovacionado aos gritos de “Oba, carne nova!”. A sorte é que, menor de 21, foi quase imediatamente liberado. Já os outros se apressaram a conseguir uns instrumentos o mais rápido possível, pra animar a galera de forma saudável, já que as outras opções eram nada agradáveis.

Por outro lado, logo a polícia descobriu que o lance daquele bando de malucos era música mesmo, e não guerrilha. E aí escapar do pior, escaparam. Mas acabava ali e muito mal – o primeiro sonho gaúcho de conquista do cenário pop nacional.

A prisão e o fim da banda provocam uma diáspora na turma. Mimi sai direto do xilindró de volta pra seu amado IAPI. Lá, reencontra Pepeco, já repatriado do Maranhão e um pouco mais calmo. Marcos e Edinho, por sua vez, resolvem seguir com a vida no Rio. Já Fughetti se manda com a mulher Zefa pra Europa, sem falar nenhuma língua além do português. E com Amsterdam na mente, é claro: Tudo que ouvia no meu quarto no IAPI pude ouvir ao vivo na Europa. Tinha um pub na esquina da minha casa, (…) e lá vi o Yes, The Who (…). Na Holanda, fiquei três dias no Museu do Van Gogh. Musicalmente, descolei trabalho, trabalhei para isso. Mas não estava lá para aprender o idioma deles, estava somente dando uma banda, não sabia onde ir. Comprei uma kombi-house e viajei de Londres para França, Holanda, Bélgica.

A aventura duraria um ano e dois meses, no meio dos quais nasce sua única filha, batizada Shanti Luz. Ia tudo bem até que, reza a lenda, os federais de lá resolveram intervir. E o convenceram, com argumentos irrefutáveis, que, quem sabe, talvez fosse melhor voltar pro seu País de origem. A mulher e a filha vão de avião, Fughetti é embarcado num navio. Só que, pra pagar sua passagem, teria de trabalhar, fazendo alguma coisa. Não teve dúvida:

– Podexá que eu cuido da farmácia.

Corria o ano de 73 quando o guitarrista gaúcho Zé Vicente Brizola, filho do exilado mais famoso de então, procura seu herói Mimi com uma proposta: Quem sabe a gente faz uma banda?

Pra seu espanto de fã do Liverpool, Mimi não só topa como manda baixar primo Edinho e mano Marcos. Decidem que a banda nova seria incrementada com um teclado, e pra isso convocam o velho conhecido Cláudio Vera Cruz, então na banda do GR Show. Pra fechar, revezando baixo e violões com Marcos, mais uma chance pro Peko. Que já tava totalmente Syd Barret.

Mas pelo menos pra uma coisa serviu. Enrolando um, olha pro papelzinho que fechava o cigarrinho-que-passarinho-não-fuma e vêm a idéia pro nome da banda nova:

– Seda!!! Bicho da Seda!, grita. E emenda: Melhor! Bixo com ‘x’, que ‘ch’ não funciona!

O Bixo da Seda estreou numa série de shows, sábados à noite e domingos à tarde, no Clube de Cultura de Porto Alegre. Não tinham um irriquieto frontman como Fughetti, mas davam um jeito revezando os vocais entre os instrumentistas da banda. E funcionava.

Tanto que os shows do Clube foram um baita sucesso. Exceto por um detalhe: justo na estréia, Pekus mais uma vez não notou que o espetáculo terminara, e, indiferente ao último acorde da última música, seguiu tocando seu inefável violão de 12 cordas, sendo sutilmente retirado do palco pelos colegas…

Definitivamente, não dava mais.

Aí, quando veio do Rio o convite pra se apresentarem num importante festival de rock, o baixo foi definitivamente assumido por Marcos. E Pepeco convidado a se retirar (o que pode ter sido inevitável, mas também foi decisivo pra que o Bixo não tivesse entre suas tantas qualidades a inventividade que grassava no Liverpool). Só que, pra compensar a tristeza pela demência do amigo, quem tinha voltado pra banda e iria pro Rio com eles era o bom e velho… Fughetti.

A princípio, ele não queria. Afinal, naquele curto espaço de tempo entre sua volta da Europa e o convite pro festival, Fuga tinha montado a Laranja Mecânica, composto o repertório da Trilha do Sol, e assumido os vocais do Bobo da Corte – que tinha bons músicos como Flávio Chaminé no baixo e Gatinha na bateria. Sem falar no livro de poesia que bancou do próprio bolso e distribuiu pela cidade… atirando o dito cujo pela janela do ônibus!

Mas rolava um clima. E os três amigos, saudosos, ficavam convidando, convidando…

Até que um dia.

Um dia o Bobo da Corte abriu um show pro Bixo, Fughetti deu uma canja e pronto: the song remains the same. Saldo final: Bobo sem vocalista, e o Bixo transformado num produto Made in IAPI.

E lá se foram eles de novo pro Rio, que continuava lindo. E inóspito. Ao menos para aqueles meninos suburbanos. Cláudio Vera Cruz fica, e quem vai assumir os teclados é o carioca Renato Ladeira, futuro parceiro de Cazuza em Faz Parte do Meu Show e então recém-saído de outra lenda do rock setentão: A Bolha (o caxiense Paulo Casarin também pega o posto de tecladista por uns tempos).

Mas o IAPI seguia sendo o Norte de todos. Que sempre tiveram (e em 90, quando foram feitas a maior parte destas entrevistas, seguiam tendo) um orgulhoso bairrismo. Coisa de guri criado solto, jogando pelada num campinho de várzea vaidosamente chamado de Estádio e que sediou peladas históricas na década de 70, como Bixo-da-Seda x Gilberto Gil & banda.

Coisa de adolescentes batucando pratos e talheres em rodas de samba espalhadas por ruas quase interioranas. De cadeiras na calçada, chimarrão no fim da tarde, ervas finas nas esquinas e Beatles no violão vagabundo. Coisa de bairro de uma gente humilde, trabalhadora e seus filhos ansiosos por ebulição. Edinho: Pra nós, a Vila nunca deixou de ser o máximo. Tinha tudo o que a gente sonhasse ter. Nos tempos do Liver, então, o Menino Deus (bairro mais central da cidade) já era o fim-do-mundo… Sempre que a gente pôde, voltou pra Vila.

São Paulo dá café, Minas dá leite e a Vila do IAPI dá rock.

A estréia nacional do Bixo, no tal Festival da Praia do Leste, não podia ter sido melhor. O público era dificílimo. Premiava com generosas quantidades de areia o desempenho das bandas participantes. E olha quem eram as bandas: O Terço, O Som Nosso de Cada Dia e Rita Lee & Tutti Frutti. Apenas o melhor do heróico rock brasileiro dos anos 70. Todos praticamente soterrados sem dó nem piedade por toneladas de areia voadora.

Nossos guris sobem no palco totalmente… …como direi… …cagados.

Só que quinze minutos de fúria rocker depois, a rapeize do beise tava domada. E o show, ganho.

O segredo era simples: ao invés do pop-rock tropicalista e elaborado que faziam no Liverpool, o Bixo era inequivocamente rock’n’roll. Ainda que com vôos progressivos bem ao estilo das bandas inglesas da época, o negócio era rock, alçando vôo na guitarra de Mimi, bem cozinhado por Marcos e Edinho (que segue sendo um dos melhores bateristas de rock do Brasil) e com um espetacular performer: Fughetti Luz. Que sabia aproveitar muito bem a imagem de sátiro de longos cabelos, barba considerável e uma postura de palco que parecia ignorar as visíveis seqüelas de uma paralisia infantil. Pandeiro na mão, Fughetti pulava ensandecido pelo palco.

Só que agora as coisas não eram mais tão desencanadas. Definitivamente, mais ninguém ali era criança – nem Edinho. Vários já tinham família e casa pra sustentar. Além disso, é bom lembrar: nenhuma banda de rock tinha lá grande mercado nesses anos heróicos. Até pros Mutantes tava ruim e eles também tinham feito um caminho parecido, saindo da invenção tropicalista pra semi-clonagem do rock progressivo inglês da época.

O público roqueiro de então era fidelíssimo, mas muito pequeno. E composto basicamente de malucos movidos a chá de cogu, sonhando com Woodstock. Mídia ou programa na TV Globo como nos tempos do Liverpool, nem pensar.

Aí foi aquilo: o Bixo fez fama nos festivais de rock. Arrasou na abertura das Rodas de Som organizadas pelo velho chapa Carlinhos Hartlieb em Porto Alegre, no ano de 75. E dividiu palcos nacionais com os maiores artistas do gênero de então – de Raul Seixas e Rita Lee a O Terço e Made in Brazil. Mas ficou, como a imensa maioria do rock da época, a quilômetros de distância do efetivo showbizz. E olha que tentaram. Apelaram até pro banho de butique, num clima Glam Rock e quem conhece os caras já ri só de imaginar.

Mas pelo menos conseguiram contrato pra gravar um disco. O que, segundo alguns, só piorou a situação.

O LP foi lançado originalmente pela Phonodisc em março de 76, reeditado em vinil nos anos 80 e prometido para CD em 2003. E, segundo os próprios caras, que unanimemente não gostam do resultado, é uma pálida imagem do que era o Bixo ao vivo. Um dos maiores problemas era o técnico, um americano importado pela gravadora, que falava tanto de português quanto eles de inglês: nada. E cuja única credencial era: trabalhou em Woodstock. Fazendo o quê, ninguém sabia. Podia ser até vendendo bata de batik.

Mas muita gente não concorda. Teve quem adorasse o disco, e seguisse gostando até hoje. Afinal, ele tem uns instrumentais viajandões bem bacanas, e com aqueles compassos quebrados tão ao gosto dos rapazes – como Vênus e Sete de Ouro (parcerias com o baterista e compositor Vinícius Cantuária). Também tem rocks básicos 70´s assinados por toda a banda, como a própria Bixo da Seda ou Um Abraço em Brian Jones. E parcerias de Mimi e Fughetti que, nessa época, assinava Fuguett -, como as totalmente fughettianas Já Brilhou e Trem, com aquelas letras hippies repletas de mística rocker que vão ter uma penca de herdeiros no rock gaúcho dos anos 80.

Lançam o disco, que vende pouco como vendiam pouco todos os discos de rock que não fossem de Rita Lee ou Raul Seixas. E seguem com shows em Porto Alegre e no Rio, mas que não são suficientes pra manter as contas em dia. Mesmo indo dos bailes blacks dos subúrbios cariocas ao Teatro Leopoldina, em Porto Alegre, pra garantir o leitinho das crianças tinham de fazer uns bicos como banda de apoio de outros. E chegam até a gravar uns jingles. Mas aí é demais pra Fughetti.

Que se bandeia de volta pra sua terrinha.

Deviam ter acabado ali, mas não o fizeram. E duraram mais do que deviam. Em 79, quando as garçonetes da discoteca do Nelson Motta estouram em todo o país como As Frenéticas, quem reparasse bem – mas bota reparar nisso – podia notar que, fantasiada de astros disco, a banda de apoio era um trio que antigamente se chamava… Bixo da Seda. Aqueles mesmos rapazes lá do Liverpool, que haviam sido produzidos pelo mesmo Nelson Motta poucos anos antes…

O sonho, definitivamente, tinha acabado.

Em 81, também como banda de apoio, fazem uma brilhante participação no disco de estréia de Bebeto Alves. Uma última e melancólica tentativa de retomada ainda é feita entre 84 e 85, animada pela explosão do novo rock brasileiro. Nela estão Mimi, Marcos e Edinho, mais o maior guitarrista gaúcho da geração seguinte a eles: Zé Flávio, que vinha de tocar com os Almôndegas e Kleiton & Kledir. Nos vocais, primeiro tentam um sujeito chamado Vidigal, depois chamam um iniciante porto-alegrense discípulo de Fughetti: Alemão Ronaldo, já então líder da nascente Bandaliera, assumidamente inspirada no Bixo.

Não deu em nada.

Aí acabam de vez.

Até hoje o som peculiar das bandas do IAPI tem fãs espalhados pelo País. O ex-tecladista Renato Ladeira lembra: Os caras tocavam ritmos completamente quebrados com uma naturalidade de quem estava no compasso mais banal do mundo. Isso e as harmonias complexas de Mimi espantavam muito o pessoal do rock. João Baptista, que na época do Bixo tocava baixo nos Almôndegas, e nos tempos do Liverpool era quase uma criança, completa: A época era de Mutantes, e o Liver estava muito à frente deles em termos de harmonia. Foram o melhor grupo que o Estado já teve.

A partir daí, cada um foi cuidar da sua vida.

Edinho tocou com muita gente boa da MPB e do rock como Nana Caymmi e Francis Hime voltou pra sua Porto Alegre no final da década de 80 e seguiu acompanhando muita gente boa da MPB e do rock, só que numa esfera mais local…

Marcos seguiu no Rio, foi tocar com Erasmo Carlos, depois montou uma produtora e também começou a trabalhar nos bastidores da política com o velho amigo Zé Vicente Brizola.

Mimi também ficou no Rio, onde criou em 85 a lendária Orquestra de Guitarras por onde passaram gente como o velho chapa Zé Vicente Brizola, Torquato Mariano, o tecladista Fernando Moura e o baterista Charles Chalegre. E vêm fazendo há muito tempo performances com o poeta Chacal além de vários trabalhos como free-lancer.

Já Peko nunca mais foi o mesmo. Num caminho cada vez mais parecido com o de Syd Barrett, passou a beber com tanto empenho que se isolou num sítio na Estrada de Viamão só pra isso. E lá morreu, detonadíssimo, em meados da década de 90.

E aí Fughetti.

Bom…

Fughetti voltou pra Porto Alegre definitivamente em 1980. Logo achou um amplo porão de uma casa com um grande pátio, num bairro distante, na Zona Norte. E, a partir dali, onde morava e tinha uma serigrafia, começou a criar um grupo de agregados em torno de si. Como compunha cada vez mais, se dedicou a abastecer o repertório de sucessivas bandas que iam se formando numa espécie de rescaldo do Bixo: Bandaliera, Guerrilheiro Anti-Nuclear e a novo-hamburguense Barata Oriental.

É dele um dos primeiros hits do rock gaúcho dos anos 80: Rockinho, que havia surgido ainda nos tempos do Bixo, mas fez sucesso mesmo foi com o Taranatiriça, em 84. A partir daí, passa a fazer uma participação especial meio fixa nos shows da Bandaliera, cujo repertório era praticamente todo composto por ele, com hits como Campo Minado. A parceria durou quase dez anos, até que, em 93, brigaram. E feio. Tanto que nenhum dos lados ficou a fim de que a banda seguisse tocando suas canções. Mas não importava, porque ele já tinha montado o Guerrilheiro Anti-Nuclear, banda formada por alguns dos moleques que tinham meio que se criado à sua volta, ali na casa. E da qual ele não participaria, mas cujo repertório era todo composto por ele. Mas na verdade, eles gravam um único disco e acabam pouco depois.

A partir daí, Fuga resolve assumir totalmente a condição de artista solo. Faz poucos shows um deles ao lado de Edinho, Marcinho Ramos (o guitarrista da Bandaliera) e o baixista Zé Natálio, abrindo pro Deep Purple no Ginásio Gigantinho, em 93. E no começo do novo milênio Era da Aquarius, saca? – vai morar no interior do Estado, em busca de mais natureza e recolhimento espiritual.

Mas, antes disso, lança dois discos independentes, bancados pelo Fumproarte da Prefeitura de Porto Alegre e produzidos por outro ex-Bandaliera: o guitarrista, vocalista e compositor Duca Leindecker. O primeiro se chama simplesmente Fughetti Luz e saiu acompanhado de um songbook-biografia escrito pelo jornalista Gilmar Eitelvein – e que omite, a pedidos, várias passagens mais escabrosas da biografia do amigo. O segundo, Xeque-Mate, é de 2002. Em ambos, o cara confirma sua fé na Era de Aquarius, e em rocks básicos de melodias e harmonias infinitamente simples, muitíssimo distantes dos tempos de Bixo e Liverpool. E confirma um fato ímpar: é, para o bem e para o mal, o último hippie sobre a terra:

Eu permaneci hippie porque é desta forma que eu vivo, penso e sinto, porque minha liberdade é paz & amor. (…) Hippie desdobra, não fica de bicão, toca uma canção por um prato de comida, alegra as pessoas que estão tristes pelas ruas, dá um sorriso, traz uma flor, põe um som na roda e não fala bobagem. Não existe mais hippie autêntico hoje em dia, acho que por aqui estou só.

PS – E não dá pra fechar sem falar no espetacular e único show que reuniu a banda em 96, dentro da programação de reabertura do mesmo Auditório Araújo Vianna que haviam incendiado 20 anos antes. O espetáculo teve abertura do guitarrista Frank Solari e participação especial da Banda Marcial do Colégio Santa Catarina, da cidade metropolitana de Cachoeirinha. O Araújo tava hiperlotado de gente que, na sua imensa maioria, só conhecia o Bixo de lenda. E o mundo veio abaixo. Tava comprovado ali que os caras realmente eram foda. Históóóórico!

Arthur de Faria é jornalista e músico no Rio Grande do Sul.