sexta-feira, 29 de maio de 2020

Demos Clássicas do Rock Gaucho

* Essa é a segunda repostagem , infelizmente algumas Demos ainda não foram digitalizadas , por isso não existe um link para escutar ou baixar o arquivo.

Quem acompanha o rock gaúcho sabe que é impossível falar dele sem mencionar as demo-tapes. Isso porque na minha opinião e de muitas outras pessoas que agora não vem ao caso, os grandes registros estão nesse formato bagaceiro e com péssima qualidade que é a fita cassete. As demo-tapes são verdadeiras pérolas. Independente da qualidade das gravações, o que eu coloco em jogo é a qualidade das composições e principalmente da execução. Que fatores realmente fazem com que isso aconteça eu não sei e nem sei se alguém consegue explicar.

Mas porque isso acontece? Por que nessas demo tapes é que estão os melhores registros? Seriam tantas as explicações e quem sabe justificativas. Em minha modéstia avaliação de quem estava no meio desse furacão nos anos 80 , o rock naquela época tinha o cheiro da rua , o máximo que um garoto naquele tempo podia sonhar era gravar uma demo , fazer rolar na rádio Ipanema,  conseguir alguns shows , cervejas , boas trepadas e, alguma droga ... não se tinha um visão maior , um futuro , uma carreira

Quando se faz alguma gravação com a intenção de ser um disco, cedê, devedê ou não sei o quê, a coisa fica séria demais e acaba muitas vezes perdendo a identidade (ingenuidade) e mais do que isso a originalidade inicial.As Demos eram selvagens ,   o retrato de um tempo , um tempo onde ter uma banda de rock and roll era perigoso , mas ao mesmo tempo inesquecível....


Julio Reny - Último Verão ( 1983 )



Talvez a culpa dessa cultura das fitas k7 , deva-se  ao Lou Reed portoalegrense.Em 1982 , Julilo Reny Faz sua primeira gravação demo em fita, para tocar na Rádio Bandeirantes AM, futura Ipanema. A música era "Tomás e a Lagoa" e repercute razoavelmente bem. Reunifica a banda sob seu nome, no show "Aconteceu Durante o Verão",Grava nova demo em fita rolo, "Cine Marabá", sucesso na Band AM. Torna-se uma das mais tocadas e pedidas, chegando a tocar em várias rádios do Rio de Janeiro e São Paulo para onde mandava cópias demo.

Antenado para este caminho alternativo que se abria, resolve gravar um álbum e reproduzí-lo em fita cassete. Cria um "selo fonográfico" especializado em fitas cassetes com a intenção de lançar também outros autores. O selo chamava-se Pirata Sulista.

O Pirata Sulista vai à falência vendendo poucas cópias de seu único título em catálogo: uma fita com capa produzida, contendo oito músicas (A Noite Se Move, Barbearia, Canção Para O Rico Que Refletia A Cidade, Cine Marabá, Super Homem Está Esquecendo As Suas Melodias, Tomás E A Lagoa, Último Verão e Uma Tarde De Outono De 73), chamada Último Verão. O trabalho em questão é o disco mais triste da historia do rock gaucho , quase um livro sobre a vida pessoal do autor ,onde cada faixa é um capitulode sua vida.

Julio Reny abriu a cabeça de uma geração mostrando que era viável através de uma fita Demo , chegar as rádios e  divulgar a sua musica , fazer shows ......


Julio Reny Demos Tape 1985 – 1986




Apesar da falência de sua gravadora , Julio Reny cria a banda "KM 0" com Edu K na guitarra, Paulo Renato ( Irmão de Julio ) na bateria, Fred na percussão e Júlio no contra-baixo. Com esta formação, gravaram duas demo-tapes: "Não Chores Lola" e "Amor e Morte". Ambas estouram em Porto Alegre. Em 85 ocorre um show no Gigantinho era considerado decisivo: o Rock Unificado I. , os olheiros de grandes gravadoras estariam lá com vistas a produzirem um disco sobre o rock do sul. Inexplicavelmente, a banda se apresenta mal. Dá tudo errado.

1986 , refeito de uma tragédia pessoal ( a morte da sua esposa ) cria a famosa  "Expresso Oriente" com Castor Daudt e Flávio Santos (futura célula do "DeFalla"). Júlio Reny e Expresso Oriente torna-se referência do rock gaúcho e da atitude underground. Junto com a Demo dos Cacavelletes , os registros de 85 e 86 tornaram-se referência para toda uma geração que viria depois.


Os Replicantes - Pirata (1986)
  


Os Replicantes sempre foram mais organizados, já tinham assinado com uma grande gravadora , lançado um compacto duplo de sucesso e participado de duas coletaneas  , fundaram a sua própria  gravadora ( Vortex )  e piratearam a si mesmos nessa fita K7 , simplesmente genial.


Cascavelletes (1987 - Vórtex)



Quem ouve a fita pode pegar todos os vinis dos Cascavelletes e deixá-los de lado. Isso porque é ali nessa primeira demo que se encontram as melhores gravações que os Cascavelletes fizeram em toda a sua história. A demo foi gravada em 1987 e mostra todo o vigor adolescente numa performance maravilhosa e muito bem executada. Quatro jovens emanando todos seus hormônios em canções provocativas e "indecentes". É o reflexo musical de um humor tipicamente adolescente despretensioso e sem vergonha. São registros de quase todo repertório dos Cascavelletes. Algumas músicas nunca foram re-gravadas e talvez se tornaram clássicos por nunca terem sido incluídos nos LP’s originais. "Dotadão", "Mini Saia Sem Calcinha", "Banana Split", "Estupro com Carinho", são alguns exemplos. A rádio Ipanema rodou a fita na integra numa tarde historica e logo depois saiu do ar...rock and roll é isso baby


Graforréia Xilarmônica – Com Amor Muito Carinho (1988 - Vórtex)



Essa demo, que também foi lançada pela Vórtex é muito superior do que qualquer outra gravação que a Graforréia tenha feito nos anos seguintes. Ali encontramos a formação clássica da banda executando seus maiores sucessos de forma inacreditável. Marcelo Birck – voz e guitarra, Frank Jorge – voz e baixo, Carlo Pianta – voz e guitarra e Alexandre Ograndi – bateria. Quatro jovens dementes que se encontram e formam uma química perfeita entre desafinações, erros e acertos, Jovem Guarda e esquisitices em geral. É um caos sonoro com momentos de amor e carinho. Essa demo é um dos únicos materiais em que podemos presenciar os duelos de guitarras entre Carlo Pianta e Marcelo Birck que são indescritíveis. É nela que se estabelece e se concretiza a parceria nas composições entre Frank Jorge e Marcelo Birck.

  
Sangue Sujo – Punk Rock Afetamínico Que Matou a Modelo (1990)



Primeira banda do Wander Wildner logo após ele ter deixado os Replicantes. Simplesmente perfeita. Dá de mil e quinhentos a zero em qualquer bandinha de punk rock atual. Eles reformulam o punk rock paralelo as grandes bandas de punk rock melódico (Punk Colorido). Digo isso porque era o surgimento (na mídia) de algumas bandas como Green Day, Pennywise, NoFX, e o Sangue Sujo estava no mesmo pique e talvez com a mesma concepção só que sem aquele alarde de mídia todo que fizeram com as outras bandas citadas.

Ali encontram-se clássicos como "Não Gosto", "DMLU", "Burguês", "Boa Morte" entre outros. Hoje com a facilidade de adquirir som, imagem, etc, as cópias acontecem de forma muito rápida. É comum encontrar clones de bandas famosas espalhadas por todos os lados. Mas naquele tempo as coisas só aconteciam com quem realmente tinha uma proposta semelhante mesmo que a distância.



Defalla – Megablasts From Hell (1991)



Essa demo é du caralho!! Ali encontram-se versões/cover para músicas de bandas que sempre influenciaram o Defalla. A gravação é tosca e ao vivo. O som é pesado, existem versões para músicas do Danzig, Public Enemy, Beastie Boys, Rolling Stones, Jimi Hendrix, The Doors entre outros. Parece estranho falar de uma demo cover. Mas em se tratando do Defalla, nada ali é realmente um cover. Tudo o que o Defalla tocava automaticamente se incorporava ao repertório da banda como se fosse deles, isso devido a forma única com que eles executavam essas canções. Mesmo sendo hardcore tem muita mistura com rap e funk e hip hop. Essa mistura na minha opinião sempre caracterizaram as melhores fases do Defalla.

Ali encontram-se algumas músicas em formato ‘Beat Box’ e voz coisa que Edu k sempre soube fazer e com muita propriedade de quem conhece tudo do estilo hip-hop-rua. Essa demo é o primeiro registro com o guitarrista Marcelo Fornazzo; os outros integrantes além do Edu K são Flávio Santos (Flu) no baixo e Castor Daut na bateria. No final, encontramos uma prévia de algumas músicas que integrariam o quinto disco do Defalla que os projetou a ponto de tocarem no Hollywood Rock abrindo pro Red Hot Chilli Peppers e Nirvana.


 Aristóteles de Ananias Jr. (1993)



A Graforréia volta a ativa sem o Marcelo Birck. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, eles não estão brigados. Marcelo Birck está envolvido no seu novo projeto musical intitulado Aristóteles de Ananias jr. Tem uma demo de ensaio da Graforréia nunca lançada que é o Alexandre Ograndi tocando bateria o Marcelo na guitarra e o Frank no baixo. Juntando-se a isso Ricardo Frantz no violino e Luciano Zanata no Sax. Essa seria uma espécie de pré-concepção do Aristóteles. Sai o Frank e entra Chico Machado e posteriormente Pedro Porto, sai Alexandre Ograndi e entra Diego Silveira.

Esse é o Aristóteles da Demo, ou melhor do Demo!!! Essa primeira gravação é muito legal e mostra todo o espírito musical desconstrutivo que o Marcelo Birck apresentaria posteriormente de forma mais radical e automaticamente incompreendida e muito mais barulhenta. O cd é um caso a parte, mas ali a agressão musical está presente de forma mais sutil através um som esquisito e mais leve fazendo com que o ouvido assimile, mas estranhe e em alguns momentos (na maioria das vezes em muitos momentos) e perceba que tem alguma coisa de muito errado nessa história toda, e o que é melhor, de propósito.

Frank Jorge e Plato Divorak – Teen Idols Fora de Órbita (1993)

Dupla inusitada que teria tudo pra dar errado, mas pelo contrário. Uma química maluca entre dois seres não menos malucos (que a dupla) fazendo espetáculos e músicas absurdamente perfeitas e de igual teor. Para entender melhor o que eu estou dizendo aí vai um pouco da história. Frank Jorge, baixista da Graforréia, e Cascavelletes sempre teve inúmeros projetos musicais (esse é um deles). Quem o conhece sabe da inesgotável fonte criativa que paira no seu dia-a-dia. Juntando esse lado mais ou menos metódico e bem organizado com o Plato Divorak (codinome para Paulo Alex). Esse sim é louco de atar, mas com um potencial criativo inesgotável e inigualável. Suas metáforas para descrever o mundo são pérolas lapidadas por uma mente "barretista" desgovernada (se é que isso é possível). Só o Plato já merece uns vinte cinco capítulos à parte. Junte esses elementos acima com uma vontade de compor canções inspiradas em baladas sessentistas e muita lisergia. Aí está o registro perfeito. Tudo isso é ‘Teen Idols Fora de Órbita’. Pena que essa mesma loucura que impulsionou esse momento criativo fez com que a dupla se acabasse. Mas como eu sempre digo aí está mais um registro de um momento único do rock gaúcho.

Doiseu Mimdoisema – Nunca Mais Vai Passar o que eu Quero Ver (1994)



O que dizer desse momento mágico, quase infantil e totalmente alternativo do rock gaúcho? É simplesmente incrível. Diego Medina (El Senatore) o próprio, resolve com a ajuda de um porta-estúdio registrar toda sua debilóidice com participações inusitadas como o filho da empregada e afins. Resultado, uma obra-prima. Na época, a coisa se espalhou de forma inacreditável. Rendendo até mesmo um contrato com a Banguela Records. A lenda: a fita era uma gravação para um amigo. Alguém ouviu e gostou e fez uma cópia. Aos poucos a fita se espalhou e chegou até a rádio. Com uma proposta de tocar muitas coisas alternativas a rádio incluiu uma das músicas na programação. Resumindo, "Epilético" (a música) virou hit. Depois disso, e em função do contrato com a Banguela Records, Diego tentou montar uma banda para repetir o feito. Resultado disso tudo, algumas outras demos com algumas coisas interessantes, mas sem a mesma expressão da primeira. Se puderem ouçam Doiseu Mimdoiema e se deliciem com mais esse momento (quase raro) do rock chinelo e alternativo gaúcho.


Júpiter Maçã e os Pereiras Azuis (1995)



Essa demo é foda!!! Esse comentário poderia resumir tudo, mas vou tentar escrever alguma coisa a respeito. A demo foi gravada ao vivo num especial para uma rádio (NR – Brasil 2000) em São Paulo. Seria estranho incluí-la nessa relação se o principal protagonista dessa pérola não fosse Flávio Basso, ex-lider dos Cascavelletes com o seu primeiro trabalho em carreira solo. Na gravação é o Flávio Basso acompanhado pela banda Pereiras Azuis. A gravação é tosca, ao vivo mas com uma performance impressionante. É a irreverência em termos picantes que tinham os Cascavelletes só que cantado de forma mais aberta e direta. Letras que relatam muitas histórias de experiências com entorpecentes diversos, regados a muito sexo e rock and roll. São treze canções, treze clássicos que demonstram o lado lisérgico espacial e rock and roll, ou seja lá como que cada um define, e que se faria cada vez mais presente nos trabalhos posteriores tanto como Júpiter Maçã ou Apple. Nessa demo tem canções que nunca foram registradas posteriormente nos discos oficiais como por exemplo: "Hey Girl What You're Gonna Do", "Ela Sabe o Que Faz", "Orgasmo Legal", "Casalzinho Pegando Fogo" entre outras. É a demo que precede o excelente disco de estréia "Sétima Efervescência".

  
Ultramen – 2ª demo (1995)



Registro perfeito da primeira formação da Ultramen. São seis músicas que apresentam a banda num segundo momento. Um momento inspirado. Onde as tecnologias não estavam muito presentes e o que se ouvia era um som pesado com balanço e muito hip hop. Nesse quesito poderia ter escolhido também a primeira demo da Ultramen. Pois lá se encontram muitos elementos e execuções imbatíveis de verdadeiros clássicos do hip hop gaúcho como é o caso da música "Hip Hop Beat Box com Vocal e James Brow". Mas essa segunda demo é mais consistente e talvez per conter poucas músicas só tem coisa boa. É o último registro da Ultramen com o saxofonista Peru que atualmente mora na Europa. Depois a banda sofreu muitas modificações, principalmente depois do segundo disco, tanto na formação quanto na concepção musical. Mas essa demo é o exemplo perfeito de um registro inacreditavelmente bom de uma banda que se propõe a fazer black music sempre da melhor qualidade. Tem uma versão para a música "Dragon Attack do Queen" que é inacreditável, uma espécie de ragamuffin com peso balanço, escola de samba e beat box.

Smog Fog (1988 pela Vórtex e 1993 independente)

É possível uma banda possuir dois momentos em formato demo tape que são clássicos dentro da história do rock gaúcho? A resposta a essa pergunta é: Sim. As duas demos tapes da Smog Fog são perfeitas e refletem dois momentos da banda mais esquecida do rock gaúcho. Segundo o Baixista João Olair, o único que ainda lembra que a banda existiu sou eu o que é uma pena. Então aí vai: Smog Fog é uma cortina de fumaça com projeções lisérgicas. Tentarei ser mais claro ao defini-los, mesmo que isso seja um pouco inusitado. Isso mesmo talvez a palavra seja inusitado. Uma banda completamente non-sense, debilóide e que ao mesmo tempo representava o amor de uma forma quase lírica, talvez suicida e de forma inacreditável perfeita. Nunca teve um baterista fixo.

Mas o trio principal sempre esteve presente. João Olair – baixo, Felipe – vocais e Guilherme – guitarra e backing vocais. A voz do Felipe é algo impressionante e único. É só ouvir para perceber que não existe outra parecida no mundo. Os backing retardados do Guilherme faz com que o momento mais obscuro e depressivo se transforme num sorriso. O baixo estranho e a forma tosca com que são executadas as músicas principalmente na primeira demo (da Vortex) é impressionante. Na segunda demo, que acabou se transformando numa terceira, eles melhoram um pouco e perdem talvez esse lado mais tosco mas recuperam em melodias e execuções coisas impressionantes como é o caso das músicas "Labirinto" e "Não Sei Lê". É um material difícil de conseguir e que mereceria um lançamento em cd.

https://mega.nz/file/IAonGZrY#Ld2fWE5YJqsegpDYHciPPaCIBj0YLADTokEp66lJQxg

Tequila Baby - Fiesta, Sombrero y Rock'n'Roll (1995 )



Gravada em 1994 , lançada em 95 mostra a segunda geração do punk sulista , era o inicio do fim do reinado das fitas k7  , depois ainda viria a demo da Comunidade Comunidade Nin Jitsu para encerrar esse ciclo. Um dos poucos casos onde a disco de estréia ( gravado em 1996 )  superou a Demo , nessa época a tequila tinha dois vocalistas . Paulo Stenzel dividia a função de vocalista, junto com Duda Calvin.


Comunidade Nin Jitsu – Aprovado Pelo Ravengar (1996)

Ainda com a participação do Mano Sonho, essa demo mostra toda sem vergonhice da Comunidade Nin Jitsu de forma crua e direta!! Primeiro registro sonoro de uma das bandas que viria se tornar anos mais tarde um verdadeiro "frisson" entre os adolescentes gaúchos. Baile funk com metal e letras picantes sempre alternando referências adolescentes de quatro jovens amigos que cresceram juntos e deram continuidade as brincadeiras de infância numa banda (quem diria que isso um dia iria tocar na rádio). Primeiro show que eu vi deles foi inacreditavelmente engraçado. Uma bateria eletrônica bagaceira, dois metaleiros cabeludos (ex-Borboleta Negra - banda de metal) estraçalhando em solos estapafúrdios em cima de bases eletrônicas e dois neguinhos (brancos) cantando. A química perfeita para recriação de um frankestein pós-moderno. E não é que deu certo. Sai do show impressionado e resolvi comprar a demo. A demo é o resultado daquela bagunça toda. Uma série de riffs de guitarra "chupados" de bandas clássicas, sempre com suas devidas citações. Letras bagaceiras, falando de coisas bagaceiras e de forma mais bagaceira ainda. Uma bateria eletrônica vagabunda com direito a misturas que vão de Guns And Roses a Jaime Caetano Braum, Beavis and Butthead e funk carioca. Química estapafúrdia que poderia resultar em muitas outras coisas menos num possível sucesso. Mas vai entender o mundo.

P.S – Se você tem algum material dessa era dourada das fitas K7 , entre em contato com esse velho punk sulista....

SE PUDER FIQUE EM CASA

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Leitoras do Blog - O retorno

Sempre em prol da beleza amadora e natural.


Pra viajar no cosmos não precisa Gasolina


Gostar de uma musica ou de uma banda, é uma associação afetiva, com as sensações ou sentimentos que elas transmitem ao ouvinte. Numa tarde fria de maio, acompanhado de uma xícara de café preto quente e forte, olhando o pôr-do-sol no meu mirante particular na Bom Jesus , embarco em uma viagem psicodélica ao escutar o disco de musica instrumental “Spectrodelic Project” do guitarrista gaucho Vince Velvet .

A viagem inicia com a sonoridade rústica dos velhos discos de vinil em “Terrific”, me sinto em uma montanha russa nos anos 70, a capa enigmática esconde um vulcão psciodélico , a lava é expelida em formas de riffs nas nervosas “Grande Tiro” e “Stone Crusher”.

A calma “Benny” prepara o ouvinte para a belíssima “Chuva em Seattle”, com sua distorção suja e encorpada, acordes com cheiro de rua. A prazerosa surpresa é que o disco gravado, produzido e mixado pelo próprio Vince, não se prende apenas a um estilo, isso faz a viagem mais interessante, indo do erudido ao jazz , namorando com blues e transando com o bom velho Rock and Roll com timbres setentistas , sempre recheada com uma abençoada lisergia em cada acorde.

A seqüência “O Viajante”- “Duna Lunar”- “The Sequence”- “Boreal” é matadora, estico as pontas dos dedos para tocar as garotas imaginárias dançando em um salão de espelhos. “Frank Junk” é um funk para relaxar os músculos e o corpo, para te fazer voltar a terra. “Frequência Alterada” e “Spectrodelic Project” encerram o passeio.

Recomendo essa viagem a todos os amigos.

Ouça o disco da Spetrodelic Project:
https://linktr.ee/spectrodelic

sábado, 23 de maio de 2020

Fuck You

Não falar de politica , não falar de cultura , nao falar de musica , não pensar , não falar de sexo , não falar de drogas , não falar de história , não falar de religião .O fascista quer que todos a sua volta tenham as mesmas amarras , sejam limitados na sua existência , ele tem orgulho da sua ignorância , por isso a tal "cultura do ódio".

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Coletaneas Rock Gaucho


1984 Rock Garagem 


1985 Rock Garagem II
https://mega.nz/file/VEJHEYRZ#UHnlWhPjHVPETert7cW1kiIfomh9bGuhjvGQ1j400U8


1986 Rock Grande do Sul
https://mega.nz/file/RQB1gYpa#EsOJwkfMqhnNl2bCIlFMBg1Fqr3YKU_T-zAfw5ZUHQk



1986 Zona Mortal
https://mega.nz/file/8UgXmBiI#4tZg7HfRGqbSVGq6Fka_ZmG9FDpGe0VVrWK_GgIOiAE


1987 Danças de Guerra
https://mega.nz/file/cNgH1ZZL#OB0ExEsp2oTbF_C4aGgXqPXWsQuA_-JcHKLwhniEH1k


1988 A Grande Sacanagem
https://mega.nz/file/RcAFUQpK#ENaD4UW-1ibf3-KIVXee2-1pa_Ej1RqKJ13f6rLTVQw


1988 Rio Grande do Rock
https://mega.nz/file/9QRllSDY#-34cvFnIhU_zxddNFABvqqFVgn8Wo9w_G7jjMMDIIZ8


1989 A Invasão dos Nodrus
https://mega.nz/file/IFZ1QKpa#kZ4cjzv7leIbAlkJX6IjXFpf52VuvLBhSMLl7z8edcE


1990 Paranóia Suicida
https://mega.nz/file/9VZlBYTZ#G8qDCfd5UPGRWHJw-TL4Lag-kbx5lkLLYte15EPSt1g



1991 Assim Na Terra Como No Céu
https://mega.nz/file/pUh1gTja#2STJDbV8ZnCSnPRotcQfcMq82sVvA9OzJmD7n3Z6pAk


1992 Rock In Tinga Too
https://mega.nz/file/pdhVXBYT#DTj9Ng5GL3rfJZ3Oxb1JBOHnhlWgHO-uCGHZ4HNCo28


1993 Rock Garagem III
https://mega.nz/file/wIoHSDJT#uGXaRwt_ck1G8_fQcs_vqECGkH-y-WVDtTM2zxvRh7A


1993  Sha La La Soundtrack
https://mega.nz/file/ZcZhQSCK#4w4YYwrBF5dTrrJi94GP_6q22RGj0963FrNOhqOgSfg


1994 Chá das Quatro
https://mega.nz/file/5N4hkRKR#bhFEwuuui3Gt77QrCKHwo0Ffsr1CeK2lpXIQFQ5ihD8

1994 Segunda Sem Ley
https://mega.nz/file/RJplmLZB#6lhKHsFTHDUcnaGXXtn80ogsRPwfxhLyd2QCaVQs8r4

1997 Os Excluidos Vol. 1
https://mega.nz/file/lYoliBYQ#qP0wx13c3Sp63KOJFX5m8vSFoJDjiX4XViwmveWJhjQ


1998 Punkadaria
https://mega.nz/file/ZdoXGJKK#KrTHa7JdLRQOGAVoz65Ilj1_UgXJhbulzzfVNFh32og

1999 Os Excluidos 2
https://mega.nz/file/EZhVGJzS#FlWpWBsrjTvlDCmBL3U41B_5hxVOi_mtq2s7-klmpH8


2001 - Ipanema Safra 2001


2002 - Garagem Hermetica 10 Anos Punk Hits

2002 - Guru Psychosys - The Very Best of Krakatoa Records - 87-99


2002 - Houve Uma Vez 2 Veroes Trilha Sonora


2003 - Baladas do Bom Fim


2004 - Circuito Serra Gaúcha
https://mega.nz/file/ocgjGDxJ#55rqrEVmXl8PikPHztFT0tFC5prwRwRb2iYFb4k5qb4


2005 - Gauchas - MTV Acustico
https://mega.nz/file/9JgnTR4C#5wG6mRHkHkbU7Tmm3-jiJienjuRrcyH9rQHWF46k7yA

2007 - Coletânea Rock Bandas Gaúchas
https://mega.nz/file/8A5hCbBD#Dk4VXrI9jbrxug4bHsrzE9xSwx3gSAlIlhmElgP-7l0

2008 - Ainda Orangotangos Trilha Sonora
https://mega.nz/file/8RoFEbQT#2usFkFCF2h7Zs7mRWYGp_Y5ubRRcNG27XXt_5JL-i9s

2008 - Cigana do Rock
https://mega.nz/file/FMJmxASK#noNyIKjtQLPlVN5Jm0QU5LKzmtRZh9ugNuU-ZgxeO1A

2008 - Orquestra de Câmara da Ulbra
https://mega.nz/file/AUIWUKaC#mDNe1SwbKE2KTU9UyRj71Rh5tYYmzL_ydBvyeH1kfos

2011 - Comunidade Rock Gaucho
https://mega.nz/file/1BpDjbCS#U7v1KCs7bkn-M90lKrNYoOX8xrnnEfqd1UUlSQs3F0w

2011 - Gauleses Irredutíveis Merecem Aplauso
https://mega.nz/file/5BhnGD4B#RS0w8wX2hdBH92EXHOzW54Gv85KEMkXoKdh5238-gm0

2015 - Legends Rock Gaucho
https://mega.nz/file/FEYWBIZI#6kUXNBAS1I1rcj8S97ZKw6mrhjtUaGaG__D6K2Ix2R8


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Adoro quando chove


Eu gosto do inverno , adoro as noites geladas , o barulho da chuva constante lambendo o telhado , melhor quando falta luz e tudo fica na escuridão , uma garrafa de vinho e uma companhia na cama embaixo das cobertas , talvez seja a minha alma de ermitão ou talvez eu seja um cara maluco mesmo...mas não se pode ter tudo na vida , então caminhei na chuva até o disjuntor e o desliguei.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Taito

A passagem da Taito pelo Brasil deixou uma história que mistura pirataria oficializada, um fugitivo russo, um playboy internacional, jeitinho brasileiro e alguns dos melhores jogos de uma década.

O nome Taito é o primeiro a ser lembrado quando brasileiros que eram crianças ou jovens nas décadas de 70 e 80 falam sobre fliperamas, e não é para menos: a marca dominou esse ramo no país até 1985, primeiro importando e depois com fábrica própria em São Paulo, produzindo e distribuindo dezenas de milhares máquinas de vídeo jogo (arcade) e de flíper (pinball).

A Taito japonesa foi fundada por Michael Kogan, um russo cuja família se asilou na China após a revolução comunista de 1917, e que pouco antes da Segunda Guerra Mundial foi para o Japão ganhar a vida, fundando em 1953 a Taito Trading Company (que vendia desde vodka até máquinas de comercializar amendoim).

Nos anos 1960 ela começou a produzir máquinas de pinball, e em 1973, com o lançamento da sua primeira máquina de arcade (a Elepong, um clone do precursor jogo Pong, da Atari), mudou seu nome para Taito Corporation.

Foi com este novo nome que, em 1978, a Taito mudou a história dos jogos eletrônicos ao lançar o Space Invaders, que no Japão fez tanto sucesso a ponto de levar à criação de fliperamas dedicados exclusivamente a este jogo, e por um breve período chegou a criar problemas de disponibilidade de moedas em circulação.



O Space Invaders foi distribuído nos EUA pela Midway, abrindo caminho para o sucesso por lá (e em todo o mundo: é o 2º jogo de fliperama mais vendido na História, perdendo apenas para o Pac-Man) e para, no ano seguinte, ocorrer a fundação da Taito America Corporation, que nasceu com a missão de distribuir os jogos posteriores da Taito (como Speed Race, Elevator Action e Jungle Hunt, entre muitos outros) nos EUA.

A chegada ao Brasil

A Taito chegou ao Brasil bem antes da criação da filial dos EUA, mas com um propósito inicial bem diferente.Segundo o relato de João Luís Costa, um dos primeiros funcionários da empresa, a operação da Taito no Brasil começou em 1968, sob os nomes de "Trevo Diversões Eletrônicas" e, logo depois, "Trevo Diversões - Representante da Taito no Brasil".

Já a empresa com o nome Taito do Brasil Indústria e Comércio Ltda. só foi estabelecida em 1972, em uma aparente manobra típica de jeitinho brasileiro: primeiro fundaram a Trevo como empresa nacional, aí esperaram alguns anos e trouxeram oficialmente a Taito para se associar a ela, cumprindo assim o requisito legal da época para a chegada de uma empresa internacional de eletrônica.

Todas essas fases foram dirigidas por Abraham "Abba" Kogan (foto acima), filho do fundador da Taito japonesa. Vale observar que a Taito (sob seu próprio nome e, antes, como Trevo) chegou ao país bem antes da primeira máquina de video (o Elepong) ser lançada pela matriz japonesa.

A filial brasileira inicialmente importava máquinas de pinball dos EUA e componentes japoneses para montagem delas no Brasil, distribuindo-as ou mesmo operando-as no mercado nacional.

A Taito não foi a primeira a trazer esses jogos ao Brasil: desde a década de 1930 se tem notícia da presença de operação de pinballs no país, primeiro em Poços de Caldas (aproveitando o fluxo dos hoteis de águas termais da região) por iniciativas independentes de Eduardo Marras e de Sérgio Miglioti, e antes da chegada da Taito havia importadores e distribuidores atuando no Paraná e em São Paulo.

Nesses primeiros anos brasileiros da Taito, sua operação própria de fliperama era bastante intensa em São Paulo: além da locação de máquinas, o primeiro fliperama próprio da Taito por aqui foi na Avenida Ipiranga, quase na icônica esquina com a São João; em seguida vieram um em frente ao Largo do Arouche, e o campeão de faturamento na época, em frente à praça da República.

Crise e oportunidade: a reserva de mercado

A fase de negócios de importação e operação da Taito do Brasil durou alguns anos, sempre lutando contra a taxação crescente à importação de bens de consumo supérfluos (incluindo as máquinas de jogos) e contra o entendimento governamental de que o pinball era jogo de azar e, portanto, proibido.

Essa fase acabou em julho de 1976, quando a publicação da Resolução n. 1 da Comissão de Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico (CAPRE) trouxe um obstáculo mais difícil: começou a criar uma Reserva de Mercado para computadores no Brasil (que foi sendo ampliada ano após ano, até se consolidar, com uma lei própria, em 1984, que vigorou até 1992), e isso atingiu de forma direta a importação de máquinas de pinball.

Com um mercado cada vez mais interessado nos jogos eletrônicos, mas sem poder continuar a importar máquinas como antes, a Taito do Brasil mudou de estratégia foi fazer o que muitas empresas de tecnologia operando no Brasil fizeram na virada dos anos 70 para os 80: montou uma fábrica em SP , comprou empresas menores (como Liberty, Flipermatic e Mecatronics) que atuavam no mesmo mercado, e começou a criar imitações nacionais de aparelhos do exterior.

O ataque dos clones

Os clones feitos pela Taito do Brasil eram máquinas de pinball com arte adaptada (ou criada, seguindo o tema original, pelo ilustrador J. Pecegueiro), e disposição dos obstáculos e dos alvos copiando máquinas de sucesso do exterior. A lógica dos jogos (regras para pontuação, bônus, bolas extras, etc. - implementadas em hardware e, mais tarde, também software) era criada localmente.

Copiando e adaptando modelos de marcas internacionais, a Taito do Brasil produziu modelos de pinball que quem entrou nos fliperamas da época certamente lembra, como as clássicas Cavaleiro Negro (com seu sintetizador de voz com forte sotaque americano), Oba Oba (homenagem à casa de shows do Sargentelli), Zarza, Rally, Vortex e muitas outras.

A máquina Cavaleiro Negro é uma das mais lembradas, e foi muito mais do que "inspirada" na Black Knight, da Williams. A já mencionada Oba Oba também é uma "homenagem" à máquina Playboy, da Bally. E cada uma das outras, com apenas 2 ou 3 exceções, pode ser diretamente associada a uma máquina internacional "inspiradora", como a detalhada pesquisa do Megaman Zero demonstrou.

A Taito era a única marca internacional atuando nesse negócio por aqui naquele período, mas certamente não era a única empresa a usar a Reserva de Mercado como escudo para copiar impunemente a tecnologia e a jogabilidade dos pinballs do exterior: a LTD, sediada em Campinas, fazia o mesmo, usando as CPUs 6802 e 6803, da Motorola.

Era comum ambas as empresas lançarem versões "nacionais" para uma mesma máquina do exterior. Exemplo: o pinball Xenon, da Bally, deu origem à máquina Zarza, da Taito brasileira, e à Zephy, da LTD .



A revolução dos microprocessadores

Curiosamente, as primeiras máquinas de pinball produzidas pela Taito no Brasil, mais ou menos até 1978 (como Criterium e Roman Victory), eram engenhocas eletrônicas digitais (mas sem CPU), copiadas de modelos TTL da espanhola Recel. Elas deram grande prejuízo, sendo assoladas por problemas de usabilidade e dificuldade de manutenção devido à sua complexidade e à qualidade das peças disponíveis.

Logo em seguida a Taito do Brasil deu um salto tecnológico e, para copiar máquinas de pinball mais avançadas das grandes marcas dos EUA e do Japão (como como Bally, Williams, Gottlieb, Stern e Zaccaria), recebeu um investimento considerável da Taito japonesa e passou a usar um sistema adotando um microprocessador como CPU. O sistema foi desenvolvido localmente pelo funcionário Viggo Tristed (aparentemente usando modelos da Gottlieb como benchmark), efetivamente transformando as máquinas de pinball em computadores.

Durante os anos seguintes, as máquinas de pinball da Taito do Brasil passaram a usar o processador 8080, da Intel (lançado em 1974), comum em caixas registradoras, calculadoras e terminais da época. Os obstáculos e alvo continuavam a ser copiados dos sucessos do exterior, e a lógica interna continuou a ser criada por aqui, mas agora com bem mais possibilidade de recursos.

Entre as mais de 30 máquinas de pinball produzidas pela Taito do Brasil nos seus cerca de 10 anos de produção, consta que a de maior sucesso comercial foi a Cosmic (foto acima), versão nacionalizada da Galaxy, feita pela Stern – ambas lançadas em 1980.

Anos mais tarde, pouco antes de fechar as portas, a Taito do Brasil lançou algumas máquinas de pinball usando o processador Z80, da Zilog – bem mais avançado que o 8080, e usado em boa parte dos computadores pessoais da década de 80, incluindo o MSX, e até no videogame Master System, da Sega.

Por falar na empresa do Sonic, vale uma observação: a Taito do Brasil era a dona da marca Sega no nosso país. Antes de encerrar suas operações, a empresa vendeu a marca para a TecToy, por um valor elevado (mas controverso – uns dizem US$ 200.000, outros dizem US$ 1 milhão).

Os experimentos com o microprocessador Z80 nas máquinas de pinball podem ter relação com a tecnologia que a empresa utilizava no seu outro ramo de atuação: as máquinas de arcade.

Bootlegs: marretando os arcades

Em paralelo à produção dos pinballs, e igualmente tirando proveito da Reserva de Mercado de Informática, a Taito do Brasil se envolvia também na produção e distribuição de arcades (as máquinas de jogos com vídeo), que é a parte que mais me interessa na história toda, e até me inspirou a começar a construir meu próprio arcade.

Na época, era comum cada máquina de arcade ter sua própria placa, que é o conjunto de componentes eletrônicos (essencialmente um computador) que roda o jogo. Mas a Taito do Brasil não podia importar livremente essas placas variadas, nem detinha a tecnologia para criar as suas, então acabou definindo uma terceira via: as chamadas bootlegs.

Bootlegs são adaptações de jogos de arcade para que eles possam rodar em uma placa diferente (mais barata, ou aproveitando o hardware que estiver disponível) daquela para a qual foi feito, geralmente sem apoio, aprovação ou ciência dos criadores originais do jogo e do hardware.

No começo, o que a Taito do Brasil fez foi, basicamente, conseguir um suprimento de placas como as da imagem acima, desenvolvidas originalmente pela Nichibutsu para seu jogo Moon Cresta (1980), e que haviam sido licenciadas para uso pela Taito no Japão.

Essas placas de Moon Cresta se prestaram a muitos bootlegs pelo mundo afora, por uma razão simples: tinham um conjunto de componentes bastante completo e acessível na época, um pouco similares a um versátil computador pessoal MSX (que ainda não existia): CPU Z80, distinguindo RAM e ROM de programa, ROM de caracteres, RAM de sprites, RAM de vídeo, RAM de cenário, etc.

Padronizando em apenas um modelo de placa, ficava mais fácil para o corpo técnico da Taito no Brasil fazer seus próprios bootlegs, "bastando" dominar o processo de adaptar (quando feito para o Z80) ou reimplementar os jogos de sucesso do exterior. Isso quando já não havia um bootleg pronto, feito em outros países por pessoas com objetivos similares...

E foi assim que jogos da Konami (Super Cobra), da Nintendo (Donkey Kong) e de outras concorrentes internacionais da Taito chegaram, com outros nomes, aos fliperamas brasileiros da época.

Um detalhe: várias fontes indicam que a Taito New Zealand (também fundada por Abba Kogan, em 1980), encerrada em 1998, foi a responsável pela reimplementação de vários dos jogos distribuídos pela Taito do Brasil Ltda., e que o envio desses jogos era feito por link internacional de telex.

Jogo estrangeiro, nome nacional... em inglês

Você lembra de ter jogado Columbia e Fantastic, duas das máquinas populares da Taito no início dos anos 80? Pois saiba que na verdade você estava jogando Xevious (1982) e Galaga (1981), ambos da Namco, adaptadas e rebatizadas no Brasil.

A mudança de nome evitava um problema para a empresa, porque – apesar de a cópia do software estar relativamente abrigada pela Reserva de Mercado – as marcas registradas dos produtores originais poderiam vigorar no Brasil.

Mas ela acabou criando outro problema, desta vez para os jogadores da época, hoje com seus 35 anos ou mais, que muitas vezes procuram em coleções de emuladores os seus jogos preferidos da infância e não os encontram porque, por exemplo, estão procurando por Columbia e não por Xevious, que é o nome original.

Alguns dos nomes geram situações duplamente confusas. É o caso do Galaxian, que a Taito do Brasil distribuía com o nome de Attack, sendo que Attack, no exterior, era um jogo de tiro militar... da própria Taito.

Game Over



Tudo ia bem, a Taito produzia, vendia, locava, cobrava um percentual de outros operadores, e até as fichas eram vendidas por ela. Foi aberta até mesmo uma filial em Porto Alegre para montar e manter as máquinas para a região Sul.

Mas entre 1984 e 1985 essa história acabou de repente. Michael Kogan, fundador da Taito japonesa, morreu subitamente durante uma viagem de negócios aos EUA, o que levou a um breve período em que a companhia foi administrada diretamente pelos funcionários, até ser adquirida pela Kyocera, em 1986 (em 2005 a Kyocera a vendeu para a Square Enix, sua atual proprietária).

No mesmo período, a era de ouro dos arcades já estava no fim mundialmente, enquanto – até no Brasil, que tinha o Atari 2600 oficialmente desde 1983 – os videogames domésticos coloridos e computadores pessoais se desenvolviam. Para completar, a chegada de outras empresas interessadas em produzir e distribuir jogos eletrônicos acabou sendo um páreo duro para o estilo de gestão implantado na Taito brazuca.



O fim do interesse do público foi súbito. Segundo o relato de José Batalha Rodrigues, que foi funcionário da Taito do Brasil e, até 2013, foi um dos últimos técnicos da "velha guarda" ainda aptos a restaurar as máquinas dos anos 80 de memória – sem depender da escassa documentação existente e de experimentação/engenharia reversa –, o valor de mercado pulverizou de repente, no momento da popularização dos computadores pessoais e videogames. “De repente, a máquina não valia mais nada. O pessoal jogava fora, fazia fogueira...”, comenta.

Com tudo isso somado, em 1985 acabou sendo tomada a decisão de encerrar as atividades da Taito do Brasil Ltda., que foi extinta por iniciativa dos proprietários, após honrar todos os seus débitos e compromissos – não houve falência, concordata ou similares.

Abba Kogan foi viver sua vida de milionário internacional em Mônaco, não sem antes dar início a 2 novas empresas: a Taicorp Comércio e Empreendimentos Ltda., que existiu juridicamente até 2008, e a Playland, na qual a Taito e o Playcenter uniram esforços e capital para operar áreas de diversões em shoppings de todo o Brasil, ainda hoje em atividade.

Vida extra

Quando a Taito do Brasil acabou, em 1985, foi encerrada a produção local e a importação direta dos seus jogos, mas o acervo existente – a empresa produziu cerca de 25.000 máquinas no país – foi espalhado, vendido para grande número de operadores brasileiros que exploraram as máquinas durante boa parte da década seguinte.

A maior parte dessas máquinas hoje está inacessível por ter se deteriorado ou mesmo por estar nas mãos de colecionadores, mas – embora seja cada vez mais raro – ainda é possível encontrar algumas em rodoviárias e botecos de cidades pequenas, seja porque o operador fechou e não foi lá buscar, ou porque foi encontrada em algum depósito e colocada pra funcionar, ou ainda porque alguns poucos operadores da década de 1980 permanecem no ramo. Algumas também estão presentes em clubes e exposições, nas quais o público tem alguma chance de conseguir estar presente.

Quanto às que estão estragadas, restauradores cobram de R$ 8.000 a 20.000 para colocá-las novamente em condições de operação, e várias delas estão preservadas – ao menos como lembrança do seu funcionamento e visual – em emuladores.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Rock Grande do Sul 30 anos


O documentário "Rock Grande do Sul 30 Anos", conta em 35min um dos capítulos mais importantes do que hoje conhecemos como Rock Gaúcho. A épica trajetória que começa em setembro de 1985 com um show no Gigantinho, reunindo pela primeira vez somente bandas locais e um público de mais de 10 mil pessoas, culmina com a escolha de cinco bandas para participar de uma coletânea que colocou as bandas no mercado nacional. Pela primeira vez em um LP chegavam TNT, Garotos da Rua, Engenheiros do Hawaii, Os Replicantes e DeFalla na coletânea lançada pela RCA Victor chamada Rock Grande do Sul.

O documentário foi uma produção conjunta entre ZH, Atlântida FM e TVCOM, tendo na equipe os jornalistas Alexandre Lucchese, Fabrício Almeida, Lúcio Brancato e Porã Bernardes.

O Futuro é Vórtex

Documentário produzido pelo Radar TVE que narra em entrevistas a cena portoalegrense da segunda metade dos anos 1980, com destaque especial para o famoso Bar/Estúdio/Produtora/Gravadora/ Vórtex. 

De propriedade dos Replicantes, foi importantíssimo para o desenvolvimento do underground portoalegrense, lançando no mercado fitas demos consagradíssimas de bandas como "Os Cascavelletes", "Graforréia Xilarmônica", "Atahualpa y us Panquis", além de coletâneas.

O bar durou exatamente um ano, o tempo de contrato do aluguel, em 1987. Porém ainda está vivo no imaginário gaúcho, como um dos mais importantes ícones de todos os tempos.

O documentário conta com entrevistas de Wander Wildner, Carlos Gerbase, Alexandre Barea, Frank Jorge, Humberto Gessinger e King Jim. Nessa nova edição foram incluídas a entrevista com Luciana Tomasi e apresentação da Banda Replicantes, em 2015, no Radar, já com Julia Barth tocando o terror nos vocais.




Uma lancheria Rock and Roll


Caminhando pela Av. Oswaldo Aranha, um homem decide ser o primeiro a chegar e o último a sair da Lancheria do Parque. Partindo dessa experiência, este homem observa o funcionamento e os frequentadores de um dos mais clássicos estabelecimentos de Porto Alegre. Realiza-se, então, uma documental jornada pelo cotidiano de milhares de personagens porto-alegrenses.

Filme sobre um Bom Fim

"Filme sobre um Bom Fim" retrata o movimento jovem que ocorreu em Porto Alegre nos anos 80. O tradicional bairro Bom Fim foi o epicentro de uma transformação cultural fundamentada no surgimento do rock gaúcho, do cinema urbano, das experimentações na televisão e do teatro de rua, que caminharam lado a lado com outra expressões culturais do período, em cidades como Brasília, Rio, Salvador e São Paulo. O mundo era um antes do anos 80, então, tudo mudou.


quinta-feira, 14 de maio de 2020

Literatura Rocker

Um outro blog varia um resumo de cada livro , com as capas e tudo , mas eu não tenho saco , tirei um print da tela e meus amigos boa diversão.....

https://mega.nz/file/9ERRBQyJ#kI6cTC2NXH_Nzo5Do6EHlwRGJ8usF73c_k85Q771oKw

quarta-feira, 13 de maio de 2020

O "Lou Reed" sulista.


Gravado ao vivo no estúdio A Marquise 51 inverno de 2014

Julio Reny:  Vocais e Violão
Guilherme Wurch: Baixo
Oly Jr: Guitarra, Vocais
Marcio Camboim: Bateria

Feat: Dj Pía, Fábio Bockorny, Frank Jorge, Jimi Joe, King Jim, Lucas Hanke, Luís Henrique "Tchê" Gomes, Márcio Petracco, Nei Lisboa, Santiago Neto.

Direção/Roteiro: Lucas Hanke
Direção de fotos: Lucas Cunha
Câmeras: Pedro Gusmão, Lucas Cunha, Jiordano Toldo
Fotos: Cristiano Py
Cenografia: Beto Silva, Mauro Duarte, Kati Porto, Mari Martinez
Alessandra Rodrigues, Hector Vinícius, Dudu Yugueros, Tamir Farina, Lucas Hanke.
Elétrica: Mauro Duarte
Assistente de Produção: Alessandra Rodrigues, Sophia Altreiter
Figurinos: Mari Martinez
Make: Thais
Transporte: Saymond Roos
Luzes: Apema
Alimentação: Garota Larica
Gravação de áudio: Eduardo Yugueros
Mixagem, Masterização: Beto Silva
Assistente de áudio: Diogo Stolfo
Edição de vídeo: Avalanche
Produção: Marquise 51

Músicas:

1 - Amor e Morte (Julio Reny & Jack Vallandro)

2 - Não Chores Lola (Julio Reny)

3- Cão Vagabundo  (Julio Reny/Egisto Dal Santo)

4- Paisagem Campestre (Nei Lisboa/Chico Settineri)

Participação: Nei Lisboa

5- Alice no Pais da Ternura  (Julio Reny)

6- Café Marrakesh  (Julio Reny)

7- Cine Marabá (Julio Reny)

8- Jovem Cowboy (Julio Reny & Piá)

Participações: Cowboys Espirituais & Dj Piá

9- Expresso Oriente (Julio Reny)

10- Linda Menina  (Julio Reny)

11- Sandina (Jimi Joe)

Participação: Jimi Joe

12- Mil Noites  (Julio Reny)

13- Vento de Dezembro  (Julio Reny & Frank Jorge)

14- O mundo é maior que teu quarto (Marcio Petracco)

15- Você é tudo que eu quero (Bebeco Garcia)
Participação: Rockers

16- Uma tarde de outono de 73 (Julio Reny) / Adeus Companheiro (Julio Reny & Oly Jr)

YEah yeah yAEH

.

Alemoa Love Song

Alguém que entenda
os meus silêncios
e a minha melancolia
em cada final de tarde
que me arranque um sorriso
mesmo quando barra estiver pesada
Que me faça sentir importante
mesmo eu não sendo
Alguém que torne a vida leve e simples
mesmo ela sendo chata e sem sentido
Alguém que guarde os meus segredos
Que acalme a minha alma
com um simples beijo
Olhos verdes que me dizem
- Vamos tomar uma cerveja
e escutar um som ,
Porque amanhã é outro dia
mais um dia de confinamento
Nessa pandemia

Retornando

Andei perdido nessas pradarias virtuais , sentado num meio-fio bebendo cerveja no gargalo defronte a algum boteco daqueles loucos anos 80 ....porque entre os bares lola e ocidente , em Porto Alegre , o céu era repleto de comprimidos em forma de estrelas.

Bem nesses tempos de confinamento , epidemia , depressão e loucura , uma pequena contribuição do "Pior Blog da Rede" , para aliviar e relaxar a cabeça.

Chiclete com Banana era o título de uma revista que, na década de 1980 reunia uma nova geração de quadrinistas brasileiros, como Glauco, Angeli, Laerte, Luiz Gê, publicada pela Circo Editorial.



Angeli - Sexo uma Coisa Suja
https://mega.nz/file/pNo0CYwZ#aVLUqQliwpwEFQnpMlUijdpL43Sz39fmsAPuU6yZkO0

Chiclete com Banana Especial - Historias de Amor
https://mega.nz/file/gAhjhagb#g5cVrqNzVKjbf4E_G3It1Iei7h9TaLnTKn-zRnHFyOk

Laerte - Hugo para Principiantes
https://mega.nz/file/IIhAwI6Z#u7w4Yk-AmmdOjmW9SFDD74nTel0mZXwaeplu4tYtDJc

Los Três Amigos, Vol. 1
https://mega.nz/file/4NoBBCaQ#tiCxjN7rbqDekGyroX-L0_Kb2RbiXKYTo0JgjW6_MdA

Los Três Amigos, Vol. 2
https://mega.nz/file/YNwVTQxb#VZ1RSMKgo2X1li1197lPxhwTYLXQc_YSURpzs5NjP6Y

Overman - O Album O Mito
https://mega.nz/file/8Bw3VSTQ#_gP1dERUK8-98cRkzT9UyCMAls0NKjD3Dt0VONlSE7I

Re Bordosa - Vida e Obra da Porraloca
https://mega.nz/file/5Qx0FI6b#Xz8-Kfmd_fz9AoOlspSH5HQKcVewVnn44iGLLONPBo8

Re Bordosa ( Coleçao Sobras Completas 03 )
https://mega.nz/file/AVoBVCoB#PLZy9vLFrwc0HysnNdwScVxXzVTDoxuH0JvDaHUoxaQ

Revistas
https://mega.nz/file/hMgH1CQK#BqTPaDXjBVrS4ggyqzdSqyhFkxImykr66L29UvJqoFw

Serie Tipinhos Inuteis 07 - Os Skrotinhos
https://mega.nz/file/1F4RAaqJ#aO9Omh7p6NV9tIsy8m6_Pfp6BYkczMtMkhnulQG5Ayo

The Best of Chiclete com Banana 01
https://mega.nz/file/0NonCAwY#9gHhSNN5ciZILcRT9Iqotmb27G73sYDxzVJQuxdlVR8

Wood & Stock - Série Tipinhos Inúteis
https://mega.nz/file/0NonCAwY#9gHhSNN5ciZILcRT9Iqotmb27G73sYDxzVJQuxdlVR8

Wood & Stock - Sobras Completas
https://mega.nz/file/0NonCAwY#9gHhSNN5ciZILcRT9Iqotmb27G73sYDxzVJQuxdlVR8