O melhor escritor da literatura pop da atualidade responde pelo nome de Efraim Medina Reyes.
Seja lá qual foi a alcunha medíocre que você deve usar para designar
aquilo que é pop, Efraim trata de estilhaçar em sua sintaxe. Do tipo que
faria Nick Horby chorar, Efraim tratou logo de acrescentar um soco no estômago de Alta Fidelidade e Uma Longa Queda. O
mais impressionante é que o escritor colombiano se livrou totalmente do
realismo-mágico que assombra a literatura do país desde Gabriel García Márquez.
Os diálogos devastadores, o humor negro
e a violência permeiam sua narrativa. Música, quadrinhos e cinema são
temas recorrentes, algo parecido com aquilo que o Tarantino fez em Kill Bill, Pulp Fiction e Reservoir Dogs.
Trecho de Era uma vez o amor mas tive de matá-lo (Ed. Planeta):
Kurt Cobain tem 10
anos e está voltando para casa com seu violãozinho, solitário sob a
garoa de Seattle. Passa por um grupo de garotos negros mais velhos, que
jogam basquete sem bola. É interceptado por um dos meninos, que o impõe o
uso de seu instrumento: dez minutos depois, o garoto olha para Kurt
assombrado – “Você tem os olhos do Jimi”, diz. Kurt volta para sua casa e
encontra a mãe histérica com seu atraso. Como castigo, a mãe tira seu
violão. Só resta ao pequeno Kurt tocar, como os garotos negros, violão
sem violão. Muitos anos mais tarde, famoso, rico e deprimido, Kurt tenta
outra vez tocar seu violão imaginário. Não consegue – e o resto vocês
sabem.
O autor define seu estilo como uma
forma de "terapia contra a horrível sensação de fracasso e abandono",
seus personagens sempre machistas, outsiders, de linguajar peculiar e
narrando cenas sexuais se compara em muitos momentos a obra do escritor
brasileiro Marcelo Mirisola (O Herói Devolvido, O Azul do Filho Morto e outros.)
"Tudo o que existe
em meus livros é absolutamente autobiográfico. Sou cada um de meus
personagens: Rep, Sergio, Marianne... Nada foi inventado. Saí com 800
mulheres nos últimos 25 anos, consumi todas as drogas possíveis e
algumas impossíveis, roubei..." Efraim Medina Reyes
Efraim além de dominar a narrativa e
envolver o leitor, também sabe conquistar pelos títulos de seus livros,
além do sensacional "Era uma vez o amor mas tive de matá-lo", também assina "Técnicas de Masturbação Entre Batman e Robin", “Sexualidade da Pantera Cor de Rosa” e “Pistoleiros/Putas e Dementes”. Os filmes de Wim Wenders, os Pixies, o Nirvana, o Boxe e a geração beat, eis o resumo de Efraim Medina Reyes (que já foi chamado de "Bukowski colombiano")
"Lendo William Blake
aprendi que os poemas são uma coisa tão comum quanto as canções e que
uma vida sem canções e sexo oral é muito entediante; ler um poema leva
menos tempo que comemorar um gol e é igualmente revigorante para a alma.
Embora não se possa discutir a eficácia de uma Ferrari ou de um anel de
diamantes, o poema continua sendo um método barato e aconselhável
quando o objetivo é uma loira peituda. Atrás das belas e atormentadas
canções de Jim Morrison ou Kurt Cobain estão as leituras que fizeram de
Baudelaire, Rimbaud, Blake e outros tantos poetas." Pistoleiros/putas e dementes
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