Nascido na
Pensilvânia em 1943, Robert Crumb ilustrador cresceu em um ambiente familiar
conturbado, em meio às discussões do pai ausente e da mãe viciada em
anfetaminas, o que contribuiu para o seu caráter anti social e subversivo.
Sendo fortemente influenciado por seu irmão mais velho, Charles, Robert
contraiu um espírito de rebeldia, uma bomba-relógio esperando o momento certo
para explodir. Com a chegada da era paz e amor, Crumb viu a oportunidade
perfeita de fazer parte da revolução sessentista e expor sua visão do mundo.
Assim nasceu a Zap Comix, uma HQ artesanal imaginada por ele que tratou de
mostrar aquilo a que o artista gráfico tinha vindo.
Nela havia
histórias intituladas Keep on Truckin, com observações ácidas e
inteligentemente metaforizadas que se opunham ao conformismo à época. Além
disto, a publicação deu origem ao Mr. Natural, um guru sarcástico e pervertido,
cujas noções de misticismo e existência espiritualizada são explicitamente
distorcidas. Definindo estas características como traços que aparecem até hoje
em sua obra, o desenhista foi rapidamente adotado como ídolo de toda uma
geração e símbolo da contracultura. Com sua revista, Crumb foi responsável pela
criação dos quadrinhos underground, que pela primeira vez saiam do circuito
comercial.
A partir de
então, Crumb se consagrou como um dos maiores quadrinistas de todos os tempos.
De fato, seus feitos sempre foram notáveis, mas o que o faz ter tanta
importância dentro da cultura pop moderna? Bem, um de seus inegáveis trunfos é
sua capacidade de fazer com que seu universo absurdo seja costurado com a
realidade de uma maneira inimaginável. Quer uma prova? Fritz the cat! Criado em
1965, o gato antropomórfico do ilustrador vive em uma cidade com vários tipos
de animais humanizados, e tem em sua rotina de artista uma vida sexual ativa e
promíscua. O egocentrismo e a falta de moral do felino e as atitudes dos demais
moradores da metrópole traçam um quadro social espantosamente preciso em vários
aspectos.
E a genialidade
do desenhista em arquitetar reflexões que fazem sentido entre o mundo real e
seu pandemônio artístico pessoal não se limita somente a seus personagens. Suas
histórias recheadas de toda a sorte de imoralidade e até certos crimes podem
parecer condenáveis à primeira vista, mas um olhar atento consegue identificar
diversas atrocidades que podem ser vistas em qualquer telejornal diário. Seu
traço único ilustra situações de perversão, violência, drogas e visceralidade,
em muitos casos inspiradas por fatos reais. Em um de seus últimos trabalhos,
intitulado The Book of Genesis (2009), o artista gráfico não hesita em criticar
e tentar injetar sua própria noção de coerência e racionalidade na passagem
bíblica.
Mas os
quadrinhos do ilustrador também possuem outras facetas. Sua paixão por diversos
estilos musicais, como o blues e o jazz, já foi tema de seus trabalhos. Além
disso, ele também é músico e escritor. Juntamente com sua esposa Aline
Kominsky-Crumb produziu diversas autobiografias. Já adaptou clássicos
literários de nomes como Franz Kafka, Charles Bukowski e Philip K. Dick para os
quadrinhos. Com isso, o artista mostra não só uma capacidade invejável para ler
a humanidade, mas uma grande versatilidade intelectual.
Hoje, Crumb vive
com a mulher e suas duas filhas desenhistas no sul da França, onde continua
trabalhando. Citado em 2007 como o 20º maior gênio vivo pela empresa de
consultoria global Synectics, este homem pode se orgulhar de um legado que,
apesar de ser amado por uns e odiado por outros, é inegavelmente importante.
Cria da geração da "Era de Aquário", o ilustrador parece conhecer de
cor o passado, presente e futuro ao mesmo tempo, e por mais que exiba isso de
maneira meio deformada ao seu público, ele o faz com uma propriedade
inigualável.
Zap Comix: O Gibi Que Te Deixa Ligado
A revista Zap
Comix não foi a primeira publicação alternativa de quadrinhos, mas seu sucesso
fez eclodir o movimento que consolidou o Comix Underground (o quadrinho
alternativo norte-americano: comix diferencia-se dos comics comerciais) e seu
criador, o abilolado Robert Crumb, é considerado o influenciador dos artistas
que se preocupam em fazer quadrinhos fora das convenções do mainstream.
Mr. Natural Vai Para O Hospício - R. Crumb
Sarcástico,
sacana, e o mais louco dos gurus, Mr. Natural ensina o caminho a seguir, mesmo
que a pessoa não queira ir por ele. Uma crítica tão mordaz, de Crumb, ao fato
de as pessoas estarem sempre procurando alguém para seguir, quanto o é A Vida
de Brian, do grupo inglês Monty Python.
Fritz The Cat - R. Crumb
Coletânea das
histórias de Fritz the Cat, desde a criação do personagem até sua última
aventura. Ao todo, são 13 histórias, além de pin-ups e materiais relacionados
ao gato sacana criado por Robert Crumb, com produção datada entre 1959 e
1972.Fritz é preguiçoso, encrenqueiro e boca-suja, um rebelde sem causa que
adora dar uns "tapas" e vive atrás de uma gata (ou coelha, cachorra,
jacaré, avestruz, rata... enfim, toda espécie de animal fêmea) para se
divertir.
Robert Crumb: Blues
O mais
conceituado artista do movimento underground norte-americano, o quadrinhista
Robert Crumb, sempre foi um apreciador da música negra de seu país,
especialmente o Blues. Colecionador dos chamados race records, os discos de 78
rotações dos cantores ou grupos das décadas de 1920 e 1930, o artista chegou a
montar um grupo, R. Crumb and his Cheap Suit Serenaders.
Além disso, sua
paixão por este tipo de música levou-o a ilustrar capas de discos, cards que trazem as biografias de músicos, cartazes
de shows e lojas de discos antigos e, claro, histórias em quadrinhos que
enfocam o ambiente musical, seus intérpretes e as letras das músicas, em
verdadeiros clipes quadrinhográficos.
Bob & Harv: Dois Anti-Heróis Americanos
Harvey Pekar
nunca teve outra ambição além de contar fatos rotineiros da sua vida. Algo
pouco interessante à primeira vista, já que ele era um simples arquivista de
hospital em Cleveland - uma cidade "desimportante" dos Estados
Unidos. Mesmo assim, ele colocou no papel coisas como sua paixão por discos
raros de jazz, técnicas para enfrentar velhinhas em filas de supermercados e
outras histórias. Tudo com um humor ranzinza, de um personagem cheio de manias.
América - Robert Crumb
América traz os
trabalhos mais explicitamente críticos e politizados de Robert Crumb. De certa
forma, a auto-ironia mesclada à perplexidade e o sarcasmo fundido ao
ressentimento e impotência fazem Crumb buscar uma América idílica, vista pelo
retrovisor, e despertam nele profundos sentimentos niilistas diante do
presente. Talvez por tudo isso, o que chamamos de estilo crumbiano esteja aqui
representado com 40 graus de febre.O grande diferencial deste livro em relação
às obras de outros "inimigos da América" talvez seja o cinismo e a
ironia de Robert Crumb com seus quadrinhos: "meu trabalho é uma visão
bastante distorcida da vida e da humanidade. Eu desenho o mundo para tentar
entendê-lo".
Gênesis - Robert Crumb
A Bíblia sob a
ótica e pelo traço de Robert Crumb
Minha Vida - Robert Crumb
Album de Robert
Crumb que conta as desventuras dele mesmo em uma autobiográfia nada
convencional. Para quem não sabe quem é este quadrinista, ele é reconhecido
como um dos fundadores do movimento underground dos quadrinhos, e é considerado
frequentemente como a figura mais proeminente nesse movimento.
Kafka - Robert Crumb & David Zane
Mairowitz
Uma biografia em
um tom leve, divertido e diferente das convencionais, apesar de falar do
escritor considerado um dos mais sombrios da era moderna. Assim é o livro Kafka
de Crumb, com desenhos de Robert Crumb e texto de David Zane Mairowitz, que não
chega a ser uma HQ (história em quadrinhos) nem um livro propriamente dito, mas
flutua entre ambos deixando uma gostosa sensação no leitor.
O livro traz o
resumo, análise e desenhos das principais obras de Kafka: O Veredito, A
Metamorfose, A Toca, Na Colônia Penal, O Processo, O Castelo, Um Artista da
Fome e Teatro da Natureza de Oklahoma (ou Amérika). É um ótima introdução para
quem deseja conhecer mais sobre o escritor considerado por muitos o marco na
escrita do século XX.
Meus problemas com as mulheres - Robert
Crumb
Nesse livro, o
autor fala sobre a origem de toda a sua perversão sexual, o porquê dela, suas
preferências no sexo oposto e discute as relações que ele já teve, sempre com
muito bom humor e irreverência, mostrando desde o começo pela sua preferência
por mulheres de “bundas grandes e pernas torneadas”. Essa coleção de histórias,
por ter essa temática, acaba por não mostrar outras facetas muito interessantes
do trabalho do Crumb, mas é muito bom pra começar a ler sobre ele, e entender suas
obras de arte afinal tudo num homem gira em torno de comer mulheres.
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