sábado, 29 de agosto de 2015

Mary Mezzari




Não existe nenhum sentido
Você simplesmente foi embora
E tudo parece não fazer a menor diferença
As nuvens continuam a caminhar lentamente
No céu azul, mas eu sinto sua presença
Em cada canto, em cada palavra não dita
Não tenho lágrimas, mas sim sua gargalhada
Sua voz na minha cabeça

Valeu Mary , muito obrigado por tudo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Filmes de Terror - Eu Recomendo


Subempregos , Alcoolismo e Ereções Baratas

Caros amigos antes de mais nada não sou um escritor , mas sinto necessidade de escrever.As histórias ficam na minha cabeça arrastando-se nas minhas intermináveis noites de insônia....abuso das reticências e dos textos não revisados , talvez porque goste de escrever tomando uma cerveja e de uma forma meio que verborrágica, direta , sem interrupções.

Dito isso , um rascunho do início do primeiro capitulo de mais um não livro.

Seis horas da manhã de algum dia da semana, numa lanchonete de beira de estrada, bebendo o terceiro café preto sem açúcar em seqüência.Tentando manter os nervos no lugar, acendo mais um cigarro.As vezes não me lembro mais do que estou fugindo , ou finjo esquecer.Dói menos,mais fácil de suportar.

Com a sinceridade a flor da pele, que somente torna-se possível quanto se tem a absoluta certeza que jamais verá o seu confidente novamente, que nunca mais retornará ao lugar da confissão.

- Eu tenho medo de nunca mais conseguir sair da estrada.

Acaba-se gostando das vastidões , das pradarias silenciosas , dos motéis baratos com chuveiros que não funcionam direito, com televisores de 14 polegadas que não pegam nenhum canal ,com as garçonetes com histórias tristes , com bebedeiras em volta de uma fogueira.

Passado tanto tempo em não vejo mais nenhum sentido na minha vida  ”normal” anterior .Absolutamente nenhum.Conto os trocados, vou até o caixa ,pago a conta e deixo uma gorjeta para a garçonete de decote generoso e perfume barato.Talvez devesse ter tentado alguma coisa com ela, mas foda-se....ela não precisa desse capitulo na sua historia.

Tesão


Afinal, de onde surge o tesão? A visão de garotas seminuas trocando carícias, o odor de fluidos corporais repletos de hormônios, sons de gemidos ou palavras sujas sendo sussurradas, sabores afrodisíacos, toques em zonas erógenas – estímulos sensoriais despertam desejo sexual, na medida em que provocam o imaginário erótico. São as fantasias.

Todo mundo se imagina em alguma situação excitante no momento de se dar prazer. Isso é a fantasia: um trabalho mental que naturalmente incita a atividade sexual. Enquanto a fantasia existe apenas no plano ideal – é uma projeção mental –, o fetiche permite sua materialização no mundo real. Aquele detalhe específico que as faz tão excitantes. Uma parte do corpo, uma situação, uma veste, um lugar.

E levar meus desejos às últimas consequências não é apenas uma forma de solucionar o tesão, mas um exercício de autodescoberta – minha própria investigação da sexualidade.

Quem ganha e quem perde?

Tipo: Quem ganha e quem perde?
Se o ensino publico fosse Excelente?
Se sistema de saùde fosse de boa qualidade?
Se não existisse ma distribuição de renda?
Se não faltasse água e nem tivesse seca no nordeste?
Se a criminalidade fosse quase nula?

Milhares perdem e poucos ganham com essas situações..é somente pensar um pouco..e antes que me acusem de algo..sou anarquista

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Geração Beat


É relativamente seguro afirmar que se não tivesse havido as aventuras andarilhas dos beats, "descobrindo a verdadeira América" como eles gostam de afirmar, e a literatura posterior relatando estas descobertas, dificilmente se poderia conceber o movimento jovem da década de sessenta, nos termos em que se sucederam. Pois foi justamente esta literatura beat, com livros como "On The Road", que incentivaram milhares de jovens a deixarem os seus lares de classe média e igualmente irem explorar por si, seu próprio país. Porém diferentemente dos beats, muitos destes jovens criaram raízes pelo meio do caminho, formando colónias e comunidades alternativas. 

A palavra beat em si é sinónimo para batida ou compasso (seja musical ou cardíaco). A palavra também significa ser vencido. O termo "beat" é gíria antiga, utilizada nas ruas entre as pessoas de poucos meios, basicamente reafirmando a ideia de estar cansado e vencido (pela vida). O termo também passou a ser usado pelos marginais para designar uma negociação de tráfico que terminou mal. Pagar por heroína e descobrir depois que levaste açúcar ou talco, é ser beat (vencido). 

O termo beat tornou-se popular entre as décadas de trinta, pós-recessão e quarenta, pós-Segunda Guerra Mundial. Para aqueles que viveram estes tempos na ponta mais baixa da escada social, ser beat é roubar ou ser roubado, é estar no mais baixo da baixaria. É estar sem dinheiro, sem tecto, ou sem a dosagem diária necessária de birita ou entorpecente para se atingir o nirvana particular, evitando assim as cólicas da abstinência que ficam sempre à espreita, aguardando escondido nas partes mais sombrias do seu id. 

A geração que surgiu entre estes dois períodos foi definida por Jean-Paul Sartre como sendo 'The Lost Generation' - A Geração Perdida. Sua alcunha procurava passar o sentimento de angústia, abandono e desespero daquele período. Recordando o termo Geração Perdida, reza a lenda que sentados numa cafeteria em Times Square, no meio de um Novembro gélido de 1948, Jack Kerouac e John Clellon Holmes procuravam uma definição para a falta de perspectiva que viam e sentiam ao seu redor. Foi quando Kerouac casualmente filosofou, "somos mesmo uma beat generation". Holmes pulou da cadeira como quem acaba de testemunhar uma revelação divina, e gritou: "É isso! Você tem razão!" 

Quem são os Beats? 

"Aparentemente sou algum especie de agente de outro planeta. 
Mas não tive minhas ordens decodificadas ainda" 
- William Burroughs 

Então, está tudo explicado e definido? Bem... talvez não. Cada um dos escritores identificados como sendo beat definem o termo de uma maneira diferente, quase sempre sob um prisma pessoal. De todos, Kerouac foi o primeiro a fazer questão de dispensar definições mais objectivas, dando-se ao trabalho de utilizar a palavra "beat" em contextos diferentes, mantendo assim um aspecto indefinível para o termo. 

Outros poetas da chamada geração beat, igualmente desconfortáveis com o modismo que o termo passou a atrair, tentam esvaziar o excesso de mítica criada. Gary Snyder, poeta e autor do livro "Myths And Texts", falou certa vez meio a brincar, que não existia na verdade nenhuma 'Geração Beat' pois meia dúzia de pessoas não constituem uma geração. Aparentemente este também é o raciocínio de Hettie Cohen Jones, autora do livro "How I Became Hettie Jones". Ela deduziria que o termo Beat Generation era um nome mal empregado pois, naquela altura, toda a Geração Beat cabia na sua sala de estar, e no seu entender, uma geração inteira não poderia caber em apenas uma sala. 

Seria Allen Ginsberg quem mais se esforçaria a definir e projectar o termo beat e a consciência literária que ele sugere. Seu esforço promocional era direccionado para conseguir publicações em revistas de renome e status. Não somente para os seus trabalhos, como também para os dois amigos, cujo trabalho Ginsberg mais respeitava e admirava, Jack Kerouac e William Burroughs. Ginsberg porém, nem sempre foi tão obstinado quanto ao seus objectivos. Ele sofria de dúvidas constantes sobre tudo que ele acreditava que a literatura deveria ser. Isto é, até certo dia, quando recitou "Howl". 

É possível concluir hoje em retrospectiva que existiam dois grupos ou segmentos distintos de beats. O primeiro, surgindo em Nova York durante a década de quarenta e o outro, se encontrando em San Francisco na década de cinquenta. O grupo inicial, formara-se sem premeditação quando Jack Kerouac, Allen Ginsberg, John Clellon Holmes, William Burroughs, Herbert Huncke, Lucien Carr, Hal Chase e Gregory Corso se conheceram em diferentes ocasiões durante o decurso do ano de 1943. No ano seguinte conheceram Neal Cassady, de passagem em Nova Iorque vindo do oeste. Juntos e individualmente, criaram uma poesia urbana e uma forma ou estilo de escrever específico e à parte de qualquer outro estilo corrente. 

Quase uma década depois, Ginsburg e Kerouac vão juntos para o oeste à procura de Neal Cassady. Primeiro Ginsburg e mais tarde Kerouac acabam por se fixar em San Francisco, ainda que por um curto período. Lá acabam atraídos e atraindo poetas igualmente inconformados com a América dos anos cinquenta. Uma América onde o boom industrial mais servia como um sedativo, fazendo cada nova invenção em electrodomésticos o principal factor de interesse das massas. 

Neste segundo grupo estão poetas, escritores, artistas e intelectuais como Lawrence Ferlinghetti, Gary Snyder, Kenneth Rexroth, Norman Mailer, David Meltzer, George Herms, Wallace Berman, Bruce Conner, Philip Lamantia, Michael e Joanna McClure e vários outros. Abriram a percepção que estava fechada em literatura urbana para algo mais abrangente, atingindo a pintura e escultura, como também uma literatura que possa falar não só da cidade, como do campo e do espírito. Pode-se deduzir que foi em San Francisco que o beat se tornou de facto um movimento. 

Foi em San Francisco, no dia 7 de outubro de 1955, que um grupo de poetas desconhecidos, sem onde ou como apresentar seus trabalhos, resolvem desafiar o que era considerado bom gosto, e fizeram um recital gratuito em uma galeria velha que ficava no bairro negro da cidade. Colocaram cartazes pelos arredores, incluindo o bairro latino vizinho, e realizaram o recital. A galeria chamava-se “The Six Gallery”, e na verdade tratava-se de uma antiga oficina mecânica transformada naquele ano em galeria de arte. Kerouac, recém-chegado em San Francisco e desconhecido ainda da maioria destes poetas desconhecidos, estava presente apenas como espectador. Ele logo tratou de promover uma vaquinha angariando recursos para comprar algumas garrafas de vinho barato por oitenta e cinco centavos o galão. Tornou-se então parte do programa a distribuição gratuita de vinho tanto para os artistas como para o público, que se calcula em torno de cento e cinquenta pessoas presentes. 

Esta era uma época de repressão moralista, de guerra fria e caça aos comunistas. A censura já conseguira taxar como pornografia para então proibir quadros e livros produzidos dentro do período. Então para o público presente, composto de muitos negros e latinos, imigrantes de vida difícil, o recital com os seus poemas questionando tantas certezas do modo de vida americano, soou particularmente real. Talvez tenha sido o vinho. Ou o cunho subversivo dos pensamentos em relação com a corrente em prática. Talvez não. Até porque não é subversivo, é contracultura, em sua forma mais pura e plena, sem a máquina promocional diluindo sua integridade. Talvez o público tenha ouvido com atenção, aplaudindo de pé, manifestando sua concordância com estes pensamentos e ideias oferecendo gritos espontâneos de é isso aí, porque estas mesmas desilusões eram vivenciadas na pele deles também. 

Tendo Kenneth Rexroth como mestre de cerimónias, o programa abriu naquela tarde com Philip Lamantia e as suas poesias surrealistas. Seguiu então Philip Whalen, que em seus poemas misturava de forma convincente o género e ironia beat com teologia Zen budista. Michael McClure recitou poemas sobre a natureza, seja retratando o assassinato de baleias ou amores intensos. Gary Snyder explorava histórias com aventuras na natureza, para oferecer profundos conceitos ecológicos. 

Por último, recitou Allen Ginsberg, já com vinte e nove anos; neste dia lê pela primeira vez em público, aquele que é considerado até hoje, o poema mais famoso e representativo de toda contracultura beat, "Howl for Carl Solomon". 

"Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura, 
esfomeados nus e histéricos, 
arrastando-se pelas ruas negras no poente 
à procura de um rancor injetável". 

Após este evento, deu-se início a uma espécie de renascimento da poesia em San Francisco. Começavam a brotar espaços, com recitais em bares e festas praticamente todas as semanas na cidade. Nas palavras de Gary Snyder: "Tivemos a nítida sensação de termos alcançado uma liberdade de expressão, termos nos libertados da Universidade que tanto sufocava os poetas, indo além da tediosa e inútil discussão sobre Bolchevistas versus o Capitalismo que tanto esvaziava a imaginação de tantos intelectuais do mundo". 

O poema já foi interpretado de várias formas, e o consenso sugere que se tratava de impressões sobre a vida e a mente humana. Uma visão das entranhas da era Eisenhower, representando as pessoas sofridas e marginalizadas, tornando-se sua voz. "Howl" - Úivo! - é descrito pelo próprio Ginsberg como sendo montado em três partes como uma pirâmide. Trata-se de um protesto contra a automatização desumana da cultura Americana, como também a afirmação da compaixão humana individual. Credita-se a esta leitura no Six Gallery, para uma audiência apreciativa e entusiástica, o ponto crucial para que Ginsberg percebesse sua vocação, perdendo toda e qualquer dúvida que até então lhe atormentava a mente. Todavia Ginsberg não usava o termo "escritor da beat generation", este somente passaria a ganhar asas no final de 1957, após o lançamento de "On The Road" de Jack Kerouac. 

A Popularização do Beat 

"Imaginação não é apenas sagrada, é necessária. Não é apenas feroz, é prática. Homens morrem todos os dias pela sua ausência, ela é vasto e elegante". 
- Diane Di Prima 

Entre a leitura de "Howl" na Six Gallery em 1955 e a publicação de "On The Road" em 1957, houve o famoso processo jurídico onde Lawrence Ferlinghetti, ao publicar o livro "Howl and Other Poems" de Allen Ginsberg, passou a ser acusado pelo governo de promover pornografia. É um momento histórico desfavorável à mudança, onde há no governo dissidências radicais. Liderados pelo Senador Joseph McCarthy, criou-se uma cruzada contra actividades rotuladas anti-americanas. No final do julgamento, o poema não só foi inocentado, como definido como sendo "de valioso conteúdo social". Mais importante ainda foi a cobertura diária da imprensa no julgamento, que tornou os termos Beat, Beat Poet e Beat Generation repentinamente conhecidos por todo o país, embora raros seriam aqueles que realmente entendiam do que se tratava. 

Esta seria uma das primeiras vitórias da arte sobre a censura dentro deste período histórico americano. Mas se a poesia conseguiu vencer na justiça porque não testar as leis com prosa? Foi o que fez Barney Rossett, o corajoso dono da Grove Press, ao publicar o livro "Lady Chatterley's Lovers" de D. H. Lawrence. Romance impregnado de descrições de conduta sexual, dentro e fora do casamento, o livro foi igualmente taxado como pornográfico pela censura, rendendo outra disputa na justiça avidamente acompanhada pela imprensa. Rossett tinha-se colocado numa posição em que poderia ser mandado para a prisão e defendeu inteligentemente o livro. A justiça deu-lhe razão e os escritores de romance puderam escrever mais aliviadamente. 

Enquanto estes julgamentos se desenrolavam, "On The Road", escrito em 1951, contando uma série de aventuras que haviam acontecido cerca de cinco anos antes, é finalmente publicado. Jack Kerouac, que se chamava aliás Jean-Louis Lebris de Kerouac e crescera a falar um dialecto do francês canadiano, o joual, escreveu o livro de um modo muito especial: um longo rolo de folhas de papel coladas umas às outras – como as folhas de um blogue que estivesse exposto num ecrã gigantesco e no qual nunca houvesse esquecimento. Estava mal escrito do ponto de vista dos escritores perfeccionistas, por corrigir, por rever, embora Kerouac estivesse a trabalhar no texto desde 1950. 

Como que desafiando a justiça a condená-lo, Rossett publicou outro livro, o romance beat intitulado "Naked Lunch", de Williams Burroughs. Este romance não só falava de sexo fora do casamento, mas sexo dentro do casamento com a adição de múltiplos parceiros. Criava cenas contendo sexo homossexual, além de uma contínua prática no uso indiscriminado de entorpecentes pelo seus personagens. Em cada uma destas batalhas judiciais, que acabavam geralmente ganhas pelas editoras, a cobertura da imprensa servia para promover o livro e o autor. Foi assim que América como um todo descobre o movimento literário chamado Beat. 

A literatura beat passa a ser ao mesmo tempo elogiada por alguns críticos, e arrasada pelas associações literárias conservadoras e mote de gozos da imprensa em geral. É neste contexto que nasce o termo Beatnik, que surgiu no San Francisco Chronicle em uma coluna assinada por Herb Caen em Abril de 1958. O sufixo nik, inspirado do Sputnik, oferece ao beat, a sugestão de ser subversivo, uma vez que Russos e Americanos simbolizavam a antítese entre Comunismo e Capitalismo. Não demoraria muito e Beat seria compreendido como um estilo de escrever, e Beatnik um estilo de viver. Curioso é como o nome beat ressoa bem no subconsciente da mecânica da sociedade consumista. Menos de dois meses depois de "On The Road" e ainda com todo o bruá em relação ao julgamento, o termo passa a ser usado em anúncios da editora Atlantic para vender discos de jazz. 

Foi justamente com este excesso de publicidade em relação aos beats que se criou em San Francisco o que passou a ser visto como o circuito turístico, concentrando-se primordialmente em North Beach, ponto antigo dos beats originais. Passou a aglomerar no local uma horda de gente jovem, a maioria querendo ser ou passando por beats, todos estereotipados com boinas, barbichas e costeletas largas, óculos escuros e tocando bongós enquanto ouvem jazz. O sítio morrera para os autênticos beats, e muitos voltaram para a estrada, alguns indo parar ao México, outros à Europa e ao norte da África. 

Se a referência original do termo beat era de conotações negativas, foi Ginsberg quem mais se esforçou em abrir o termo para englobar aspirações mais positivas. Beat é tratado como um algo que sugere uma percepção abrangente, aquele que observa sempre de olhos bem abertos. O termo passa a implicar que quando algo é Beat, automaticamente oferece uma percepção particular e real da natureza das coisas. Ser beat é ser aberto e receptivo para uma visão. 

Clellon Holmes seria um dos que mais romantizaria a vida beat, transformando degradação e desencantamento em busca intelectual de novos valores. Ele iria definir beat como sendo a versão Americana para o existencialismo europeu. Ser beat, segundo Holmes, era "despir a mente e a alma. Optar por reduzir-se ao que é mais básico, no lugar de aceitar a visão convencional de uma América complacente, próspera e homogénea". Quando, em Fevereiro de 1958, foi solicitado pela revista Esquire a definir o movimento do qual fazia parte, escreveu o hoje famoso artigo "The Philosophy of the Beat Generation". Nele Holmes faz questão de esclarecer que a qualidade principal dos personagens do livro "On The Road" de Jack Kerouac, não era a de serem vagabundos boémios ou destruidores de ícones, mas sim, o fato de estarem em uma busca, que chega ser de uma natureza espiritual. Holmes conclui no final que o Beat Generation é basicamente uma geração religiosa. 

Jack Kerouac, que até então sempre fugiu de definições mais específicas, ao ler o artigo de Holmes irritou-se por encontrar nele constantes referências às drogas. Isto acabaria por motivá-lo a publicar a sua versão no curioso artigo intitulado "Aftermath: The Philosophy of the Beat Generation", na mesma revista Esquire no mês seguinte. Nele, Kerouac também romantiza um pouco a alienação social dos Beats originais, tornando-os ainda mais atraentes. Define sua geração como "louca, iluminada, viajando pela América à boleia." Kerouac usa expressões como estando por baixo, porém cheias de intensidade. Utiliza adjectivos como sérios, curiosos, beateiros, e concluindo que os Beats são belos de uma forma feia, porém graciosa. 

Kerouac faz questão de frisar que o termo nada tem a ver com delinquência juvenil. Beats são pessoas espiritualizadas que não montavam gangues para agredir pessoas, mas pelo contrário, eram andarilhos solitários, porém solidários. 

A Herança Beat no Rock? 

Seria também Kerouac quem primeiro observaria e tentaria traçar uma linha entre os Beats originais da década de quarenta e uma nova geração de jovens que surgia na década de cinquenta. Geração esta que abraça e absorve o que era Beat. Eles são definidos por Kerouac como sendo uma geração pós-Guerra da Coréia, que por um milagre da metamorfose, emerge "cool" e "beat". De fato, vêm desta nova geração a maior parte das nossas referências para a conduta rebelde que seria definida como sendo roqueira nas décadas seguintes. 

A linguagem e roupas dos "hipsters" passam a ser adaptadas pela nova geração via cinema. A herança Beat no rock 'n' roll provém inadvertidamente através de imagens geradas pelos ícones da tela grande, propagando a moda Beat que podem ser reconhecidos através de Montgomery Clift com o seu blusão e Marlon Brando com a camiseta, ambos absorvidos e reflectidos nos jovens com ainda maior intensidade através de James Dean. Por último, temos Elvis Presley com as costeletas largas. 

Portanto definir o que é Beat, ou Beatnik continua a ser um exercício improdutivo. A força do termo podendo estar no seu poder de existir sem uma categoria ou definição definitiva. Podemos apenas definir o período, que se caracteriza por ser pós-Segunda Guerra Mundial, tendo sua auto-consciência ocorrido em 1948, mas "descoberta" pelos média quase uma década depois. Com a descoberta, veio a maior aceitação e por conseguinte, maior facilidade de seus autores de conseguir publicar obras que, em alguns casos, tinham sido escritas com até dez anos de antecedência. 

A mais óbvia herança é a importância que a cidade de San Francisco ganhou, ponto dos Beats quando surgiram via imprensa para o povo, e mais tarde, já na década seguinte, ponto dos hippies e do surgimento do chamado Acid rock. A cidade passaria então a ser considerada e hoje ainda lembrada como sendo a capital dos hippies. O fim do período mais popular dos Beats, como sendo a ponta de lança de uma nova consciencialização, pode ser detectado em 1966, quando a nova geração de jovens intelectuais, os novos "hipsters", embora prezando os Beats, já não se consideram como uma extensão do que foi Beat. A geração de sessenta opta por substituir o jazz por Bob Dylan e rock 'n' roll. Igualmente acabam substituindo a liamba (canabis) por LSD (como alguns Beats o substituíram por morfina). Finalmente afastam-se de nomes como Beat e Beatnik para definir-se. Não são mais hipsters. Agora são hippies. 

Vários dos Beats originais se dedicavam ao budismo, comprovando a tese de que a verdadeira geração Beat era mesmo espiritualizada. Philip Whallen tornou-se um pastor Zen budista e abade do centro Zen em San Francisco, onde actuou por mais de vinte e cinco anos. Gary Snyder, além de budista, tornou-se um ambientalista actuante conhecido internacionalmente. Michael McClure gravou alguns poemas com Ray Manzarek ao piano colorindo e acentuando passagens, muito como Jack Kerouac havia feito no início de sessenta com Steve Allen ao piano. 

Entre outros Beats que ou gravaram ou apareceram em filmes está Laurence Ferlinghetti, que lê um poema no filme "The Last Waltz" de Martin Scorsese. Ken Kesey teve o seu livro "One Flew Over The Cuckoo's Nest" transformado em um filme digno a vencer um Oscar. Mas ninguém esteve em todas como Allen Ginsberg. Durante décadas Ginsberg esteve em vários dos grandes festivais e shows importantes. Andou com Bob Dylan, definindo-o como a maior confirmação de que a sua geração Beat não será como uma rua sem saída. Diz Allen, "Quando eu ouvi 'Masters of War' eu chorei. Foi a noção plena que a tocha foi passada para a próxima geração." 

Conheceu, conversou e fez amizades com um cem número de personalidades, principalmente no meio musical. De Charles Mingus a Philip Glass, de Beatles e Stones a Clash e Sonic Youth. Allen Ginsberg gravou e apresentou-se com Ornette Coleman, Elvin Jones, Herman Wright, Bob Dylan, Dave Mansfield, Arthur Russell, Philip Glass, Steven Taylor, The Clash, The Lounge Lizards, Arto Lindsay, Bill Frisell, Marc Ribot, Paul McCartney, Lenny Kaye, Patty Smith, Gus Van Sant, Thurston Moore e Lee Ranaldo. 

Outro dos mais badalados entre os Beats originais é William Burroughs. Igualmente conheceu bem os Rolling Stones quando estes se hospedaram no mesmo hotel que o seu em Tanger, Marrocos. Fez amizades com Lou Reed e David Bowie na década de setenta. Andou com Patti Smith, tendo até comparecido na festa de seu vigésimo nono aniversário. Os seus textos e as suas personagens dariam nome a inúmeras bandas das décadas que se seguem. Na década de oitenta grava com Laurie Anderson a canção "Sparkey's Night" e depois ainda faz uma pequena aparição no filme "Home Of The Brave", da musicista minimalista. Aparece também em outra ponta no filme "Drugstore Cowboy" de 1989. 

Na década de noventa, teve seu romance "Naked Lunch" finalmente transformado em filme. Infelizmente o escritor já havia falecido. Tributos incluem poemas escritos por respeitados poetas roqueiros de Nova York como Richard Hell e Patti Smith. Talvez William Burroughs seja mesmo o nome que mais se vê ligado ao rock. Basta ler alguns de seus romances que serão encontrados expressões como Heavy Metal, Steely Dan, Soft Machine, Naked Lunch e Soft Boys. Todos nomes de livros ou personagens criadas pela mente de Burroughs e que hoje representam nomes de bandas, algumas mais conhecidas do que outras. 

A geração Beat acabou, os grandes e mais lembrados nomes estão todos falecidos. Jack Kerouac, Neal Cassady, LeRoy Jones, John Clellon Holmes, Herbert Hunkle, William Burroughs, e por último, Allen Ginsberg. Embora sem a aura do termo, encontram-se poetas que escrevem dentro de um estilo compatível com o Beat. E, de tempos a tempos, encontramos poetas musicalmente inclinados que acabam tendo uma carreira relevante, se não popular. Nomes como Ed Saunders, Tuli Kupferberg e Ken Weaver, três escritores que montaram a banda The Fugs na década de sessenta, Patty Smith e Tom Waits na década de setenta, Nick Drake na década de oitenta e John Hall na década de noventa. Aguardamos para conhecer quem irá surgir durante a primeira década deste novo milénio.

domingo, 16 de agosto de 2015

Há 41 anos, Ramones fazia primeiro show no CBGB.



Foi em 16 de agosto de 1974, uma sexta-feira quente de verão, que a formação clássica do Ramones subiu pela primeira vez ao palco de uma casa de shows: o emblemático CBGB, um bar de música ao vivo em formato de garagem no número 315 da Rua Bowery, em Nova York. Naquele espaço nada convidativo, Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy Ramone, quatro músicos com pouca experiência em seus instrumentos, encararam uma plateia real pela primeira vez como um quarteto.

A plateia, na verdade, era apenas um punhado de gente: não mais do que dez pessoas, incluindo os funcionários da casa e alguns cães, segundo testemunhas que pagaram US$ 2 para entrar no bar malcheiroso de 50m por 7,5m. A banda tocou de seis a sete músicas de maneira acelerada e pouco precisa, entre elas "Judy is a Punk", "I Don't Wanna to Go Down to the Basement", "Now I Wanna Sniff Some Glue" e "I Don't Wanna Walk Around With You", mais tarde eternizadas no álbum "Ramones" (1976). Tudo em impressionantes 15 minutos.

Com músicas que mal ultrapassavam um minuto de duração e uma postura tão desajeitada quanto espontânea, o quarteto formado no bairro do Queens criou fama na recém surgida cena new wave de Nova York muito por causa da natureza folclórica de suas apresentações. Faixas cruas com poucos acordes e letras sobre problemas mentais, amores destrutivos, drogas recreativas e filmes de terror eram tocadas de forma furiosa e na velocidade da luz.  

Não raro os integrantes discutiam entre si nos intervalos das canções. "A gente parava para brigar sobre qual música tocaríamos em seguida", contou o baterista Tommy Ramone em uma entrevista na década de 1980. "Um ponto alto foi quando cada um começou a tocar uma música diferente e só fomos perceber na metade".

Antes de encarar o diminuto palco do CBGB, o Ramones passou meses ensaiando no estúdio Performance, onde trabalhava Monte A. Melnick. Gerente de turnê do grupo por mais de 20 anos, nos primeiros meses ele foi o responsável por "diversos trabalhos, como cuidar do som, roadie, agente de viagens, motorista etc", conforme ele, que é considerado o "quinto Ramone". 

“No início, a banda era muito, muito crua. Eles ainda estavam trabalhando na presença de palco e em como tocar os instrumentos. Foi por isso mesmo que eles se sentiam muito confortáveis em desenvolver isso tudo ali”

Nos primeiros ensaios, a banda era um trio: Dee Dee no baixo e vocal, Johnny na guitarra e Joey na bateria. Meses depois, Tommy, que era promotor do grupo, se arriscou nas baquetas, para Joey então assumir a voz principal. Definida a formação de quarteto, o Ramones agendou o primeiro show oficial no CBGB abrindo para uma banda chamada Angel and the Snake, que mais tarde se consagraria com o nome Blondie. "É claro que todos aqueles ensaios no Performance fizeram uma diferença. Ali eles puderam desenvolver os primórdios da música deles e a atuação no palco", afirma Melnick, que é autor do livro "Na Estrada com os Ramones".

O proprietário do bar, Hilly Kristal, não tinha a pretensão de inaugurar uma meca do rock. A ideia inicial era atrair artistas de música regional, daí o nome da casa: "CBGB & OFMUG", sigla para "Country, Bluegrass e Blues & Outras Músicas para Glutões Refinados", na tradução livre. Mas com o pouco movimento no bar, Kristal cedeu espaço a outros gêneros, a partir de 1974. A primeira aposta surgiu em março com o quarteto local Television, e a chance ao Ramones foi oferecida em agosto.O CBGB de 1974 era bem diferente da casa de shows abarrotada que viria a se tornar anos mais tarde. O palco era pequeno, cercado por mesas e cadeiras, e parte do espaço era ocupado por uma mesa de sinuca monopolizada por membros do grupo de motociclistas Hell's Angels. Pôsteres de estrelas de cinema antigo, como a atriz alemã Marlene Dietrich, decoravam as paredes encardidas. O piso era sujo e o aroma do ambiente era desagradável.

"Quando descarregamos o equipamento para a passagem de som, tínhamos que tomar cuidado com ratos e merda de cachorro no chão. Assim que você entrava lá, o cheiro da cerveja fermentada era tão poderoso que fazia você querer voltar pra rua. Eles não tinham banheiros, então o público mijava onde estivesse", declarou Dee Dee em sua biografia, "Coração Envenenado - Minha Vida com os Ramones" (Ed. Barracuda). Melnick relata uma visão menos sombria. "O CBGB era um um bar tosco e bem hardcore, mas com os anos o mito de ser tão sujo foi bastante exagerado".

Com o tempo, cada Ramone concedeu lembranças detalhadas sobre a noite de 16 de agosto de 1974. Johnny definiu a experiência como "um ensaio para dez pessoas". Joey relatou que "não havia quase ninguém". "Só o bartender e o cachorro, mais dois caras dos Cockettes", disse, referindo-se a Gorilla Rose e Tomata du Plenty, membros de um grupo teatral de drag queens de San Francisco. "O clima era de cabaré", descreveu Dee Dee. "O público parecia um monte de abóboras iluminadas na cerca do cemitério em noite de Halloween. Eles nos deram força durante o show, ficavam gritando, uivando e aplaudindo dramaticamente entre cada música".

No palco, a simplicidade combinava com a inexperiência. Não havia cenário atrás da bateria de sete peças de Tommy, e apenas dois amplificadores da marca Mike Matthews Freedom forneciam o som, equilibrados sobre cadeiras de madeira. Posicionado do lado esquerdo, Dee Dee usou um baixo Danelectro (que tocava sem palheta), enquanto do lado direito, Johnny tocou uma guitarra Mosrite azul --ambos instrumentos foram comprados seis meses antes. Os dois inverteriam a posição no palco shows depois, mas esta não seria a única mudança estética do grupo.

Visualmente, aquele proto-Ramones pouco remetia à banda uniformizada de modo quase militar, com jeans, jaquetas de couro e tênis, trajes que fazem da banda hoje um ícone fashion. Pelo menos naquele e nos 15 shows seguintes no CBGB, o Ramones foi influenciado pela moda glitter. A inspiração era o grupo New York Dolls, de visual espalhafatoso, penteados exagerados e maquiagem feminina.

Na estreia, Johnny vestia calças prateadas de lamê e uma jaqueta de couro com gola de pele de leopardo. Joey, que já havia tocado em uma banda glam chamada Sniper e era conhecido na cena noturna de Nova York pelo pseudônimo de Jeff Starship, era adepto de calças de couro e botas plataforma.

"Essas eram as roupas que usávamos para sair e assistir ao New York Dolls, mas e agora que estamos começando uma banda, o que fazer?", questionou-se Johnny em "Commando - A Autobiografia de Johnny Ramone" (ed. LeYa). "No início, era tentativa e erro. O glitter ainda estava em alta. A gente sabia que precisávamos nos livrar das botas de plataforma e tudo o mais, e nosso visual estava se desenvolvendo, mas isso não era importante como se tornaria depois. Ninguém ia nos assistir. E nenhuma banda irá se parecer igual no primeiro show e após um ano de estrada".

A performance de palco também era diferente do avassalador estilo rolo compressor que se tornou a marca do Ramones: Joey fazia da atuação a razão de sua vida, com movimentos espasmódicos, curvando-se ao pé do microfone, despencando do palco e eventualmente machucando os joelhos. Dee Dee saltava desengonçado e não raro derrubava o pedestal do microfone ou se perdia nas próprias notas.

Tommy exibia pouca desenvoltura e parecia um boneco de corda, dados os movimentos duros com que espancava na bateria. Apesar do figurino inusitado, Johnny já exibia a expressão intimidante e a precisão clínica que o tornaram famoso, espancando a guitarra com violentos movimentos para baixo, de braço e punho. Anos mais tarde, Kristal, que morreu em 2007, relembrou aquela noite no site do CBGB: "Eles começavam e paravam o tempo todo, o equipamento dava problema, e gritavam uns com os outros. Era uma bagunça".

Melnick concorda com as palavras de Johnny sobre o clima de ensaio que imperava nas primeiras apresentações. "No início, a banda era muito, muito crua. Eles ainda estavam trabalhando na presença de palco e em como tocar os instrumentos. Foi por isso mesmo que eles se sentiam muito confortáveis em desenvolver isso tudo ali".

“Tocamos 15 minutos e fomos imediatamente um sucesso. Nós quatro tínhamos uma química insana. No final, arremessei meu [baixo] Danelectro para cima e o deixei quicar no chão até quebrar. Achei que era a última palavra em glamour” Dee Dee Ramone.

Apesar dos tropeços, aquele Ramones novato impressionou os poucos felizardos que os viram em condições singulares. "Eles eram fantásticos, tinham uma coisa muito específica", declarou Chris Stein, guitarrista do Blondie. Alan Vega, vocalista da banda Suicide, foi além: "Eu adorei o nome, e o jeito como eles começavam cada música com Dee Dee gritando 'one, two, three, four' no microfone", descreveu no livro "Eu Dormi com Joey Ramone" (ed. Dublinense), biografia escrita por Mickey Leigh, irmão do vocalista.

Johnny teria comentado: "O Alan do Suicide me falou: 'Uau, era isso o que eu estava esperando! Vocês são incríveis!' Falei para o Dee Dee que o cara é doido, e que, se conseguimos enganá-lo, talvez conseguíssemos enganar mais gente. E a cada novo show mais pessoas apareciam".

Dee Dee, por sua vez, teve certeza de que a noite havia sido perfeita. "Tocamos 15 minutos e fomos imediatamente um sucesso. Nós quatro tínhamos uma química insana", escreveu. "No final, arremessei meu Danelectro para cima e o deixei quicar no chão até quebrar. Achei que era a última palavra em glamour". Naquela mesma noite histórica, quando deixou o bar bêbado às 4 da manhã, o baixista conheceu Connie, que se tornaria sua namorada e com quem experimentou anos de um relacionamento destrutivo, movido a heroína e violência.

Pais do punk

Há quem diga que, não fosse a frequência com que tocou no CBGB --74 vezes em cinco anos--, o Ramones não teria alcançado o status de ícone incontestável do punk rock. Mas para Melnick, o destino do grupo já estava escrito e teria acontecido mesmo sem a boa vontade de Hilly Kristal, que permitiu que o grupo continuasse se apresentando no bar nas semanas seguintes.

"O CBGB deu a muitas bandas um marco inicial para o desenvolvimento de seus trabalhos. Os Ramones tinham uma vontade incontrolável de tocar a música deles em qualquer lugar. Se não fosse ali, teriam encontrado outro local para começar", diz. A última vez em que o Ramones tocou no CBGB foi em 10 de abril de 1979. Em 2008, o local foi reformado e passou a abrigar uma loja de grife do estilista John Varvatos.

A vontade inabalável de dar certo e o foco profissional obssessivo e quase ingênuo fizeram o Ramones persistir e, ainda que tardiamente, ser considerado uma das mais influentes bandas da história da música. "Eles tinham uma visão, eram muito dedicados ao que tinham na cabeça e trabalharam muito duro na direção desse objetivo", crê Melnick, que se orgulha de ser a única pessoa do mundo a estar presente nos 2.263 shows dos 22 anos do grupo.

"Em qualquer lugar que eles tocassem, os garotos os viam como se olhassem a si próprios, algo como: 'A gente também pode fazer isso', e assim novas bandas se formaram nos Estados Unidos e ao redor do mundo", define. "Eu sou feliz de ter tido a chance de fazer parte desse icônico legado musical."

Pensamento do Dia


A servidão moderna é uma escravidão voluntária onde não há o chicote, mas há o desejo do consumo. Somente a verdade é revolucionária!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Julio Reny & Expresso Oriente - Ao vivo em Mussum


1 – Jardim das Delícias
2 – Anita
3 – Medley: Jogada Noturna e Outra Vez
4 – Ivone
5 – Razões do Coração
6 – Amor & Morte
7 – Sandina (Jimi Joe)
8 – Garoto Troglodita
9 – Não Chores Lola
10 – Expresso Oriente
11 – Maomé (Paulo Diehl)
12 – Amor e Morte (Bis)
13 – Anita (Bis)

Músicos

Vinicius Santana – Guitarra e Teclados
Vasco Piva – Saxofone e Guitarra
Marcelo Pitz – Contrabaixo e Vocal
Carlos Magno – Bateria
Julio Reny – Vocal, Guitarra e Percurssão

Cidade de Mussum no Estado do Rio Grande do Sul / Brasil

EQUIPE TÉCNICA

Bruno Klein – Operador de Som
Bandarra – Operador de Luz
Duti – Road
Moacir Souza – Produtor

A presente gravação foi captada diretamente da mesa de áudio e armazenada em FITA K7, cuja cópia foi incorporada ao acervo do baterista Carlos Magno. Posteriormente, com o advento da tecnologia digital, o material foi digitalizado e armazenado em CD pela Grammy Discos Raros, sob encomenda do baterista Carlos Magno para fins de preservação, haja vista que, segundo a opinião do baterista, foi a melhor fase e formação da banda Expresso Oriente.

http://www.4shared.com/rar/fLFfgpRBba/Julio_Reny__Expresso_Oriente_-.htm

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Julio Reny – Histórias de Amor & Morte


Aos amigos e inimigos , a todos os apaixonados pelo velho e bom rock and roll , não deixem de adquirir o seu exemplar da melhor biografia já escrita sobre um musico. Nunca ninguém foi tão fundo , num mergulho sem amarras no universo que existe ao redor de um artista. Julio Reny é uma lenda gaucha que ajudou ao surgimento do que hoje chamamos de rock gaucho , mas infelizmente nunca teve o sucesso ou reconhecimento que merecia.

Segue abaixo um texto de Cristiano Bastos , autor da obra.

O carinho, respeito, deferência, amor, culto e empatia que o mestre Julio Reny tem de seu fiel (e sempre crescente) público é algo muito tocante.

Ontem, no lançamento que fizemos da biografia Histórias de Amor & Morte, na Livraria Cultura, tal devoção de seu cativo público, mais uma vez, demonstrou-se numa grande noite.

A despeito da excelente acolhida que a biografia tem tido, dei-me ao trabalho de recolher aqui depoimentos das mais diversas pessoas, personalidades e artistas que me deram a honra de escrever falando sobre livro, dividindo suas impressões & emoções.

Compilei algumas delas aqui, para vocês também tomarem conhecimento a respeito do que os leitores andam achando do livro e seu arsenal de histórias - loucas, divertidas, trágicas, humorísticas, de sucessos e fracassos, epifanias e, especialmente, muita música e poesia.

Amém.

***

King Jim (Garotos da Rua, Los 3 Plantados): O livro ficou incrível e verdadeiro. Baita obra.

Roberto Panarotto (banda Repolho): Recebi o livro. Já estou lendo e curtindo muito a maneira como a historia esta sendo contada. Esse lance do Julio em primeira pessoa dá um toque muito bacana. Eu escuto o falando quando estou lendo. Assim que recebi o livro aqui em Chapecó (SC), o coloquei como prioridade de leitura - e não teria mesmo como ser diferente. Sempre fui muito interessado nessa cena porto-alegrense desabrochada na década de 80, e seguido venho falando que, com os recentes lançamentos sobre esse momento da música, essa história começa aos poucos a ser contada. Ler a biografia do do Julio é, sobretudo, uma forma de resgatar isso tudo e, especialmente, a oportunidade de "rever de perto" - e de maneira muito sincera - isso tudo, e mais um pouco, que aconteceu. Interessante perceber como, além do lado musical, ele se faz uma pessoa presente e central em muitos desses momentos da famigerada insígnia "rock gaúcho". Estou curtindo muito a maneira como essa história toda, cheia e reviravoltas, esta sendo contada. A escolha da narrativa em primeira pessoa é muito bacana porque deixa tudo muito mais verdadeiro. Ler o Julio em primeira pessoa é ouvir o Julio contando as histórias. É quase um audiolivro.

Jack Oldpunk (punkster e estudioso da música rock): "A biografia Histórias de Amor & Morte] é um soco no estômago sem nenhuma piedade consigo mesmo - Julio Reny. Foi uma leitura que me ajudou, devo dizer, até na tomada de algumas decisões pessoais que deveria colocar em minha vida pessoal. Diria que, para mim, significou uma espécie de "rito de passagem" - terei de ficar algum bom tempo sem ler qualquer outra coisa para que eu possa me recuperar de tal experiência. Este livro deu-me a honra de me levar a uma viagem para dentro de mim mesmo. Não tenho medo de dizer que, de todas as biografias que já li - e li muitas e muitas -, essa foi a melhor de todas: psicográfica, mediúnica, corajosa, visceral e transparente. E, o mais marcante, muito impressionante.

Leandro Sá (guitarrista da Bidê ou Balde): Parabéns pelo livro. Fique com vontade de ler o livro de novo... Isso, pra mim, é o melhor sinal. O depoimento da Consuelo,a primeira filha do Julio, nossa, é muito impressionante. O livro está pra lá de bom! Achei forte e bonito o que a Consuelo escreveu - cheguei a perder o sono na note me que li. Matou a pau! Cara: que livro!

Carlos Garcia (vulgo "Gordo Miranda"): 
- O livro chegou pra mim e tá lindo!
- E não consigo para de ler.
- Não paro.
- Tô fissurado.
- Como ficou bom.
- Quanta história.
- Que franqueza.
- Que maravilha!!!

Carlos Magno Pereira: (baterista da Expresso Oriente): Muito feliz. Julio eny - Histórias de Amor e Morte. Baita biografia do Cristiano Bastos. A obra caiu agora à tarde nas minhas mãos e lendo capítulos sem a devida ordem fui buscar o vinil (na real só tenho o CD editados anos depois) de Julio Reny & Expresso Oriente. Indescritível a precisão dos fatos segundo a pena de Cristiano... Viajei nos tempos passados quando eu comecei a ser um músico (baterista) "just for fun". Agradeço ao Eduardo Miranda e ao Marcelo Pitz pelos conselhos de como tocar rock (na real, música pop) e ao Moah por ter insistido para eu entrar na Expresso Oriente. O baterista anterior era uma pessoa incrível (o Paulo Renato). Foi uma fase incrível da minha vida. Obrigado a todos e, sobretudo, ao Cristiano Bastos, por ter trazido à tona uma história de vida, do meu querido parceiro Julio Reny.

Marcio Petracco (Cowboys Espirituais): Difícil falar do Júlio em poucas linhas, né? Ele tem uma importância enorme. Não só pra mim, mas até mesmo pra quem não sabe disso. Do jeito que eu enxergo, ele foi pai de uma cena que influenciou de maneira definitiva a música que se faz aqui. E isso acaba repercutindo muito além. O Júlio é um herói, um poeta, um doido, um "loner". Tenho enorme orgulho de ter sido escudeiro dele, de ser amigo dele,.Julio rules, Júlio rocks. Mantenha-se rockando, Julião. O livro é funda mental, é uma parcela do pagamento de uma dívida de muita gente pra com ele. Me surpreendeu me fazendo perceber que muito do que me parecia um passado distante tinha acontecido logo antes de a gente se conhecer. Convivi bastante com ele, mas só ao ler o livro fui saber de um monte de detalhes importantes da história incrível que ele protagoniza.

Samarone Silveira (pesquisador musical): "Ótima biografia do Julio. Me identifico muito com a obra dele. Sempre acompanhei seu trabalho. Fiquei muito grato em poder contribuir com a parte sonora durante a feitura do livro, a partir das gravações em K7 que eu tenho em casa.

Marcio Vieira 
"Como cresci ouvindo a Ipanema FM, sempre fui fã do Julio. "Aconteceu no verão" foi a primeira música que escutei dele, e achei ótima! Então decidi saber mais sobre o Julio Reny, procurar mais músicas dele, quais em quais as bandas ele já havia tocado... E até que, 20 anos depois, fui conhecer o tal! Fomos tocar um carnaval rock-and-roll na praia. Depois da primeira noite, ficamos bebendo cerveja na beira do mar até as 10 da manhã, conversando e ele contando várias de suas vastas histórias. Mas, depois que saiu o livro/biografia, pude então ficar sabendo de tantas outras histórias - e tem histórias pra contar esse Julião! O livro é uma verdadeira obra de arte que, certamente, ficará gravada na história cultural do rock do Rio Grande do Sul.

Vivi Peçaibes (Bidê ou Balde): Um relato emocionante sobre uma das principais figuras do rock gaúcho. Este livro é o resultado de uma união de talentos que me conduziu para um mundo inimaginável, com histórias marcantes e envolventes! Super livro! Recomendo!

Luís Nenung (Projeto Dragão): A sensação é de ser conduzido pelos labirintos, corredores, mirantes da mente sonhadora do poeta apaixonado que vive em Julio Reny. Conduzidos por suas próprias palavras, sua visão por vezes fantasiosa e em outras de uma crueza radical. Um mapa lúdico da Terra vista pela perspectiva única de um poeta de extrema sensibilidade com a coragem de expor seu mundo a quem quiser conhecer. Uma experiencia e tanto.

Rei Magro Produções (produtor cultural): Comecei a ler Histórias de Amor e Morte, e não tenho como não me emocionar com um dos grande ídolos que tenho na música pop sulista. Mais que a obra do Julio, o livro retrata nossa cena, nossa música, em um tempo em que a arte era mais importante que o simples entretenimento. É um livro sem maquiagem, tudo escarrado na "cara", a dor, o amor, os pulos e as quedas... Está tudo ali.
Vida longa a um dos maiores compositores destes pagos!

Bruno Goularte: Transcrevi grande parte das entrevistas feitas pro Histórias de Amor e Morte. Enquanto aprendia e me comovia com as palavras do Julio – além de me divertir, por supuesto – também pensava no grande desafio que o Cristiano teria em transformar aquilo tudo em um único livro. Bem, ele tirou de letra. O essencial tá ali: a mística e mítica vida do que pra mim é um dos maiores compositores da nossa música. Fora isso, um troço bacana, é que ela consegue captar o lado prosaico do mister Reny. Esse Corto Maltese rock’n roll, beat marroquino, Chinaski mutante noir com caráter digno de um grande personagem da Bonelli Comics, também é gente perdida nas trivialidades do dia a dia e do mundo dos sonhos. Lendo a biografia, você pode aprender, se comover, se emocionar e se divertir. Desafio cumprido com a bravura e a beleza dos guapos. Olé.

Milton Simas Junior (Presidente do Sindicatos dos jornalistas do Rio Grande do Sul): A biografia que o jornalista Cristiano Bastos acaba de lançar é um presente aos milhares de cães vagabundos que desde o longínquo sucesso de Cine Marabá não abandonaram seu mestre Julio Reny. Em tom confessional e sem censura, autor e biografado mostram uma sintonia em relatar os causos de sua trajetória, mas também do rock gaúcho. Seus fãs, que aqui me incluo, poderão conferir nas páginas de Histórias de Amor & Morte, a caminhada do homem do Ultimo Verão, dos Diários de Chuva, da Primavera do Gato Amarelo, as estripulias dos Cowboys Espirituais, a Lola, a Anita e seu papel de parede, a Bola 8 na boca da caçapa e muito mais. Uma leitura obrigatória para quem gosta de rock.

Alexandre Lucchese (jornalista): Crua, direta, sem perfumarias e rodeios. É assim a biografia de Julio Reny escrita por Cristiano Bastos. O autor, que também assina o fundamental Gauleses Irredutíveis, soube contextualizar a trajetória do músico dentro do explosão do rock gaúcho nos anos 1980, conduzindo o entrevistado com as perguntas certas. No entanto, muito mais do que ajudar a compreender a música do Estado, o livro se destaca por revelar um personagem com grandes histórias, sincero e sem pudor para falar de sucessos e derrotas.

Jefferson Berr (fiel e inveterado fã): Um precioso documento magistralmente concebido pelo Cristiano Bastos, o documento em primeira pessoa que faltava para registrar a brilhante e inspiradora trajetória desse que é considerado um dos precursores do rock gaúcho.

Giovani Paim (fotógrafo): Numa noite de 2013, o Cristiano Bastos fez algumas publicações no Facebook com material do Julio Reny e, numa última, disse algo como "vocês só darão o real valor ao Julio Reny quando ele partir". Na mesma hora enviei uma mensagem pro Cristiano dizendo que concordava e que meus últimos encontros com o Julio o mostravam numa fase bastante cabisbaixa. Cristiano comentou do que ainda era uma possível ideia de fazer um livro e perguntou se eu podia fazer o contato com o Julio.

Então tive a honra de ser responsável por ligar pro Julio falando do Cristiano e do interesse no livro. Ele ficou meio assim, mas marcou uma data. Nos dias seguintes Cristiano me abastecia de materiais seus publicados, pra mostrar pro Julio que o lance era real.

Numa tarde eu, Cristiano Bastos, Tamires Kopp e o Fabrício Catanhede (os dois últimos com a ideia de registrar os encontros para fazer um documentário, que está em andamento) conversar com Júlio e onde já começaram trabalhos deste histórico documento: "Julio Reny: Histórias de Amor e Morte".
Longa noite pros sulistas!

Guto Villanova (jornalista, apresentador do radiofônico Sonoridades): Cristiano Bastos, jornalista que eu já conhecia do fundamental Gauleses Irredutíveis e de reportagens memoráveis para a Rolling Stone Brasil; garimpador de tesouros da MPB como o lisérgico Paêbiru, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, agora marca outro golaço ao biografar um patrimônio do rock gaúcho: Julio Reny.

Para quem é de fora do RS e pouco ou nada ouviu falar desse lendário músico/compositor porto-alegrense, vai descobrir lendo o livro de Bastos que realmente Julio é um "Lou Reed dos Pampas", um artista que mergulha no "lado selvagem" da vida, e que em minha opinião, por sua inteligência musical, vanguardismo e "aura cosmopolita" tem nuances de um outro nome do rock brasileiro: Júlio Barroso (1953-1984).

Com Julio Reny - Histórias de Amor & Morte, o jornalista gaúcho consegue, com o auxílio luxuoso do depoimento do próprio biografado, retratar com êxito e de forma inteiriça um artista de várias facetas. Um homem assombrado por inúmeros "fantasmas", mas que, depois de tudo, conservou-se vivo e segue trabalhando.

A obra traz ainda vários depoimentos de pessoas que conviveram com o Julio, como, por exemplo, o jornalista Mauro Borba e o músico EduK. Mas só o depoimento pungente e revelador da filha mais velha de Julio, Consuelo, já valeria, ao meu ver, o livro. E como bem cantou Julio na sua canção de tom épico "Super-Homem está esquecendo as suas melodias": "Acompanhe está emocionante história".

P.S - Se você não mora na capital mundial do rock ( Porto Alegre ) pode comprar o livro através de uma mensagem para:

https://www.facebook.com/cristiano.bastos.58

sábado, 1 de agosto de 2015

Leitoras do Blog


Noite Mágica


Kim Jim ( Garotos da Rua ) , Julio Reny ( O Mestre ) e Cristiano Bastos.

DINAMICO FM - Vida Inteligente na Rede



Independência musical, cultura rock’ n roll com perspectiva permissiva e liberal em relação ao seu conteúdo. Um veículo cultural e musical em funcionamento 24h por dia, 7 dias por semana. Seleção sonora diariamente atualizada com as principais novidades musicais relacionadas aos gêneros onde a Dinamico FM transita.

O site da Dinamico FM é atualizado diariamente com informações do universo da música e da cultura, valorizando a cena local. Todo conteúdo publicado no site é direcionado para as redes sociais, fazendo com que seus ouvintes tenham participação efetiva na programação da rádio.


Para os ouvintes órfãos dos bons tempos da Ipanema FM , Claudio Cunha e mais algumas cabeças pensantes das terras sulistas espalham boa musica agora nas pradarias virtuais. Porque meu chapa , o radio assim como a antiga radio dos loucos morreu de vez.