A partir do
crescente sucesso da ação do movimento – particularmente depois do casamento
real da princesa Beatriz e do ex-nazista Claus von Amsberg, em 10 de março de
1966, onde os Provos, com suas bombas de fumaça branca, tomaram a dianteira dos
protestos – o movimento deixou de ser
“underground” e tiveram suas idéias assimiladas por grande parte da população
holandesa. Dentro do movimento, articulou-se a criação de um partido político,
cujos líderes seriam alguns dos dirigentes da organização, que acabam
candidatos para a Câmara de Vereadores de Amsterdam, numa campanha que é puro
Provos, com sutiãs & janelas pintados com o número 12 da chapa, decorações
natalinas disfarçadas de propaganda, esculturas florescentes e bonecos coloridos
divulgando o “12″. Mesmo com tamanho jogo anti-político, e atrapalhados pelo
fato de que só maioires de 23 anos votavam na Holanda da época, os Provos
conquistam 2,5% dos votos e conquistam uma cadeira.
Bernad De Vries é
o escolhido. Seu comportamento na câmara é exemplar: veste-se sempre de branco,
ocasionalmente pintando o rosto e as mãos da mesma cor, anda sempre descalço e
inicia suas falas com um sonoro arroto. É
prova de que os Provos não estavam interessados e/ou não sabiam o que
fazer com o poder. A partir das eleições e da desistência da vida política por
De Vries (que vai tentar ser galã de cinema, onde teve poucas chances),
ocorreram divisões no movimento e os líderes acabaram optando pelo seu fim. Sob
a alegação de que os Provos eram “um grande choque” enquanto eram considerados
anti-sociais, porém, assim que o sistema começou a acolhê-los, seu real
significado dissipara-se, o grupo optou pela dissolução.
Mas, como bons
provocadores que eram, sua despedida não passaria em “branco”. Foi espalhado um
Boato Branco, dizendo que as universidades americanas tinham interesse em
adquirir os “arquivos provo“, documentos que na verdade não existiam. A
Universidade de Amsterdam, temendo que o “tesouro sociológico” (basicamente uma
caixa de papelão com todos os números de Provo) pudesse desaparecer além mar,
rapidamente fez uma oferta que os provos não poderiam recusar. E assim, tão
rápido quando surgiu, dissipou-se o movimento Provo.
A Revolta Provo – que durou efêmeros 2 anos, de 1965 a 1967 – foi o primeiro movimento em que os jovens, como grupo social independente, tentaram influenciar a política, fazendo-o de modo absolutamente original, sem propor ideologias, mas um novo e generoso estilo de vida anti-autoritário e ecológico. Caminhando contra a corrente do “cair fora” beat, pensavam em descaradamente permanecer “dentro” da sociedade, para provocar nela um curto-circuito”. À diferença do maio de 1968 na França, que queria levar a imaginação ao poder, o Provo utilizou a imaginação contra o poder ; semearam, por meio de imagens, as sementes de um novo modo de vida, um dos meios mais poderosos de influenciar pessoas.
Alguns projetos
dos Provos vingaram e ainda hoje fazem parte da rotina de Amsterdam, como as
bicicletas brancas e a liberalização da maconha. Além disso, os Provos tem
muita cupla da cidade ser conhecida como “A cidade das bicicletas” e ter, em
2006, quase 500 mil bicicletas para uma população de pouco mais de 750 mil
habitantes. O que parece permanecer, sobretudo, é semente de um outro modo de
vida na sociedade holandesa, manifestada em falas como a desse artigo do
conservador Telegraph, reproduzido no livro de Guarnaccia: “A sociedade holandesa
nunca se recuperou das loucuras hippies, do flower power e das viagens para
fora da realidade provocadas pela droga. Enquanto todas as sociedades
ocidentais foram trazidas de volta à Terra, a sociedade holandesa ficou nas
nuvens”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário