Morando no Sul do país , com
outra realidade de vida , o movimento punk não teve o mesmo impacto que teve em
São Paulo ,mas a história desses garotos paulistas entediados com o presente e
sem nenhuma perspectiva com o futuro é muito parecida com a dos garotos que
desbravaram o cenário musical em Porto Alegre nos anos 80.
Deixo com vocês um dos textos
mais completos dessa História , escrito por Ariel , um dos garotos da Vila
Carolina , Vocalista da banda Invasores de Cérebros e talvez o maior pensador
do movimento em solo Tupiniquim.
Memórias de um Invasor
Parte I
Encontrei no punk um ideal de
liberdade, tanto de criação como na forma de encarar as questões que envolvem a
realidade que nos cerca. Pretendo situar as diversas manifestações culturais e
alternativas do período que compreende desde minha primeira incursão no
rock'n'roll, que foi no início dos anos 70 e que continua com o punk nas
décadas seguintes. Não pretendo ser metódico ou mesmo historiador nessa
empreitada e, sim, contar um pouco da minha experiência pessoal, tudo sob o meu
ponto de vista, pois cada pessoa que viveu esses anos loucos, o viveu sob uma
ótica individual.
São maneiras e gostos próprios, paixões
tão intensas quanto perigosas e em alguns casos absurdas, numa época onde tudo
era novidade e transformação. Deixávamos um mundo antigo e desinteressante para
trás, transformando-o em uma cena juvenil empolgante novamente, resgatando
idéias musicais e atitudes rebeldes.
Nascia o punk rock, a new wave, o power
pop e até mesmo o mod voltava repaginado, ajudando a energizar a cena. Como em
todo movimento, jovens do mundo inteiro, cheios de vontade, aderiram a essas
novas tendências musicais e comportamentais, compondo assim uma forma própria
para cada manifestação artística, criando uma Guerra de Estilos, na qual
predominava a originalidade local, pois quanto mais diferente do antigo e
principalmente do estilo hippie de ser, melhor.
Tudo o que representasse o velho,
estava fora de questão e só o que interessava era o novo, o diferente e o
bizarro, pois a geração passada estava muito passiva e acomodada, até mesmo
porque tinha crescido e deixado certos ideais de lado, tornando-se adultos
preocupados com suas responsabilidades. O começo dessa nova rebelião cultural
por aqui foi um tanto quanto confuso, pois além de estarmos um tanto quanto
distantes dos grandes centros produtores dessas novas tendências, tudo o que
envolve uma transição do velho para o novo, demora para ser digerido por todos
e o torna discriminado e mal interpretado.
Aos poucos me aprofundarei mais em
algumas questões, trazendo lembranças de histórias reais vividas por este
Invasor que há 35 anos está envolvido com música, comportamento e subversão de
valores num mundo um tanto hostil, perigoso e, por que não, apaixonante.
Memórias de um Invasor
Parte II
Minha história no punk rock começa a
tomar forma em 1974, quando garotos da periferia de São Paulo descobrem haver
algo além da música pop e do rock´n`roll comercial. Entre 12 e 16 anos,
cansados de escutar esse tipo de música, eles resolvem buscar novas formas de
expressão musical.
Classifico como primeiras influências
nessa fase maldita e radical, bandas como Alice Cooper, Stooges, MC5, Dust,
Pink Fairies, New York Dolls, Blue Cheer, Slade, Blue Öyster Cult, Foghat etc.
Apesar de haverem outras, como Kiss,
Deep Purple, Rolling Stones e muitos outros dinossauros, só que já bem
domesticados e vendidos como artigos de luxo. O rockabilly, que chamávamos de
Brilhantina, também agradava a esse pessoal que gostava de organizar festas em
locais que iam desde a casa de alguém, quando sua família ia viajar, até
Sociedades Amigos de Bairros, pois os salões de festas desses lugares eram
ideais para se agitar um som. No meu bairro havia vários garotos que gostavam
dessas bandas e desses agitos tanto quanto eu e alguns amigos meus e assim
começamos a nos agrupar para escutar, pesquisar, adquirir, pirar em audições
caseiras, discotecar, aprender idiomas, organizar e ir a festas com esse tipo
de som. Começamos então a procurar discos desses grupos em lojas do centro da
cidade, mas era muito difícil de se encontrar e quando encontrávamos, o preço
era muito alto e quando conseguíamos, de alguma forma, repassávamos em fitas
cassete para o pessoal. Estávamos nos anos de 70 e em plena ditadura militar,
havia censura de todos os tipos e ainda mais para com o rock'n'roll.
Já em 1976, começavam a chegar os
primeiros discos da chamada new wave, que não deixava de ser o punk rock com
toda sua juventude, rebeldia e espontaneidade, pois o que nos vinha de fora,
chegava distorcido, mas nós já estávamos preparados e nossa identificação com
esse tipo de som e comportamento foi imediata. Juntamos nossas influências do
passado com o novo som que vinha principalmente da Inglaterra e da América e
acrescentamos o novo visual que passava a identificar a nova música revolucionária
que estava surgindo.
Andávamos em grupo de uns 40 garotos
procurando lugares onde pudéssemos ouvir o som do qual gostávamos, mas
infelizmente só encontrávamos o rock comercial como opção em salões na
periferia da cidade. Fomos à luta e, como diz o ditado, "fizemos nós
mesmos" os nossos espaços. Alugávamos salões, arrumávamos aparelhagem,
iluminação e todo o resto para podermos curtir o nosso som, além de criar nosso
próprio estilo punk, aliás, como existiam muitos jovens inconformados nos subúrbios,
periferias e cidades próximas à capital, cada lugar criou seu próprio visual e
atitude, sendo que várias cenas se criaram em torno do punk rock.
Conseguíamos nossos discos em lojas que
importavam as novidades e os que nós já conhecíamos, através de informações
colhidas de várias formas (revistas de cultura jovem, contatos fora do Brasil,
programas de rádio etc.), adquiríamos para rolar em nossos sons, criando assim
uma disputa pelos melhores lançamentos, pois realmente eram únicos e muito
raros. Bandas como Dead Boys, Ramones, the Saints, Radio
Birdman, 999, Menace, the Dickies, Speedtwins, London, Clash, Stiff Little
Fingers etc. etc. etc. Fazendo
um paralelo com os preços atuais, diria que, uma raridade como o primeiro LP
dos Dead Boys sairia por Cr$ 500,00, sendo que o salário médio de um office-Boy
era Cr$ 400,00. Realmente era muito difícil conseguir os discos sem fazer algum
truque, né?
A partir daí, alguns garotos começaram
a se interessar por guitarras e surgiram as primeiras bandas punk brasileiras.
As garagens da Vila Carolina começam a ser ocupadas por um som cru, vindo de
instrumentos vagabundos, tanto quanto os garotos que os empunhavam e não
demorou muito para a vizinhança e a polícia tomarem ciência de que uma nova
revolução estava acontecendo em seus quintais.
O ano de 1977 seria fundamental para o
punk no Brasil, pois já estávamos incluídos
na rebelião musical que havia se instalado no mundo todo e as primeiras bandas
começavam a surgir nas periferias da cidade de São Paulo, mais especificamente
na Vila Carolina, e a partir do começo de 1978 já tínhamos algumas delas
atuando em pequenos clubes de rock´n`roll.
A primeira banda a sair da garagem foi
a Restos de Nada, pois já vinha ensaiando desde 77 e era acompanhada por
algumas que viriam a seguir, como a AI-5, NAI, Condutores de Cadáver e Cólera,
todas com forte ligação à Vila Carolina. O começo foi muito difícil para essas
bandas, pois além da péssima qualidade dos aparelhos e instrumentos, as
iniciantes enfrentavam preconceitos de todos os lados, inclusive das próprias
famílias, que não entendiam direito o que estava acontecendo com aqueles jovens
proletários que passaram a ser diferentes num mundo de iguais.
Vivíamos em uma repressão total e todos
os nossos direitos eram negados enquanto cidadãos e mesmo assim estávamos
empenhados em levar adiante o que havíamos começado, pois nossa rebeldia já
estava interligada com garotos do mundo inteiro e já não dava para retroceder. Bem,
esse foi o estopim que desencadeou toda uma movimentação que viria a seguir,
mas isso já é uma outra história.
Memórias de um Invasor
Parte III
Uma vila punk chamada Carolina.
Encravada entre o Bairro do Limão e a Freguesia do Ó, na periferia da cidade de
São Paulo, com muitas fábricas e comércio ao seu redor, a vila é basicamente
proletária. Seus moradores, trabalhadores braçais que, por estarem do lado
errado do rio, nunca conheceram o luxo e nem desfrutaram da vida, apenas
pagavam suas contas, administrando suas misérias.
Vivendo nesse ambiente, só nos
aguardava o conformismo de ser como nossos pais ou ir contra essa corrente que
nos prendia a essa triste realidade. Havia uma cena rock’n’roll jovem, musical,
escolar, junkie, rude e até mesmo fora da lei (que, aliás, é o apelido de uma
rua do bairro) caminhando para o radicalismo do punk rock.
A Vila realmente foi o centro
aglutinador dessa Nova Onda, pois se punk era a palavra usada para designar
pessoas e músicas da pior espécie, nós com certeza estávamos incluídos nessa
estranha categoria de arte. Para nós, conviver com toda a decadência da
sociedade era até normal, pois estávamos acompanhando a degradação do meio
ambiente, a poluição dos rios da cidade, as especulações imobiliária, comercial
e industrial e até mesmo a degeneração humana, então porque não jogarmos tudo
de volta na cara da sociedade da mesma forma como ela nos tratava?
Atravessando o rio Tietê, que corta a
cidade como um câncer, necrosando seu entorno, essa juventude urbana da
periferia, via o lado bom da vida sendo desfrutado por poucos e isso só
aumentava sua revolta, pois se o lixo era aparente e abundante em seus
quintais, nos bairros ricos eles eram acondicionados em embalagens assépticas,
porém nada impedia que fossem espalhados em suas calçadas limpas e protegidas e
definitivamente foi isso que o punk fez.
Bem, voltando à Vila, havia ali uma
escola onde estudava a maioria desses jovens urbanos, que curtiam rock como uma
espécie de válvula de escape para suas frustrações e revoltas e nas noites que
vinham acompanhadas de bebedeiras, cabuladas na praça em frente à Escola
Estadual Tarcísio Álvares Lobo (EETAL), nascia uma das primeiras cenas punks de
São Paulo, com verdadeiros delinqüentes juvenis se encontrando para namorar,
brigar, fumar e fazer um som, o que atraía alguns personagens estranhos e
músicos decadentes da região. Estávamos vivendo a transição do rock para o punk
e no meio desse pessoal que estudava e outros que freqüentavam os picos
próximos a essa escola, iniciou-se a Carolina Punk.
A Carolina Punk tornou-se a maior e
mais temida gangue de São Paulo e a primeira a organizar sons pela cidade, pois
ali existia, além de “Rude Boys” que gostavam de uma boa encrenca, os discos
dessa nova rebelião musical que chegavam até nós pela única loja que existia
numa galeria do centro, que mais tarde passou a ser conhecida como Galeria do
Rock. A loja chamava-se Wop Bop e seus donos (Antonio e Renê) importavam
pacotes de discos de vinil que até mesmo pela novidade eram completamente
desconhecidos por aqui, mas que pela sonoridade e pela arte das capas,
agradaram em cheio essa nova horda de bárbaros adolescentes que se identificou
com o movimento que estava sendo criado no mundo inteiro.
Algumas dessas bandas conseguiram
projeção por reportagens sensacionalistas da grande imprensa, que tentava de
alguma forma alertar os pais para que mantivessem seus filhos longe delas, mas
que acabou, por motivos óbvios, despertando ainda mais interesse por elas.
Existiam por aqui também, algumas publicações voltadas ao comportamento jovem,
como a Pop, a edição brasileira da Rolling Stone, a Revista Circus, o Jornal de
Música, etc., que passaram a fazer a divulgação, se bem que um tanto distorcida
também, dessa nova cena punk e com isso muitas fotos de visuais que foram
adotados pelos punks brasileiros da primeira hora, com muitos alfinetes,
correntes, paletós velhos, calças Jeans, roupas rasgadas, tênis surrados e a
famosa e rebelde jaqueta de couro preta, que era usada por nove entre dez
garotos em funções pela cidade.
Como já tínhamos alguns ingredientes
necessários, ou seja, música, visual e atitude punk, porque não criarmos também
os espaços para curtir essa nova forma de comportamento adolescente? Então
vieram os pontos de encontro do punk rock na cidade...
Memórias de um Invasor
Parte IV
Nos embalos do rock’n’roll selvagem de
sábado à noite. A cena que se formou na Zona Norte de Sâo Paulo, além de
encrenqueira, era muito musical e criativa. Como não existiam lugares
precisávamos criar condições para ouvir e dançar o punk rock.
Estávamos na era da disco music e só o
que havia eram discotecas espalhadas pela cidade e uns poucos salões de rock
que ficavam distantes uns dos outros, como a Led Slay e a Fofinho, na Zona
Leste, Raquete e Portuguesinha, na Zona Oeste, o Esberock, em São Caetano, o
Construção, na Zona Norte e o Templo do Rock, no Centro.
Todos tocavam os clássicos do
rock’n’roll e as novidades que surgiam desse estilo musical e eram freqüentados
por quem realmente estava envolvido com esse tipo de música. Dificilmente
acontecia algum show e o que fazia o pessoal sair de sua quebrada eram os sons
Mecânicos, geralmente de discos de vinil, fitas cassete ou de rolo, que eram
gravadas para esse fim.
Alguns desses salões de rock começaram
a ser invadidos por punks de todas as regiões e muitos deles passaram então a
fazer parte dessa nova cena que nascia. Na Vila Palmeiras, que é vizinha da
Vila Carolina, havia uma discoteca chamada Blue Box, que abrigou os primeiros
sons com vinis de punk rock. O pessoal da Palmeiras disputava os discos com o
pessoal da Carolina e, apesar de algumas diferenças, estavam juntos desde o
início da cena rock do bairro, por volta de 1974, e iam aos mesmos lugares e
faziam o mesmo movimento.
Havia também um grupo que curtia um
rock´n´roll selvagem, chamado Ostrogodos (depois Jacos Pretos), que também
fazia alguns sons em garagens e quintais pelo Bairro do Limão e que tinha uma
pequena rixa com os punks da Carolina. Os Ostrogodos andavam no melhor estilo
selvagem e rebelde, com jaquetas de couro, calças jeans e botas; gostavam de beber,
brigar e agitar um som. Seu maior desafeto era o pessoal da Carolina, que
andava com uma jaqueta de marinheiro americana, como a do Pato Donald, preta
com listras brancas no punho e na gola.
Esse visual era adquirido na boutique
Lixo, mais conhecida como Lixão; ficava na R. Dom José de Barros, próxima à
Galeria do Rock, e importava uniformes usados de soldados americanos, que
chegavam em containers fechados. Adquirir calças jeans era muito difícil também
e para conseguir uma era quase como se fôssemos comprar drogas em alguma boca,
pois eram contrabandeadas e só quem as usava eram os malucos que curtiam rock.
A moda exigia calça de tergal e usar calças de índigo blue era uma novidade
muito mal vista pela sociedade.
Voltando aos sons, os punks da Carolina
montaram uma equipe de som chamada The Dolls que, além de fazer festas pelo
bairro, fazia também uns dos primeiros sons semanais, aos sábados, na
Portuguesinha, na Vila dos Remédios, e os punks da Palmeiras já discotecavam na
Blue Box com a Equipe Lúcifer’s Friends. Nessas festas vinham todos os tipos de
malucos, de todos os cantos da cidade, inclusive o pessoal que ficava em frente
ao Teatro Municipal, que estava na transição entre o movimento hippie e o punk.
Como não havia muitos discos dessa nova geração punk, os sons eram feitos com o
que tínhamos à mão e rolava muito rock maldito, como opção.
O ano era 76 e já estávamos preparados
para entrar de cabeça num mundo verdadeiramente underground, com um estilo
próprio de ser, pois além de ser muito difícil arranjar discos e espaços para
agitar um som, éramos obrigados a criar nosso próprio visual, com arranjos
criativos, feitos por nós mesmos, com materiais buscados nos guarda-roupas de
nossos avós, como calças apertadas, paletós fora-de-moda e vários apetrechos
estranhos, como alfinetes de fraldas, correntes, clips de papel, tachas etc.,
pois não estávamos em Londres nem Nova York e sim numa cidade que, além de ser
atrasada culturalmente, vivia em uma ditadura imposta por militares e por uma
sociedade conservadora ao extremo.
Nossos sons geralmente eram invadidos
por policiais e quase sempre acabavam antes do horário e com várias prisões por
abuso de autoridade, o que fez de nós inimigos públicos, mas que também nos
tornou cada dia mais rudes e dispostos a encarar de frente toda essa repressão.Surgiu
daí uma necessidade de continuar insistindo nos nossos propósitos de fazer do
punk um Movimento e quanto mais eles endureciam em sua empreitada de nos
reprimir, mais criávamos mecanismos de defesa contra a mesmice e a caretice da
sociedade da época.
Memórias de um Invasor
Parte V
Por volta de 1977, quando se
estabeleceu o punk rock em
São Paulo, havia já diversas gangues atuando nas periferias,
subúrbios e cidades próximas à capital e cada uma com um estilo próprio, uma
diferente da outra na sua maneira de ser e todas dispostas a conquistar seu
espaço nesse novo movimento que surgia.
Seus membros eram completamente amorais
e desprovidos de qualquer senso cristão de piedade, os antigos conceitos de
bondade haviam sido abolidos, mesmo porque não estavam funcionando já fazia
algum tempo.Tudo era novo e incrivelmente excitante dentro das gangues punks, com
tudo o que a cidade pudesse oferecer e até mesmo cobrar de você. Tudo o que era
velho e decadente passou a ser desprezado e até mesmo hostilizado pelos membros
das gangues. Cabeludos em geral não tinham mais vez nas ruas. Hippies e
bichos-grilo tornavam-se alvos a partir de então e cada dia que passava a coisa
endurecia e tomava um sentido violento.Passando a agir de forma violenta, essa
juventude tentava impor sua presença nos lugares onde se curtia punk rock e
quando saia da sua quebrada, precisava de muita disposição e coragem para
atravessar a cidade sem tomar um prejuízo e se não soubesse se defender, sua
história poderia acabar ali mesmo, por medo, pela lei, pela violência da coisa
e até mesmo pela morte.
Andar em grupo era questão de
sobrevivência até então e como desde a infância esse jovem já convivia num meio
cruel e marginal, cada dia mais passou a ser senhor da situação, impondo o
terror em atitudes carregadas de ódio contra seus desafetos.
Suas famílias, muito religiosas, pouco
podiam fazer para acalmar essa movimentação, com seu deus ou o que quer que
fosse moralmente importante para elas. Nada podia convencer essa nova juventude
que o que estavam fazendo não era o correto, pois no meio de todas as opressões
impostas pela sociedade, esse meio de “auto defesa” não podia ser meramente
estético, mas duro e realmente perigoso.
Algumas gangues, por afinidade ou pela
convivência, se uniam e passavam a atuar em conjunto, nos salões, na São Bento,
na Galeria e apesar da individualidade de cada uma, São Paulo começa a ser
dividida em Zonas, como a Zona Norte, Zona Oeste, Sul, Leste, ABC, Guarulhos e
todos os municípios vizinhos à capital, com muitos punks engajados nesse
movimento, que passam a ser conhecidos primeiro pela região e depois pelo nome
da gangue à qual ele pertencia, como por exemplo: fulano é da Norte e da
Carolina Punk; sicrano é da Oeste e da Punk Terror e assim por diante, pois
numa região poderia haver diversas delas.
Até mesmo a queda para o crime era
diferente nas diversas quebradas, diferente também eram o poder bélico, o
armamento, o visual, as drogas, a quantidade de punks dispostos à luta e o grau
de periculosidade. Algumas eram bem marginais e para sobreviver roubavam,
furtavam, traficavam, praticavam estelionato, se prostituíam. Marginais por
conseqüência e punks por opção de uma vida louca dentro do rock’n’roll.No meio do caos, surgem as tretas mais
violentas do que filme do Charles Bronson.
Memórias de um Invasor
Parte VI
Caminhando junto da violência e
tentando sobreviver sob um novo modo de pensar e viver o rock’n’roll, alguns
punks da primeira hora, desiludidos, começam a buscar nos escritores
existencialistas, nos filósofos alucinados, nos poetas e dramaturgos radicais
alguma inspiração para a falta de perspectivas.
Aliando o “Nada” desses pensadores com
o “No Future” dessa nova geração, tínhamos que criar uma forma de atitude
crítica e atuante contra esse estado de coisas e transportá-las para as ruas e
para o Movimento que surgia.O cenário musical na época era meio deprimente,
pois havia um sentido de fuga, de desistência, com as drogas psicodélicas
servindo de alívio e alienação e poucos estavam envolvidos com uma verdadeira
ruptura, apenas queriam ser esquecidos pelo sistema e viver o resto de suas
vidas à margem e o que se via era o rock’n’roll se afastando de seu sentido
urbano, contestador e energético e a MPB ditando as regras com sua fuga para o
campo, suas batas coloridas, suas músicas de protesto light e sua retórica
bicho-grilo. Esse estilo era muito escapista e nem um pouco urbano e sendo
assim de pouco interesse para nós.
Alguns punks começam a se interessar
pela esquerda revolucionária e como as ruas já estavam tomadas por guerras de
gangues, tentávamos criar um cenário ideal para uma guerra de classes, de
estilos e também uma guerra contra a moral e os bons costumes, para a qual toda
a energia dessa parcela descontente da juventude pudesse ser canalizada, dando
algum sentido para essa nova movimentação urbana.
Muitos punks escreviam textos,
desabafos, poesias, letras de músicas, influenciados pelos pensadores citados e
havia uma vontade enorme de divulgação disso tudo e esses escritos circulavam
de mão em mão, chegando às vezes aos jornais e revistas da época, atraindo a
curiosidade e o interesse em saber quem eram aqueles garotos que vinham das
periferias e subúrbios e que tinham uma consciência política e existencialista
sem ao menos ter acesso à educação acadêmica.
Nossos valores e atitudes mudaram
radicalmente e passamos a nos preocupar com questões muito mais profundas do
que apenas brigas de bairros, se bem que estávamos inseridos nelas, pois
fazíamos parte disso tudo e a bem da verdade, não tinha que ser diferente, só
não aceitávamos a violência gratuita, mas se fosse pra desarrumar, estávamos
prontos pra qualquer parada.
Víamos no punk uma nova forma de atuar,
com música, idéias, amigos, namoros, bebedeiras, loucuras, brigas, protestos e
muita revolta, ou seja, criávamos um ambiente em que nos sentíamos importantes
e tudo o que acontecia e que girava em torno dessas funções, era extremamente
estimulante. Muitas noites passadas em longas discussões regadas a vinho barato,
filosofia idem, música energética e muita camaradagem.
Só na V. Carolina e região, por volta
de 1978, já havia mais de 50 punks que se reuniam freqüentemente e trocavam
muita informação adquirida e repassada através de textos xerografados ou mimeografados,
nos escritórios onde alguns trabalhavam ou nas escolas do bairro. Os discos que
chegavam também foram importantes, pois através deles tivemos contato com
pensamentos que iam de encontro ao que também sentíamos e, apesar do pouco que
chegava por aqui, conseguíamos fazer uma boa seleção de bandas e idéias,
buscando as que realmente valiam a pena e que tinham uma mensagem, fosse ela
existencialista, como a dos Buzzcocks, anárquica e niilista como a dos Weirdos
ou mesmo política como a do Clash e isso estava apenas começando.
Enfim, a cultura, ou melhor, a
contra-cultura que acabou se criando com toda essa vontade de fazer do punk um
Movimento foi a mola-mestra que manteve o punk rock como alternativa à
massificação da cultura de rua em nossa cidade.
Memórias de um Invasor
Parte VII
Sexo, drogas, punk rock e... uma pitada
de confusão. Já no final dos 70, muitos jovens conhecem os prazeres tanto da
“carne”, quanto os “artificiais”. Época em que doença venérea significava uma
simples “gonorréia”, quanto muito uma coceira chamada “chato”, curáveis com
antibióticos e neocid.
Então a liberdade sexual rolava solta e
a maioria procurava não se envolver em uma relação séria, o que contribuiu para
que as gangues se mantivessem unidas, pois as mulheres do movimento andavam
lado a lado com os caras nas funções punks e não estavam a fim de um
relacionamento sério com ninguém.
Amorais como os homens, essas mulheres
mantinham uma postura feminina, mas ao mesmo tempo buscando se impor num mundo
machista e preconceituoso com relação a elas e, tanto no Brasil como em outros
países, iam deixando de representar figuras frágeis para se tornarem peças
fortes e importantes no movimento.
Essas mulheres eram reprimidas por suas
famílias e pela sociedade em geral, com suas escolas e corporações ditando
regras de postura em que a condição de submissão estava enraizada e qualquer
que fossem os desvios de conduta, deveriam ser reprimidas e as formas de
igualdades negadas. Acredito que, por mais que os garotos punks fossem
direcionados a essas regras da sociedade, buscávamos uma maneira de quebrar
esses tabus e isso incomodava muita gente, pois estávamos nos tornando um
perigo iminente num mundo repleto de preconceitos e negações de todos os
prazeres mundanos. Já não tínhamos uma religião para nos “guiar” e os preceitos
morais já não faziam sentido numa época em que os valores mudavam tão
rapidamente que deixavam para trás até mesmo os ideais de Paz e Amor da geração
anterior, mesmo porque não queríamos fazer parte da maneira hippie de ser.
Enquanto os hippies punham o “pé na
estrada” se envolvendo em comunidades alternativas pelos interiores do Brasil,
nós, punks, estávamos tomando os centros urbanos e convivendo com a marginália,
tocando o puteiro nas quebradas mais perigosas e isso não era pra qualquer
filhinho de papai - esses aliás, começaram a se afastar do pessoal mais radical
e violento, contribuindo para que o punk rock ficasse cada dia mais à margem e
isolado até mesmo do rock’n’roll que existia na época.
Muitos grupos de jovens viam no punk um
movimento passageiro, pois íamos na contramão da história e por mais coerentes
que fôssemos em nossas propostas de mudanças, estávamos, talvez, muitos anos à
frente de qualquer movimento juvenil e isso não condizia com as formas de
protestos que alguns setores da “esquerda” brasileira praticavam. Estávamos
interessados em quebrar barreiras musicais, mas também na liberdade de ser
diferentes do imposto pela sociedade.
Voltando à putaria, muita coisa
acontecia nas longas noites vividas sob o efeito de algum barbitúrico ou estimulante
e por mais que se tentava evitar muitos adolescentes encontravam essas drogas
em suas próprias casas.Saindo muito cedo de casa, por diversos motivos, muitos
punks encontravam conforto entre si, compartilhando sua sexualidade, sua
musicalidade, sua rebeldia, suas neuroses e até mesmo suas seringas. Uma
convivência diária propiciava a todos uma nova forma de viver o cotidiano numa
grande cidade. Tudo era permitido e tentado em forma de sexo, drogas e punk
rock e como não haveria futuro, que se iniciasse a grande farra do apocalipse.
Memórias de um Invasor
Parte VIII
A cena alternativa se fortalecia com o
movimento punk e o que nos sobrava estava além de uma simples gangue, pois
nossos objetivos já haviam ficado grandes demais para nossas quebradas. Não nos
era permitida liberdade de expressão. Restava conquistar o mundo com o que
tínhamos na mão, ou seja, NADA.
Tínhamos textos em forma de desabafos,
mas nada que repercutisse fora de nosso meio, pois poderia ser até perigoso.Precisávamos
criar um canal para que toda nossa atitude fosse manifestada com estilo, mesmo
porque víamos o mundo de uma forma diferente e isso tinha que servir ao menos
para quebrar alguns tabus. Até então era mais fácil para eles embalar tudo e
entregar pronto, com as grandes corporações produzindo formas de cultura
massificada e preparada no forno de uma sociedade hipócrita e decadente. Hinos
ufanistas e MPB intelectual demais para ser aceita pelos garotos do subúrbio e
isso passou a ser um problema também para o lado do rock´n´roll.
Onde estava minha música feita para
dançar? Será que teria de partir para a disco music para poder chacoalhar o
esqueleto? O rock tinha se tornado grande demais e chato demais para “as
massas” e só quem era do meio sabia o que estava rolando, precisávamos tirar
esse cordão de isolamento entre pessoas que faziam música e as que assistiam,
ainda mais que estava todo mundo envolvidíssimo nas mesmas paradas.
Os discos gringos começaram a chegar e
percebemos que os selos centrais dos vinis estavam bem diferentes daqueles a
que estávamos acostumados, outros nomes de gravadoras muito mais criativos,
coloridos, com impressões imprecisas, figuras deformadas com frases e poses
ameaçadoras. Tudo o que a gente queria em forma de arte e atitude, pois alguém
em algum lugar estava com o mínimo fazendo o máximo, utilizando o que tinha na
mão, o que às vezes era bem pouco para tanta criatividade. O toque já havia
sido dado: Faça Você Mesmo! Só cabia a nós fazer a coisa acontecer e
transformar nossa cruel realidade em algo mais interessante.
A partir daí, surgiu uma leva de
garotos que empunhavam textos existencialistas, carregados de uma urbanidade
juvenil e como o princípio da coisa era musical, nada mais natural que alguém
surgisse com algum instrumento e começasse a tirar algumas notas, mesmo não
sabendo tocar porra nenhuma.
Os textos produzidos pela molecada
acabavam servindo para uma tentativa de se fazer encaixar nesses poucos acordes
que insistiam em sair de violões baratos, muitas vezes emprestados de algum
parente com alguma aptidão musical. Formavam-se rodas para essas audições,
geralmente em aulas cabuladas e regadas a vinho barato nas portas das escolas
do bairro e quem já sabia alguma coisa ensinava para o outro e aí uma vontade
enorme de se fazer uma banda tomou conta do pessoal.
Pelo menos duas bandas de punk rock
nacional eu vi nascer dessa maneira e como estávamos na vanguarda brasileira em
termos de discos de vinil, tanto dos malditos dos anos 60 e 70 quanto das mais
atuais bandas punks que acabavam de sair lá fora, nossa influência passou a ser
toda essa bagagem musical, voltada para uma sonoridade mais rude e de uma certa
forma existencialista.
As primeiras bandas que realmente
tinham toda essa vivência dentro desse tipo de rock’n’roll, seja no sentido
musical ou de comportamento, foram Restos de Nada e Condutores de Cadáver.
Começaram no final de 1977 a
ensaiar suas músicas não apenas por diversão ou para se tornar astros do rock,
mas sim, para, com estilo, ser a Nova Onda rebelde que varreria, como um
tsunami, toda a pose patética dos velhos rockstars, criando uma nova forma de
se fazer música, ou seja, com o mínimo fazer o máximo, ou como diria T.V.
Smith: “One Chord Wonder”.
Primeiras bandas
Acompanhando a Nova Onda musical que
surgia principalmente nos EUA e UK, a movimentação punk que havia tomado corpo em São Paulo e que se
estabelecia na periferia da cidade, já criava uma cena musical, composta
basicamente por AI-5, Restos de Nada e Condutores de Cadáver, que foram o
estopim do novo estilo por estas paragens.
Do centro da cidade veio a AI-5, que
era a banda do Sid (Valson) que trampava na Wop Bop e era antenado com as
novidades vindas de além-mar que chegavam à loja instalada na Galeria, que
ainda não era a do Rock. A banda AI-5 era o punk rock em seu estado musical,
estético e debochado, pois além de estarem na última moda européia em termos de
visual punk (inclusive o baixista era parecidíssimo com o Sid Vicious, dos Sex
Pistols, daí seu apelido), sua música estava inserida na nova proposta musical,
que era muito diferente das produções da época. Também tinham uma pegada
crítica quanto aos novos ídolos pop, como John Travolta e a roqueira Rita Lee.
Durou de 1978 a 1979 e participou,
junto com a banda Restos de Nada, do primeiro show de punk rock em São Paulo, num porão de
uma padaria abandonada, no Jardim Colorado, zona leste da capital, promovido
por Kid Vinil, um radialista da então rádio Excelsior, que acabou se tornando
um dos maiores divulgadores do estilo no Brasil. A música mais conhecida da banda
era uma que falava justamente desses novos ídolos que infestavam a mídia. Era o
tempo da disco music, com suas discotecas ditando a moda da época e também de
uma MPB que se tornava mais pop e descompromissada, ao invés do engajamento de
anos anteriores.
O nome AI-5 remetia ao famigerado Ato
Institucional nº. 5, criado pela ditadura militar e que consistia
principalmente de uma medida para calar os detratores do sistema vigente. Esse
nome era pesado demais para a situação do país e mesmo não sendo uma banda com
propostas políticas de qualquer espécie, só pelo fato de estarem usando esse
nome poderiam sofrer, a qualquer momento, alguma represália do governo militar.
Sua música mais conhecida passou a ser “John Travolta”, que apesar de não ter
um registro fonográfico decente, ficou como um hino cult do começo do punk no
Brasil.
Da Zona Norte da capital paulistana,
veio a Restos de Nada, que tinha entre seus integrantes Ariel, Douglas e
Clemente, alunos do EETAL (Escola Estadual Tarcisio Álvares Lobo), da V.
Carolina, Bairro do Limão. Criada durante a efervescência política da época
(1978), buscava no existencialismo uma razão de espantar seus fantasmas e
transformar seus medos em atitudes contra o “status quo” imposto pelo regime
militar que caçava impiedosamente seus inimigos.
O único membro que não era da escola,
mas que frequentemente estava na saída das aulas para encontrar o pessoal que
curtia rock, era o Charles, que tinha uma formação musical mais apurada dentro
da MPB engajada e que, empolgado com a nova sonoridade do punk rock, decidiu
participar dessa nova forma de se fazer rock'n’roll.
O Charles tocava violão e flauta e
junto dos amigos, Hamiltom, Mário, Rogério, Procópio, Marcos, Almir, Anita e
muitos outros “roqueiros” da região, fazia um som que mesmo não tendo uma
sonoridade punk, tinha tudo a ver com o Faça Você Mesmo que direcionou o
movimento para uma forma livre de se fazer música. O Douglas tinha uma certa
formação musical vinda de seu pai, que tocava acordeon e que o incentivava a
tocar um instrumento também, coisa rara nessa época.
O Clemente também já começava a
praticar um violão, aproveitando o parceiro que compartilhava desse mesmo gosto
e junto com o Charles e os “roqueiros alternativos da Carolina”, passam a
integrar um grupo que freqüentava a praça em frente à escola para juntos beber,
namorar, fazer um som e, naturalmente, cabular as aulas. Eu fui o único que
participava desse grupo que não tocava nenhum instrumento, talvez por uma
insistência autoritária paterna em que eu aprendesse a tocar violão, coisa de
adolescente rebelde.
Na verdade, a banda começou com um
outro vocalista chamado Eder (Babaca) que era punk da Carolina e também
estudava no EETAL, mas depois de alguns contratempos com sua falta de
musicalidade e insistência da minha parte em mostrar os textos que escrevia,
acabei entrando na banda no final de 1978.
A Restos de Nada durou de meados de
1978 ao final de 1980, pois já tínhamos mudado várias vezes de formação e a
cena mudando também para pior, com as gangues tornando-se cada dia mais
violentas e sem sentido. RDN deixou um grande legado em termos de composição
musical, com um diferencial existencialista e revolucionário nas letras e um
som mais elaborado musicalmente, sendo referência para as bandas punks que
vieram a seguir.
O único registro em vinil só veio a
acontecer em 1987, com um LP lançado pela Devil Discos e contando com a
formação original de 1978. Da formação original, restavam apenas o Douglas e
eu, pois o Clemente já havia abandonado a banda para formar outra, mais próxima
das gangues, chamada Condutores de Cadáver, junto com o Callegari e o Nelsinho
TecoTeco, da gangue da Carolina, e o Índio, que era da gangue Ostrogodos.
A Condutores de Cadáver nasceu de uma
outra tentativa de banda chamada N.A.I. (Nós Acorrentados no Inferno), que
durou apenas um show, no EETAL, junto com a primeira formação da Restos de
Nada, com o Eder no vocal. Os shows das duas bandas foram um completo desastre
e depois disso, resolvem trocar seus integrantes. Após esse som, no final de 1979, a Condutores, que era
limitada musicalmente, decidiu recrutar o Clemente que já tocava baixo
razoavelmente bem e assim deixou a Restos para integrar a banda do Callegari e
do Índio.
Muito diferente da proposta da Restos
de Nada, a Condutores preocupava-se mais em chocar a audiência com as
performances de seu vocalista e com as letras mais blasfemas do punk rock
nacional. No início, as bandas sempre se apresentavam juntas, pois nenhuma
tinha aparelhagem suficiente para fazer um show solo.
Acredito que o show mais importante que
o Condutores fez foi no Teatro Pulga, no Centro de São Paulo, onde a banda do
Kid Vinil, a Verminose, estava se apresentando. Com a chegada da gangue da
Carolina, com a formação completa da banda também presente, seria inevitável
que tentassem se apresentar e pela pressão exercida pelos punks ali presentes,
é óbvio que o Kid cederia seus instrumentos para a apresentação da Condutores
de Cadáver.
Outro som memorável foi na PUC em 1980,
com todas as gangues de São Paulo presentes. A banda não deixou nenhum registro
fonográfico na época, o que foi feito já nos anos 2000, com a gravação de um EP
em vinil pela própria banda.
Após o término da banda em 1981, outra
se formou e se mantém até hoje, mas essa já é uma outra história...
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