Quero dizer
que te amo só de amor. Sem idéias, palavras, pensamentos.
Quero fazer que te
amo só de amor. Com sentimentos, sentidos, emoções.
Quero curtir que
te amo só de amor. Olho no olho, cara a cara, corpo a corpo.
Quero querer que
te amo só de amor. São sombras as palavras no papel.
Claro-escuros
projetados pelo amor, dos delírios e dos mistérios do prazer.
Apenas sombras as
palavras no papel.
Ser-não-ser
refratados pelo amor no sexo e nos sonhos dos amantes.
Fátuas sombras as
palavras no papel.
Meu amor te
escrevo feito um poema de carne, sangue, nervos e sêmen.
São versos que
pulsam, gemem e fecundam. Meu poema se encanta feito o amor
dos bichos livres
às urgências dos cios e que jogam, brincam, cantam
e dançam fazendo o
amor como faço o poema.
Quero a vida as
claras superfícies onde terminam e começam meus amores.
Eu te sinto na
pele, não no coração. Quero do amor as tenras superfícies
onde a vida é lírica
porque telúrica, onde sou épico porque ébrio e lúbrico.
Quero genitais
todas as nossas superfícies.
Não há limites
para o prazer, meu grande amor, mas virá sempre antes,
não depois da
excitação.
Meu grande amor, o
infinito é um recomeço.
Não há limites
para se viver um grande amor.
Mas só te amo
porque me dás o gozo e não gozo mais porque eu te amo.
Não há limites
para o fim de um grande amor.
Nossa nudez,
juntos, não se completa nunca, mesmo quando se tornam
quentes e
congestionadas, úmidas e latejantes todas as mucosas.
A nudez a dois não
acontece nunca, porque nos vestimos um com o corpo do outro,
para inventar
deuses na solidão do nós. Por isso a nudez, no amor, não satisfaz nunca.
Porque eu te amo,
tu não precisas de mim. Porque tu me amas, eu não preciso de ti.
No amor, jamais
nos deixamos de completar.
Somos, um para o
outro, deliciosamente desnecessários.
O amor é tanto,
não quanto. Amar é enquanto, portanto. Ponto."
Ode ao Amor Libertário - Roberto Freire
Nenhum comentário:
Postar um comentário