O primeiro e mais importante assunto na cama (ou na escada, ou no
trapiche, ou onde quer que você esteja) é a questão do consentimento. A
maioria de nós cresceu numa sociedade que não nos forneceu nenhuma
habilidade de comunicação, uma sociedade que na verdade nos construiu de
tal forma que a comunicação honesta é muito difícil para nós. Se você
não quer alguma coisa, ou você não tem certeza que quer, deixe isto
claro imediatamente, e fale com o seu parceiro sobre o que está
sentindo. Se uma pessoa pede para você parar e você não obedece ao
pedido, isso é violência sexual, e se você implorar e pressionar, você
está no limite da coerção; mas a ausência de uma recusa não é
necessariamente igual a consentimento. Até onde você sabe, o seu
parceiro pode não estar a fim e com medo de lhe dizer, ou simplesmente
não tem certeza. Às portas da interação sexual, especialmente com alguém
que você não conhece intimamente, você deve perguntar em voz alta "você
quer fazer..." ou pelo menos "assim está bem?" Melhor ainda, pergunte
também o que o seu parceiro está interessado em fazer, o que ele ou ela
gosta e peça conselhos sobre como prosseguir. Algumas pessoas podem ser
tímidas demais para falar sobre os seus gostos e prazeres, ou
mencioná-los; pelo menos, você pode encorajá-las a avisar quando você
estiver fazendo algo prazeroso, assim como se certificar de que elas
realmente estão a fim de se envolver sexualmente com você, por mais
tímidas que elas sejam. Tenha certeza de expressar oralmente o que você
gosta nelas, o que você acha bonito, o que eles fazem que é gostoso e o
que mais você pode querer ou não querer!
Se a sua amante for uma mulher, você pode conseguir encontrar o seu ponto G colocando seus dedos dentro dela com a palma da mão para cima, e movimentá-los como se você estivesse chamando alguém, exercendo uma leve pressão em direção à barriga dela. Se ele for um homem, você pode experimentar a mesma coisa alguns centímetros mais para trás!
Lembre-se que muitos de nós nessa sociedade, estragados pelas suas mutilações e humilhações, usamos o sexo e a sexualidade como formas de nos machucar e punir; a menos que você não se importe de arriscar que alguém com quem você se importa faça isso com você, pode ser bom adiar ir muito longe com eles até que você sinta que os conhece bem para ter uma idéia de quem eles são e o que querem. Isso vale para ambos ― tenha certeza que quando você for atrás de sexo com alguém você não está apenas usando esta pessoa sexualmente como uma forma de provar algo a si mesmo ou a outros, ou de chamar a atenção que seria mais saudável conseguir de outras formas, ou de machucar a si mesmo.
Você pode fazer amor sussurrando fantasias, dançando juntinho ou um para o outro, concentrando-se em partes do corpo ou da libido que geralmente são ignoradas, ou de um dos outros infinitos jeitos maravilhosos que você nunca vê nos filmes ― e que não podem lhe deixar doente ou grávido.
Antes de qualquer tipo de atividade sexual que pode permitir a transmissão de doenças, você deve consultar os seus parceiros. Você não precisa necessariamente exigir que eles coloquem na mesa suas histórias sexuais na íntegra para você; alguém que sofreu abuso ou foi estuprado pode não se sentir pronto para compartilhar isso. O que vocês precisam estabelecer é exatamente que níveis de risco vocês estão expondo uns aos outros, e quais são as suas necessidades em termos de proteção. Quase não é preciso dizer que é uma má idéia ficar íntimo desta forma com uma pessoa que você não sente que pode confiar com segurança que ela irá contar toda a verdade a você.
É também fundamental que, se o seu ato de amor puder resultar em gravidez, ambos sejam claros com antecedência se querem filhos, como vocês se sentem sobre o aborto e quanta certeza vocês têm sobre estes sentimentos. Muitas pessoas não tiveram esta conversa, e acabaram se tornando pais despreparados! Se uma mulher fica grávida, no fim das contas cabe a ela decidir se ela vai ou não ter a criança, então os homens têm que ser particularmente cuidadosos que compreendem quais são os sentimentos de suas parceiras sobre a maternidade, e que eles estejam prontos para uma paternidade surpresa caso a sua parceira mude de idéia. Parceiros de longa data não devem partir do pressuposto de que se este assunto já foi discutido uma vez, está permanentemente resolvido; verificar de tempos em tempos ajudará ambos a se protegerem do desenvolvimento de pressupostos de um lado e da reticência sobre comentar mudanças do outro.
Se você se masturbar com suas orelhas embaixo d'água, você pode ouvir o seu pulso batendo cada vez mais rápido e mais forte.
Muitas pessoas usam tóxicos como uma forma de superar suas inibições e ir para a cama umas com as outras; isso é um verdadeiro problema, porque a intoxicação interfere com a habilidades das pessoas de pensar claramente, de se expressar e de compreender os outros. Se você quer fazer sexo bêbado e equivocado, faça com um parceiro que você conheça bem e compartilhe um alto grau de confiança; de outra forma, é mais responsável não fazer nada.
Assim como recusar a enxergar os produtos da exploração animal como comida pode ajudar você a redescobrir a sua capacidade de sentir compaixão em uma sociedade dessensibilizada, pode valer a pena fazer um experimento evitando pornografia e representações convencionais do sexo. Estas duas coisas geralmente reforçam a noção do sexo como uma representação de dominação e submissão e do tesão como um desejo por corpos objetizados que se conformam a normas de beleza prejudiciais à saúde ― a tal grau que quando duas pessoas que passaram as suas vidas sendo condicionadas por eles vão para a cama, não é uma relação entre dois indivíduos, mas das imagens que eles projetam em lugar de si mesmos e do outro. Como meu amigo que aconselha pessoas que cometeram abuso sexual e violência doméstica lhes diz, se todos os seus encontros sexuais ocorreram sob a influência da programação hierárquica, você nunca fez amor ― você nem sabe o que é isso.
Você pode reduzir o risco de contrair infecção urinária urinando logo após fazer sexo.
Não enxergue os seus desejos como imperativos fixos; explore, experimente, desafie a si mesmo. Não aceite como certo que a sexualidade só se limita ao quarto; dançando, conversando, explorando telhados na chuva, todas estas podem ser formas empolgantes de expressar energia erótica. Seja honesto com os outros ― e, tão importante quanto, apoie o suficiente para que eles não temam ser honestos com você. Tudo isto é basicamente bom senso, mas é outra coisa completamente diferente colocar em prática. Boa sorte!
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